TG35SS - Volume 1: Invocação do Herói (Einherjar Desperta) - Capítulo 4: Invocação do Herói [parte 3]

 

                                                                           Parte 3

 

 Academia Anti-Magia, Portão principal.

 A primeira linha de defesa eram guardas formados por membros dos pelotões de testes e algumas tropas de Spriggans.

 Os rifles, vermelhos de tanto disparar, se inclinavam nas barricadas, abatendo demônios necrófagos.

 - Isto aqui é fichinha, nós sozinhos conseguimos dar conta se isso for tudo.

 - Não é? Eu não sei quanto ao Herói, mas isso aqui é mel na chupeta. Nível S ou que seja, armas antigas não são nada perto de nós, armados com armas modernas

 Os dois estudantes carregando os rifles, colegas de mesmo pelotão, haviam respondido positivamente ao chamado do diretor. Para eles, que corajosamente se ofereceram, demônios necrófagos não eram o suficiente. Os estudantes confiscavam artefatos mágicos como rotina diária sob o sistema de pelotões de teste. Ambos encaravam a escuridão armados com armas de fogo, sempre ameaçados por Heranças Mágicas.

 Ter como oponente uma bruxa e o nervosismo de uma missão urgente e arriscada, havia sido uma grande decepção anticlimática. Demônios necrófagos, quando comparados com um humano armado com rifles, têm uma diferença em nível de ameaça tão grande quanto o céu e a terra. Demônios necrófagos são quase como um vira-lata difícil de abater. Ainda que sejam difíceis de derrubar, algumas balas anti-magia da Inquisição eram o bastante para dar conta do serviço.

 Os Demônios Necrófagos que eram atingidos por essas balas viravam poeira e eram varridos pelo vento.

 Estudantes vendo os corpos virando pó sorriam relaxados.

 - Nesse ritmo o Herói não vai ser grande coisa também. É só outro produto de magia das bruxas, dificilmente um oponente para a gent-

 Antes de poder terminar a frase para o colega ao lado, na frente, perpendicular à investida dos demônios necrófagos, uma luz estonteante foi emitida.

 Outros estudantes, ao lado do grupo conversando, ouviram o som de algo evaporando com um *ssssssssssshhh.....*

 E, olhando para aquela direção, não havia mais nada lá.

 Sem barricada, sem tropas Spriggans, sem colegas dos pelotões.

 Tudo foi varrido do local e se transformado em uma pilha de entulho.

 - .......Ah?

Todos pararam de pensar, o garoto que estava falando a poucos instantes atrás havia desaparecido em um piscar de olhos. A visão estava vazia, tudo no caminho do raio de luz estava vazio.

 Apenas a mão direita do estudante que falava até então estava caída no chão, como um pedaço de manequim.

 Outros estudantes, em frente a um massacre absurdo, olharam para o céu, procurando alguma forma de escapar da realidade.

 Céu sem nuvens, tingido de laranja pelo sol poente, com uma ótima vista.

 Sentido o vento no rosto, eles perderam toda a coragem e ficaram inclinados a fugir.

 Mas é claro que não deu nada certo.

 Da cabeça aos pés, todos tremiam incontrolavelmente, sofrendo de um medo invencível. Estudantes não podiam evitar de olhar para aquele que tomou tudo deles em um segundo.

 No desnível de grama, perto dos portões da escola e no meio dos farelos dançantes de demônios necrófagos, uma sombra estava caminhando calmamente.

 Era uma figura temerosa, dourada e platinada. A forma era sinistra, maléfica.

 A pele, ou melhor dizendo, armadura, parecia incrustrada com ossos ou carapaças, sendo difícil de dizer com certeza.

 Mas isso era tudo.

 Ninguém esperava que o Herói chamado pela [Invocação de Herói] fosse tão simples como aquilo.

 Uma arma ultrapassada, invocada por magia antiga.

 Era assim que os estudantes imaginavam o Herói, como eles pensavam que seria.

 Mas a silhueta que caminhava até eles, ao contrário do que era fantasiado, era na verdade um pouco futurista.

 - ...Hyaaa!

 Aquilo se aproximava fazendo sons pesados.

 Em sua mão direita, ele moveu a enorme espada, ou melhor, uma enorme arma, a qual ele apontou para a multidão.

 **********

Ouka pegou uma moto dos Spriggans sem pedir e voltou para a Academia. Ela acabou ficando chocada com a devastação.

 A bela Academia Anti-Magia.

 O pátio interno do prédio escolar, totalmente equipado e com a fachada de um palácio europeu.

 Totalmente devastado, sem restar uma pedra em pé.

 O complexo escolar foi parcialmente destruído, o jardim se tornou terra arrasada, havia estudantes com ferimentos graves por toda parte e entre eles, alguns estavam mortos.

 Olhando por todo o lugar, todos levavam armas de fogo consigo, “Eles devem ter sido derrotados em batalha, mas...”

 - ... O que aconteceu...? Por que... Estudantes participaram do conflito?

 Ela se aproximou dos estudantes caídos e verificou se estavam respirando. Ela tentou contatar Sougetsu mas sem sucesso, Ouka mordeu o lábio.

 Por que os Dullahans não foram mandados? Por que os estudantes estavam participando da batalha? Em primeiro lugar, o que significava todo aquele estado?

 Ouka não tinha informações o suficiente para compreender a situação atual.

 Apenas... Uma coisa era certeza.

 Uma enorme sombra ao longe estava caminhando vagarosamente.

 Aquele era o responsável por toda aquela devastação, um produto de magia, a odiosa abominação trazida pela bruxa.

 O inimigo jurado de Ouka caminhava lentamente pelo pátio que havia se tornado uma visão do inferno, foi assim que ela viu o Herói pela primeira vez.

 Vendo a natureza do inimigo, sua fúria acumulada transbordava.

 Ela sabia que se tratava de um humano que se tornara uma lenda, foi invocado e é chamado de herói. Mas, assim como ela imaginava, não havia como reconhecer um humano em uma criatura monstruosa como aquela.

 Ouka não sentia nem um resquício de inteligência vindo do Herói, ele parecia como uma máquina que destruía tudo em sua frente.

 - Você... Pretende lutar contra aquilo...?

 Uma voz vinha das sombras, Ouka desviou o olhar para a direção da fonte.

 Escondido atrás de um dos pilares do corredor que conecta prédios da academia, estava um estudante, tremendo e sofrendo por causa de um ferimento no joelho. Havia vários outros semelhantes, trêmulos escondendo-se atrás de uma pedra ou qualquer lugar que possa ser um esconderijo.

 Ao ver o poder do inimigo, todos eles perderam a vontade de lutar, todos eles também se arrependiam de ser tão fracos de convicção.

 Ouka correu até um dos estudantes, sem ser vista pelo inimigo.

 - Diga-me qual é a situação. Por que os Dullahans não vieram? Por que há estudantes participando do combate?

 - Não lutem... Fujam.... Com um oponente desses... Até parece que poderíamos fazer algo...

 - Me responda!

 Ouka agarrou o estudante amedrontado pela gola do uniforme e puxou-o para perto.

 Respirando ofegante, ele dolorosamente disse para ela:

 - N-não faço ideia... Nós participamos porque ouvimos que viraríamos Dullahans se derrotássemos aquela coisa, é tudo que eu sei...

 - ... Vocês enlouqueceram?... O inimigo é um perigo nível S, produto de magia especializada, não? Quem é que prometeria uma insanidade dessas?...

 - ... Você não ouviu o discurso do diretor?

 Quando Ouka ouviu o que o estudante disse, ela começou a ranger os dentes.

 - ... Usando os estudantes como isca.

 - Nós não conseguimos nem mesmo arranhar aquela aberração! N-nós fugimos na hora, não tínhamos chance nenhuma de vencer.

 O estudante recebeu um tapa e caiu no chão, perto da parede. Ele se calou com lágrimas nos olhos. Ouka fez uma pergunta para ele, com uma voz ameaçadora.

 - Você viu qual a magia intrínseca da Herança Mágica que aquele Herói está usando?

 Magia intrínseca, uma magia oculta contida dentro de uma Herança Mágica. Todas as Heranças Mágicas têm poder mágico contido dentro delas, apesar de que normalmente restritos a apenas um efeito. Aquelas que conseguem realizar um procedimento mágico sem algum usuário ativar são, pelo menos, de risco nível A.

 - Eu não sei, desde o início nós não conseguimos nem encostar nele, tudo foi repelido por uma barreira.

 - ... Uma barreira mágica.

 Uma barreira mágica, para conseguir parar balas anti-magia da Inquisição, deve ser incrivelmente poderosa. Para poder armar tal barreira é necessária uma enorme quantidade de energia que não poderia ser gerado por uma bruxa moderna. Ouka percebeu na hora que o gerador deveria ser a Herança Mágica.

 No entanto, além dos estudantes, as forças exterminadas pelo herói em tão pouco tempo eram compostas por Spriggans também e a barreira, por mais poderosa que fosse, não seria uma ameaça ofensiva. Outro ponto é que a forma da Herança mágica era... Uma arma de fogo. Será que o corpo físico da arma era usado para os ataques e um procedimento mágico fornecia a barreira de proteção? Ouka imaginava que deveria ter algo a mais.

 - O inimigo é um Herói. Ele não deve ser capaz de usar múltiplas Heranças Mágicas. Alguma outra coisa notável que você viu antes? Se ele conseguiu derrubar tantas pessoas assim, tem que ter mais algo.

 A face do estudante agarrado se empalideceu em um instante.

 “Ele viu alguma coisa”, a intuição de Ouka sabia disso.

 - ... Nós não conseguimos derrotar, não importa o quanto tentássemos. Mesmo um bombardeio não afetou ele, eu estava tentando recuar e então...

 - ...........

 - E então do nada apareceu um círculo mágico debaixo do pé dele... e depois... em um instante... Todo mundo que estava lutando na vanguarda, todos os inquisidores... viraram... montes de carne.

 - Diga-me o que você viu nesse momento, pode ser uma pista de como podemos derrotar o Herói.

 O estudante cobria a cabeça com os braços e murmurava algo para o chão, com os olhos vermelhos e inchados.

 - Os cavaleiros... Onze deles... Dentro, enormes explosões de luz. Eu vi por um momento, quando a luz aumentou, eles me atacaram... Ele...!

 O estudante se interrompeu e chorou em agonia. O rosto de Ouka mostrava o terror que ela estava sentindo.

 - O Herói é Arthur Pendragon... E a Herança Mágica é Excalibur...

 Na mesma hora em que ela chegou até esta conclusão, ela começou a se perguntar: “Será que é mesmo possível? ”

 A Excalibur histórica é descrita na forma de uma espada. Mas aquela em posse do Herói não é uma espada, mas uma arma de fogo. Seu formato está próximo de um canhão eletromagnético, uma Railgun.

 - Railgun... Impossível.

 Não havia precedentes de poder mágico se acumular em armas tão modernas como uma Railgun. O número relativamente pequeno de Heranças Mágicas em forma de armas era limitado. Foram todas feitas e usadas na Grande Guerra, apenas aquelas. Apesar de existir tipos irregulares, é impossível para elas causar tanta destruição.

 E, acima de tudo...

 A Excalibur original deveria ter sido destruída pela Inquisição a mais de um século.

 Sequer deveria existir, não deveria de forma alguma estar lá.

 Mas, uma Herança Mágica com uma magia única de invocar onze cavaleiros, não havia mais nenhuma outra. Esse fato se somava à observação que Ouka acabava de formar.

 Durante o caso do <Salmos Sem-Traços>, os pedaços trocados eram fragmentos de uma herança mágica.

 Se tais pedaços fossem da arma Excalibur, ela não poderia rejeitar a possibilidade.

 No momento, a restauração de heranças mágicas não era viávell, sendo as chances próximas de zero, porém...

 Caso a <Valhalla> estivesse envolvida, as chances não eram mais tão nulas assim.

- ...............

Ouka, levemente assustada, cobria sua boca em espanto. Ela estreitou os olhos enquanto juntava coragem.

 Ele emprestou um cartucho e um pequeno rifle de assalto, deixados ao lado do estudante. Ela em seguida verificou a quantidade de munição e destravou a arma.

 “ Se aquela arma realmente for Excalibur, os arquivos oficiais estão errados?... As barreiras com certeza existem. Excalibur em si não é apenas a espada, ela deve ser uma única herança mágica junto com a sua bainha. Rei Arthur era considerado invencível graças à bainha, não à espada. Em outras palavras, a espada é para o ataque e a bainha é para a defesa. “

 Segurando a arma em mãos, Ouka se virou para frente.

 “ Bem, então primeiro a bainha... mas se eu não destruir o cinto que a carrega antes... “

 Ela não poderia deixar o monstro intacto do jeito que as coisas estavam. A escuridão dentro de si... Não poderia permitir que ele saísse ileso.

 Se levantando do interrogatório com o estudante, Ouka correu para perseguir o Herói.

 - Ei, você não vai fugir?

 - Eu vou manter ele ocupado, vocês tratem de cuidar dos feridos.

 Aqueles estudantes nunca poderiam esquecer a expressão facial de Ouka naquela hora. Mesmo com equipamento precário e uma teoria sem base, enfrentando um oponente monstruoso que poderia acabar com um batalhão, Ouka ainda assim estava inabalada.

 Pelo contrário, parecia que ela estava rindo na cara do perigo.

 

 Ela estava escondida nas sombras, esgueirando ao redor do Herói e verificando de longe a sua cintura.

 - Quem não arrisca não petisca, certo?

 Segurando uma arma, Ouka deixou suas emoções de lado como preparação para a batalha. Ela pressionou a arma contra a sua testa e fechou os olhos como se estivesse rezando.

 No momento em que o inimigo parou de andar, Ouka pulou das sombras com a arma em mãos.

 Alinhando a mira com seus olhos, ela atirou rajadas de três tiros.

 Assim como o estudante de antes disse, as balas foram paradas pela barreira invisível pouco antes de acertar o corpo do Herói.

Ouka focou os disparos seguintes em um único ponto da barreira, colocando um desgaste no mesmo ponto.

 O Herói havia se virado para confrontar sua atiradora. Seu corpo tinha mais de três metros e sua mão segurava a Excalibur quase apontada para Ouka.

 Uma aura assassina a perfurou.

 Ouka se jogou para o outro lado.

 O impacto do golpe fez uma enorme cratera no solo. Sem deixar espaço para reagir, um projétil de energia mágica passou de raspão por ela.

 - !!!

 Os nervos de Ouka congelaram, se continuasse ali, ela viraria só um monte de carne. Mas isso não era a única coisa assustadora sobre o Herói, a onda de choque de alguns instantes atrás não era magia pura, era característica intrínseca de Excalibur.

Os disparos tinham um impacto parecido com balas de canhão, essas balas não eram produtos de magia apesar da estrutura em si conter magia poderosa. Aquela era a Excalibur original, condizente com as lendas.

 O rei Arthur lançou magia espiritual ao cortar com a espada. Desde os tempos antigos era dito que ele era um guerreiro ímpar. Mesmo que os registros só descrevam a única vez em que o golpe foi usado, pouco antes de ser destruída, os bancos de dados apontam que a arma fora usada de maneira semelhante.

 E agora sua forma foi alterada para o de um canhão, permitindo o uso em uma distância perfeita.

 - Com um inimigo desses eu não posso prolongar muito a luta...!

 Ante um poder destrutivo tão imenso, ela deixou escapar uma faísca de medo.

 Essa fraquejada não foi ignorada pelo Herói.

 Nesse instante, ele viu uma oportunidade.

 No momento em que ela aterrissou depois de um salto, o Herói golpeou Excalibur na frente de si. Ouka havia se esquecido que a Herança Mágica não era apenas uma arma de fogo, ela tinha a forma de uma espada e podia ser usada como tal.

 Ouka pulou uma segunda vez, antes que a lâmina atingisse o chão, no entanto...

 “ Droga, o pulo foi muito baixo! Desse jeito...! “

 Impacto.

 Um golpe em cheio foi evitado por um triz. A porção de terra atingida foi pulverizada e vários fragmentos foram lançados aos céus junto de Ouka. Mas,

 - Haaaaaaaaaaa!!

 Bastante viva apesar de uma enorme pedra viajar em sua direção. Ela chutou o projétil e encolheu as pernas, usando-as como uma mola amortecedora. Seus reflexos e velocidade de julgamento eram extraordinários, os nervos motores funcionavam praticamente sozinhos. O inferno que Ouka viveu até então havia permitido que ela sobrevivesse à atual situação.

 Ouka atirou às cegas enquanto caia, ela não se importava tanto com a mira enquanto ela bombardeava o Herói com uma chuva de disparos.

 Claro que todos os ataques foram bloqueados pela barreira.

 Aterrissando no topo da barreira, ela recarregou rapidamente as armas e atirou a queima-roupa.

 Junto de um enorme som do impacto, todas as balas foram repelidas, não importava o quão concentrado fosse o fogo em um ponto, elas não surtiam efeito nenhum. Mesmo com o revestimento de Mithril, dando um efeito Anti-Magia, era impossível quebrar aquela parede sólida.

 - Guhh!!

 O Herói levantou a arma, tentando se livrar de Ouka, que continuava em cima da barreira. Contorcendo seu corpo no momento em que as balas se esgotam, ela saltou para trás, fazendo uma cambalhota.

 Ela procurava criar alguma distância do Herói, mas ele agarrou a perna de Ouka com sua manopla áspera, impedindo-a de escapar.

 - Gyah...!

 Sua perna, segurada por um punho tão grande quanto sua cabeça, entortou irregularmente, como se fosse uma folha seca.

 Ouka quase berrava de dor, a mão que a prendia foi coberta de balas disparadas de sua arma favorita.

 Por um instante, ela acreditou que as balas haviam atingido o alvo, mas enganou-se.

 A barreira havia mudado de formato com o contato com inimigo: ela cobria o corpo todo com uma fina camada. Refletindo todas as balas completamente, ele estava intacto.

 Não havia mais oportunidades para a fuga. Segurando sua perna quebrada, o Herói a atirou para uma das paredes da Academia.

 Com o impacto de ser jogada contra uma parede, Ouka cuspiu sangue.

 - ...Não posso... Morrer ainda...

 Uma voz soou do fundo de sua garganta de um modo que parecia que a fala havia sido espremida para fora.

 O que a motivava era o vislumbre da bruxa que tomou tudo de importante para ela.

 Uma gargalhada alta saindo da boca em formato de uma lua crescente, como uma psicopata.

 Ouka não havia se esquecido daquele medo absoluto.

 Mantendo aquela imagem em mente, ela encarou o Herói que se aproximava.

 - ...Esse tanto... De medo...

 O corpo acabado de Ouka doía inteiro, ela conseguiu se levantar com dificuldade.

 - Receber a morte pelas mãos de um inimigo desse calibre.. É inaceitável!!

 Respirando e aspirando com dificuldades, ela pôs uma mão sob o joelho e olhou para si mesmo. Seu uniforme estava em trapos e suas roupas íntimas, claramente visíveis.

 Sem nem mesmo tentar esconder sua aparência, Ouka se levantava mesmo com a perna quebrada.

 Ela exalou um ar que cheirava a sangue e lentamente estendeu ambos os braços, voltando as palmas para os dois lados opostos de seu corpo.

 Ela assumia uma postura de uma quase cruz e sussurrou para si:

 - Se possível, eu gostaria de não precisar usar isso.

 Ouka fechou os olhos, juntou a coragem necessária e falou lentamente palavras para alguém que não estava ali.

 - Carregando um desejo ilimitado... (Summis desiderantes affectibus) “Kagirinaki negai wo motte”

 Junto às palavras recitadas, o mundo perdeu todos os sons.

 A pressão do ar ao redor caia rapidamente, oxigênio da área se esgotava.

 Uma faísca surge no ar, zumbidos cobrem o mundo.

 Naquele espaço que parecia o prelúdio para o inferno, Ouka abriu os olhos...

 E completou:

 - ... Que desça o martelo para punir as bruxas! (...Malleus Maleficarum!) “...Majo ni ataeru tettsui wo!”

 Neste momento, debaixo dos pés de Ouka, em que deveria estar apenas o chão sólido, apareceu um círculo mágico.

 O ar gritava como um coro cantando um réquiem. A partir do círculo mágico, algo preto parecido com um caixão surgia.

 Antes que as mãos de Ouka se estendessem, o caixão parou no meio do ar.

Pouco depois de apertar as pálpebras dos olhos, a tampa do caixão rachou, se despedaçou e de seu interior, pistolas duplas de mão apareceram.

 O cano media 15 polegadas (38,1cm), suas características faziam parecer mais com uma pistola automática do que com um revólver.

 Dificilmente utilizável por humanos normais e muito menos por crianças e mulheres, um equipamento desses tinha aplicação ainda imprópria.

 Era grande demais para ser chamado de pistola, uma arma como aquela não existiu em nenhum momento do passado. Era uma arma ímpar e original.

 No exterior, havia um brasão de escudo personalizado com um dragão sem asas.

 No lado, as palavras “ Malleus Maleficarum IV – Vlad III” estavam entalhadas.

 Ouka agarrou essas duas armas no ar e as cruzou na frente de seu peito, formando um “X”

 - Originalmente, eu não planejava usar você, mas... É uma emergência. Me empreste seu poder, Vlad.

 Ouka falava como se fosse para si mesma.

 Então,

 - ...Desde o início, aquele que vos fala responderia ao vosso chamado.

 Subitamente, uma voz soou dentro da cabeça de Ouka.

 Uma voz pesada e grossa de um homem. Mesmo não havendo mais nenhum humano ao redor dela

 Ainda assim, o fato de que a voz havia sido emitida das armas de mão que ela havia invocado era óbvio.

 Devorador de Relíquias, [Vlad]

 Uma das armas anti-magia que apenas os inquisidores dos <Dullahans> tinham permissão para usar.

 Era o Devorador de Relíquias pessoal de Ootori Ouka.

 - Pois tu és minha contratante temporária.

 Vlad falava com um tom tolerante, sem qualquer inflexibilidade apesar do tom quase grosseiro de Ouka. As armas tinham uma personalidade, como outras Heranças Mágicas descobertas. Algumas conseguiam interpretar a fala humana e outras, como todas do tipo Devoradores de Relíquias, tinham personalidades residindo nelas.

 Irritada com a atitude convencida e calma de Vlad, Ouka fez uma careta.

 - Você fica calado e me escute.

 -  Temporário é temporário. Não tenho intenção alguma de responder a todos os vossos pedidos feitos, já que ainda não fui aceito por ti ainda.

 - Quieto, quem iria querer aceitar um maldito produto de magia?

 Ouka rejeitou Vlad e apontou as armas para o Herói.

 Ter que usar Vlad era humilhante para Ouka. Para ela, usar um poder mágico para vencer outro ser mágico era sinônimo de admitir derrota para ambos, a magia no geral.

 Ainda assim, Ouka queria derrotar aquele inimigo odiável.

 Mesmo se ela ideologicamente perdesse, mesmo se ela admitir a derrota metaforicamente, contanto que ela derrubasse o inimigo, estaria tudo bem por ela.

 Carregando esse pensamento, Ouka agarrou Vlad.

 O inimigo fixou a mira em Ouka.

 - Cure minha perna, Vlad!

 - Entendido.

 O projétil mágico foi atirado, a perna esmagada estava sendo rebobinada para o estado original como se fosse um vídeo ao contrário. No momento seguinte, Ouka pulou para o lado.

 Ela havia desviado da bala com sucesso. Na verdade, diferente de sua movimentação até então, Ouka estava sobrehumanamente veloz e sua força de pulo a arremessava para o céu.

 - Aprimoramento corpóreo é mínimo. Se desejas mais que isto, aceite-me.

 - Eu me recuso!

 - Que mulher teimosa... Mas não que isto seja ruim.

 - Não fale essas coisas estranhas!

 Ela aterrissou de vários metros de altura sem receber nenhum choque, ganhando distância do Herói.

 - Nosso oponente é um Herói... Rei Arthur e Excalibur. Parece um pouco insuficiente para ser considerado nosso adversário.

 - Já te disse para ficar quieto. Ande logo e destrave o gatilho.

 - Gatilho? O primeiro deles? Ou seria o Segundo?

 - É óbvio que é o primeiro.

 - Não vai usar a transformação de <Caçadora de Bruxas> mesmo lutando contra um Herói?

 - Isso significaria ter que te aceitar. Eu me nego.

 - Quanta teimosia. Entendido, *Click*. Gatilho destravado. Memorizaste a técnica da barreira inimiga?

 - É claro que sim, quem você pensa que eu sou?

 - Muito bem. Que a caça às bruxas comece! – Declarou a voz intimidadora na cabeça de Ouka.

 Na mesmo hora, Ouka correu em direção ao inimigo, o Herói.

 O Herói também exibia movimentação. Ele mais uma vez levantou o cano de Excalibur e tentou atirar o projétil mágico.

 - Aquilo não é nada mais que uma massa de energia mágica, desviai.

 - Nem precisa falar!

 Ouka saltou alto, a bala mágica passou debaixo de seus pés. Ela dançava muito, muito alto nos céus enquanto ela procurava fixar sua mira no Herói.

 Ela esticou os braços e apertou o gatilho com toda a sua força.

 - Perfure!

 No momento em que o estouro do tiro foi ouvido, um grito quase humano ressoou.

 Um coice de disparo bastante forte jogou o corpo de Ouka ainda mais alto, desafiando as leis da gravidade.

 O projétil atirado foi uma estaca de luz. Esta era toda a técnica do ataque.

 A partir daquele feitiço, uma estaca feita de energia mágica, afiada como uma agulha, zunia em direção do Herói.

 Mas a defesa absoluta do Rei Arthur seria...

 *Crash* *Gatchunk!*

 Soava primeiro, o som de um vidro quebrado. Era o instante em que a estaca atirada acertava a barreira. Com o contato, uma parte da parede invisível se estilhaçou como vidro. Um buraco foi feito nela.

 E então, a ponta da estaca penetrou diretamente no ombro da armadura do Rei Arthur.

 O corpo enorme cambaleou.

 Em todo Devorador de Relíquias existe uma magia intrínseca com uma habilidade especial e única que não gasta energia.

 A habilidade do [ Vlad ] de Ouka era perfurar toda e qualquer magia compreendida pelo usuário das pistolas gêmeas.

 O que é necessário para isso é ter todo o processo da magia alvo dentro da cabeça do contratador.

 Significava que mesmo se o produtor da magia alvo não estiver presente, mesmo se o usuário não possuir nenhuma energia mágica disponível, as instruções do processo mágico alvo memorizadas poderiam alimentar e ser automaticamente convertidas pela habilidade de [ Vlad ], permitindo que ele penetre qualquer magia estudada previamente.

 A estaca de [ Vlad ] era como uma borracha que apaga os rabiscos de uma parede.

 A quantidade de magias conhecidas pela humanidade era contada nas dezenas de milhares. Pessoas normais não conseguem sequer entender os procedimentos, muito menos memorizar e possuir a incrível inteligência para lembrar das imagens necessárias.

 A cabeça de Ouka era capaz de tudo isso.

 “Para derrotar o inimigo, primeiro você deve conhecê-lo.”. Na memória dela havia milhares de processos mágicos que poderiam ser usados em magias.

 Ouka não disparou apenas uma vez.

 Levantando as mãos mais uma vez, [ Vlad ] era usado por ela para disparos constantes. Estacas restringiam todo o corpo do Rei Arthur. Todos eles eram acertos em cheio.

 Cessando a chuva de tiros, Ouka aterrissou. Seu pouso fora magnífico, mas seu rosto estava distorcido em agonia.

 - Estás machucada pelos coices pois não paravas de atirar. Tu estavas apertando o gatilho sem ao menos corrigir mira, mesmo após quebrar os ossos de teu braço. Que mulher assustadora.

 - Tá, tá certo... Ande logo... Conserte isto...!

 Contorcendo de dor, Ouka verificou o dano no inimigo. O Herói, Rei Arthur estava... vivo e bem.

  - O dano causado ao inimigo foi pequeno. Não há energia o bastante e, portanto, a qualidade da estaca não foi o suficiente. Talvez sejas capaz de eliminar esse monstro de batalha caso forme um contrato comigo?

 - ... Quantas vezes eu tenho que te dizer?

 - Neste ritmo tu serás derrotada por ele, a barreira ainda persiste. A bainha da Excalibur repara instantaneamente as porções danificadas da barreira. A não ser que tu destruas a bainha, não chegaremos a lugar algum.

 Era como Vlad havia dito, mesmo que ela atravessasse a barreira, o dano reduzido pelo impacto era muito e fazia as estacas que passavam fracas. Com o andar das coisas, apenas a derrota a aguardava, não importa o que fizesse.

 - Vamos usar a magia intrínseca e conseguir uma abertura.

 Ouka, como se estivesse se agarrando ao último fio de esperança, disse enquanto estalava a língua.

 - Oh? Finalmente irás me aceitar?

 - Errado, não vou te aceitar. Estou te dizendo para pegar mais.

 - Hmm, ao invés de formar um contrato, pretendes sacrificar mais de teu sangue. Muito bem... Eu aceito vossa oferta.

 Pouco depois de Vlad concordar, calafrios percorreram o corpo de Ouka.

 - .....Uuu...Guhhh.......!

 - Sua visão se borrou e suas pernas vacilaram.

 Naquele momento, um terço do sangue de Ouka fora dado a [ Vlad ]. Considerando a situação, a quantidade de sangue no corpo dela sustentaria apenas um minuto de batalha. Ouka respirava dolorosamente.

 - Estava delicioso, em troca, faça como quiseres.

 Ouvindo a voz falar, Ouka levantou o rosto.

 E, depois de apertar o cabo das armas que antes tremiam, ela afastou os pés e abaixou os quadris. Ela assumiu uma postura especial.

 Uma arma apontada para os céus e a outra apontada para o chão. Em seguida...

 - < Tepes Rain > ! ( entreterimento do príncipe empalador)

 (Nota de tradutor: Vlad Tepes é Vlad, o empalador na língua do país das lendas do vampiro Vlad)


 Ela apertou os gatilhos enquanto dizia o nome da magia.

 Diferente do que seria normalmente, nada saia dos canos das armas, ao invés disso, enormes círculos mágicos apareceram no chão e acima da cabeça de Ouka.

 Após perceber a ativação da magia intrínseca de [ Vlad ], o Herói passou a ficar vigilante.

 Ele assumiu uma postura defensiva, reparado para interceptar qualquer ataque com a sua espada-canhão.

 Mas para esse caso, tal defesa era inútil.

 Pois o ataque... Veio dos céus.

 Depois de aparecer magicamente no ar, uma tempestade de estacas choveu sobre o Herói, ferindo-o.

 Elas caiam e quebravam a barreira, como meteoritos. O Herói tentava desviá-las e tentava se desviar em vão, ele havia ficado exausto ao tentar resistir ao enorme número de estacas caindo do céu.

Ainda assim, ele não desistiu, senão ele não seria um herói. Ele continuava a bloquear e começava a conseguir desviar da chuva de projéteis ao se esquivar por entre as brechas. O Rei Arthur então tentou desfazer a magia intrínseca < Tepes Rain >.

 Mas a magia de [ Vlad ] era mais que aquilo. Primeiro vindo do céu, e depois, vindo do chão.

 Quebrando o asfalto debaixo de seus pés, o Herói viu as grossas estacas voar vigorosamente do chão.

 A sustentação para seus pés se quebra e o Rei Artur cambaleou. Mais estacas afiadas penetram na armadura. Pouco, mas com certeza causaram algum dano.

 Longe de ser fatal, mesmo quando sangue havia sido literalmente sacrificado.

 A magia intrínseca não considerou a parede inteira.

 Para usar a magia intrínseca sem possuir um contrato com o Devorador de relíquias em questão, centenas de vidas deveriam ser sacrificadas.

 Ouka ainda não aceitara o contrato com [ Vlad ], sendo assim, ela não foi capaz de trazer seu completo potencial à tona.

 Mas era o suficiente para Ouka no momento.

 No meio tempo em que ele estava distraído pela magia intrínseca, Ouka diminuiu a distância entre ela e o Herói em um metro.

 - ...Nessa distância, esse poder deve dar! Vai perfurar sem ser enfraquecida!

 Armas em ambas as mãos eram preparadas e atiraram um par de estacas anti-magia. Os projéteis penetraram na barreira e perfuraram a bainha de Excalibur.

 A bainha foi arremessada para longe da cintura do Rei Arthur enquanto a mesma rodava pelo ar. Não havia dano na bainha em si, mas havia um processo anti-magia infundido nas estacas. A bainha cortando os ares perdia o brilho gradualmente e caiu no chão.

 A barreira... Desaparecera.

 “ Agora sim! Desse jeito, com mais uma saraivada de estacas eu posso vencê-lo! “

 Seu coração estava cheio de confiança.

 Ela fixou a mira no corpo do Herói e colocou força nos dedos do gatilho.

 A uma distância como aquela, não havia como errar. Seu corpo estava pronto, não havia como perder agora. Era o golpe decisivo.

 Ouka tinha fé na própria vitória.

 Contudo...

 - Perdoe-me. Pela ordem do rei, a caça às bruxas foi suspensa.

 No final dessas palavras ditas na cabeça de Ouka, a magia que ela acumulava se dissipava. O Poder de [ Vlad ] em suas mãos havia desaparecido.

 Ela não conseguia captar o teor da situação.

 Por quê?

 Aquela única pergunta não apareceu em sua mente. Apenas...

 Que a vitória na palma de suas mãos havia desaparecida. Ouka estava em choque.

 A chance momentânea havia desaparecido. Ouka foi perfurada por uma aura assassina no instante seguinte.

 Incapaz de desviar, ela for arremessada pelo chute do Herói.

 Ela caiu no chão sem soltar um gemido ou grito de dor. Ela havia finalmente parado depois de ser jogada violentamente.

 Sentindo a dor percorrendo seu corpo inteiro, ela usou a consciência restante para compreender que havia perdido.

 “ ....Aquele homem... “

 Respirando com dificuldade, ela tinha um palpite do por que o poder de [ Vlad ] havia sumido, mesmo com pouco raciocínio, a resposta era óbvia.

 Ouka havia sido dispensada da Inquisição e de todas as responsabilidades de Dullahan. Mas isso significava que ela estava proibida de usar Devoradores de relíquias. Ainda assim, com o alarme de emergência soando, as restrições ao uso de todos os Devoradores de relíquias haviam sido retiradas e [ Vlad ] estava disponível para o uso.

 Mas no último momento, ela havia tido o direito negado pelo diretor, Ootori Sougetsu. “Por que agora... Durante Uma emergência dessas...? ”. Sougetsu abandonara Ouka. Por que ele faria uma coisa dessas? O que ele estaria tentando conseguir com isso? Ouka sabia que era inútil tentar descobrir. Uma pessoa normal não conseguiria entender suas intenções.

 - .............

 Não havia mais nada que pudesse ser feito. Seu corpo não conseguia mais se mover, ela tinha alguns ossos quebrados.

 Ela só podia ficar inerte e doía até mesmo para respirar.

 O Herói ficou ao lado de Ouka e mirou sua arma para a testa dela.

 A luz se condensava e a bala mágica de Excalibur estaria prestes a ser atirada a qualquer segundo.

 “ Aaah.... Acabou para mim “

 Com inimigo a pouco de entregar o golpe de misericórdia, Ouka se enchia de arrependimentos. Ela olhou para o céu avermelhado.

 “ No final das contas, eu vou desaparecer sem fazer nada “

 Mesmo depois de sacrificar tudo por sua vingança, ela morreria sem completá-la. “ Isso é patético, vergonhoso “ pensou ela. Mas em parte, havia algum fragmento de alívio em seu coração.

 Com isso, ela seria libertada. Enquanto ela extasiava sua mente, Ouka percebeu algo.

 “ ... Mas que pecado enorme, esse meu “

 Mesmo que ela tivesse consciência do fato, se ela pudesse ir em paz daquela forma, estaria tudo bem.

 Até o momento, ela se forçava a fazer coisas impossíveis. Mesmo não sendo tão forte assim, esse mau hábito se tornara uma obsessão, depois disso, um orgulho venenoso. Ela viveu e resistiu para um único propósito.

 Esse fardo tão pesado, que estava se expandindo cada vez mais em seu peito, estava agora, sendo removido das costas de Ouka. Era por isso que ela não conseguia mais se levantar.

 Depois que ela chegasse ao além, ela se desculparia com toda sua família.

 “ Será que... Eles me perdoariam...? “

 Ouka havia trabalhado duro, ela se perguntava se seria elogiada.

 Ela derramava lágrimas esperando por isso, Ouka se sentia mesmo patética.

 Era o fim para tudo de Ouka. Ela relaxou as costas e fechou os olhos.

 A cortina do mundo descia e a escuridão aparecia.

 Mas os sinos que anunciariam o fim não chegariam. Ao invés disso...

 - Eu é que não vou deixar acabar assim!!!

 Ela ouvia uma voz vindo de algum lugar. Ouka abriu uma pequena fresta entras as suas pálpebras.

 - Técnica Kusanagi, Dois-Gumes:

 Refletida naqueles dois olhos que desistiram de tudo, entre entulho despedaçado, estava uma silhueta valente.

 A figura se sobrepunha à lua do crepúsculo, voando no ar.

 - Aquele idiota.... – Murmurou Ouka.

 Dizendo para si mesma em uma voz lacrimosa, ela pensou “ Por que ele veio? “

 - ... < Ladeira do Louva-a-deus >!!

 Um rugido.

 O ombro direito do Herói que estava para atirar com a Excalibur fora poderosamente cortado pelo homem caindo do quinto andar do prédio da escola enquanto gritava devidamente o nome da técnica.

Ele aplicou uma cambalhota frontal no meio do ar, logo depois de saltar e executou o ataque enquanto girava como uma roda.

 Ele cortou com uma lâmina afiada. Seu próprio peso adicionado ao peso da enorme Zanbatou, multiplicado pela rotação do giro e a queda livre amplificavam a força centrífuga do golpe.

 (Nota de tradutor: Zanbatou é uma espada enorme, feita para cortar o cavaleiro e o cavalo com um golpe só.)

 Como o esperado, o Herói cambaleou depois de receber tal golpe e caiu de costas.

 Ouka observou a absurdidade e imprudência por cima das costas dele, estando levemente consciente.

 Eram costas largas, por isso ela sentia como se pudesse deixar tudo com ele, as costas confiáveis que carregariam tudo.

 E o idiota em questão estava segurando uma espada para proteger Ouka e se levantou contra o Herói.

 - Ouka, você está bem?

 Sem olhar para trás, com o olhar fixo, Takeru perguntou.

 - .......Por quê?

 “ Por que você voltou “ Perguntava Ouka.

 - Não é lógico? Para te salvar da morte. Se você morrer, não vou poder fazer você engolir suas palavras de insulto à esgrima depois que eu fatiar esse cara.

 Com as costas viradas para ela, Takeru declarou aquilo com força nas palavras. O rosto de Ouka se distorceu dolorosamente.

 - Corra... É impossível para você.

 - Não dá pra saber sem antes tentar.

 - Por acaso você é retardado? ...Uma coisa dessas... Uma espada, o que ela pode fazer contra ele?

 - Dê uma boa olhada.

 - .............Uhm?

 Protestando contra o ceticismo de Ouka, Takeru ordenou enquanto um sorriso arqueava em seu rosto.

 - Me prometa que se eu derrotar essa coisa, você vai me deixar ajudar com a sua vingança.

 Ele armou sua katana horizontalmente, cheio de confiança.

 E então,

 Então, de pé em frente de seu inimigo jurado e encarando-o como um demônio.

 - E aí... Parece que a minha companheira de pelotão ficou sob seus cuidados.

 - .........................

 - Já faz um bom tempo desde que eu me sinto desse jeito. Parece que faz tanto tempo que eu acabei me esquecendo de como é, mas continua sendo uma sensação asquerosa.

 Ele lentamente levantou a espada colocada horizontalmente para seguir sua linha de visão.

 Takeru segurou a espada com uma forma mais elaborada, condensando sua força até o limite máximo.

 - Obrigado, senhor Herói, por me fazer lembrar dos meus velhos instintos...

 A fúria de Takeru se acumulou e com uma última fala,

 - Deixar um dos meus companheiros naquele estado... Dessa você não se safa...!

 - Escola Kusanagi, Iniciante no estilo Dois-Gumes, Kusanagi Takeru. Preparado e pronto para a batalha!

 Uma explosão.

 - Sem espaço para objeções, irei te eliminar!

 Então, a cólera que dormia dentro de Kusanagi Takeru por muito tempo era liberada.

 Ouvindo seu rugido, Ouka foi lembrada do sentimento desconfortante que ela teve a dois anos atrás.

 “ Aah.. Entendi... Agora em me lembro... “

 Ela se lembrou de uma ocasião do passado.

 Ensino fundamental, oitavo ano, primeira aula.

 Um mata-mata entre colegas de classes.

 O último duelo mano-a-mano.

 Um idiota estranhamente confiante nas habilidades com a espada.

 “ ... Ele é aquele.... “

 Aquela pequena amostra de antes, aquele golpe e aquela fúria.

 < Ladeira do Louva-a-deus > é uma técnica executada ao pular em rotação de um lugar alto, criando um poder destrutivo como o de um canhão com a força centrífuga e o peso corporal. A morte aguarda aqueles que não conseguem se defender de um ataque como esse. Um golpe direto causa um dano massivo.

 O oponente é um Herói. Ele está coberto por uma armadura metálica, incerto dizer se é de ouro ou aço. Obviamente, há apenas uma minúscula rachadura no seu ombro.

 Forte, muito forte.

 Mas Takeru ainda estava positivo.

 Não importava o quão pequeno era o arranhão. Se pode ser arranhado, pode ser cortado.

 Reorganizando sua postura, o Herói segurou a arma novamente.

 Meio caminho da posição, ele atirou. Tijolos ao redor de seus pés foram jogados depois do impacto *Badoom* Um som carregado de magia sendo liberado ressoou.

 Takeru se esquivou imediatamente ao mergulhar para o lado. Seu comportamento é bastante simples de entender se olhar com atenção. Ele nem precisou usar < Soumatou >.

 No entanto, a velocidade do projétil era estranha. Era igual ou mesmo maior do que um canhão eletromagnético real. Mesmo depois de esquivado com sucesso, ele ainda estava inconscientemente assustado pela onda de choque deixada.

 - Nesse caso...!!

 Afundando o corpo em uma postura baixa, Takeru carregava a espada com sua mão direita. Ele arrancou em direção ao Herói usando a < Corrida de Batalha >. Ele levantou seu braço direito, levantando a katana o mais alto possível enquanto ele pulava, fazendo descer o golpe com todo o seu peso corporal.

 *Tschin!*

 No exato local do primeiro corte com a < Ladeira do Louva-a-deus >, Takeru atacou precisamente na rachadura de antes.

 *crack crack crack *

 A rachadura de expandia ruidosamente.

 - Isso!

 O otimismo só crescia. O herói vacilou para trás mais uma vez.

 Takeru usou a chance que a queda do inimigo criara para criar alguma distância entre eles.

 Ele chamou Ikaruga pelo comunicador.

 - Suginami, você sabe algo sobre o meu oponente?

 - Eu olhei as filmagens das câmeras de vigilância que sobraram, mas apesar de tudo, é bem interessante. A julgar pela performance mágica é a Herança mágica <Excalibur>, mas a estrutura física da arma é, sem dúvida, uma Railgun, um canhão magnético. Deve ter sido modificada para poder ser usada como uma espada também. Mas é majoritariamente a mesma estrutura moderna que a empresa Alchemist usa. Significa que é um canhão eletromagnético com as habilidades de Excalibur. É fascinante e com certeza vale a pena pesquis-

 - Essa informação não me ajuda em nada! Eu preciso de pontos fracos ou padrões de movimento!

 - O intervalos entre os disparos deve ser grande, igual dos protótipos dos outros canhões. Leva alguns segundos para ser esfriado pelo radiador interno antes que dispare de novo. O condutor elétrico provavelmente está gerando o campo magnético ao fazer passar partículas mágicas ao invés de eletricidade. Um procedimento mágico pode ser aplicado contanto qu-

 - Então eu só preciso chegar perto, assim eu não vou ser atingido se eu estiver bem debaixo dele.

 - Tome cuidado, continua sendo a Excalibur original mesmo em combate a curta distância! Ela ainda pode usar a habilidade.

 - Se o assunto é combate corpo-a-corpo... Eu não vou perder!

 Declarando sua confiança, ele ativou <Soumatou>

 Sem sequer pensar no impacto em seu corpo, ele se jogou para frente em um único passo.

 Mesmo Takeru possuindo reflexos muito mais rápidos que o inimigo, o Herói trocou a postura de tiro pela postura de combate a curta distância e executou um corte de baixo para cima.

 Nada menos do Rei Arthur, o renomado cavaleiro. O corte era afiado e bem feito.

 Habilidades a parte, o inimigo era muito mais alto que Takeru.

 Ele previu o ataque por baixo e fixando a katana na sua frente, ele acelerou em direção ao Herói.

 Um som agudo e alto de espadas se chocando ressoou.

 Em um confronto direto, a Zanbatou feita de Adamantium não aguentaria. Além disso, o corpo de Takeru seria arremessado para longe com o impacto.

 Por isso, ele desviou a espada do Herói sem desperdiçar um único movimento sequer. Takeru arrumou sua lâmina para receber o ataque inimigo e a energia fluiu através dele.

 O impacto do golpe e o poder mágico acumulado foram liberados por atrás das costas de Takeru, quando a espada lendária foi desviada e o golpe a prendeu no chão.

 Dentro do vento selvagem, depois de ficar diretamente abaixo do Herói, Takeru retribuiu o ataque com sua espada.

 Usando as pernas para se jogar no ar, ele caiu enterrou a lâmina no membro esquerdo.

 Um golpe que utilizava o poder do corpo inteiro. Apesar de não levantar grande altura, o impacto foi o suficiente para erguer a armadura do Herói.

 - Ooooooooooooh!!!!

 Com um rugido que crescia em sua garganta, Takeru avançou em cima do herói que cambaleava.

 *Blam*, Com um baque surdo, o Herói caiu de costas.

 Takeru não perdeu a oportunidade e recuou vigorosamente com aquela queda.

 - Usagi! Agora!

 Naquele momento, algo piscava no telhado de outro prédio da Academia.

 Três ruídos de tiros soaram e poucos segundos depois, algo passou zunindo na frente de Takeru quando ele pulou para trás.

 O som violento do impacto direto na armadura retumbou ainda mais intensamente do que o barulho do disparo. O Herói caído afundou ainda mais depois da queda.

 Três tiros consecutivos, disparos a longa distância e todos os três projéteis penetraram a rachadura.

 Do décimo segundo andar do prédio escolar, observando a batalha entre Takeru e o Herói.

 Assumindo uma postura de tiro de bruços, Saionji Usagi estava segurando o rifle anti-material, fazendo uma careta estranha após de sofrer com o coice do disparo.

 Impaciência e ansiedade estavam estampados no rosto dela e no último instante, o mau hábito de Usagi ressurgia.

 Dois tiros em sequência acertaram depois do primeiro, ela estava nervosa: e se um deles houvesse atingido Takeru?

 E se o próximo tiro não acertar o alvo e Takeru fosse pego pelo inimigo por causa de sua falha?

 Naquele exato momento, Usagi abrigava uma quantidade imensa de inquietação e ansiedade.

 - Usagi, consegue continuar usando?

 No momento em que Ikaruga se manifestou, Usagi estalou a língua.

 - Qual é a dessa arma...? Achei que meu braço seria arrancado fora pelo coice.

 - As balas são um pouco especiais. Eu tentei usar Oricalco raro, mas era pesado demais e não voava muito. Então eu usei explosivos de alta qualidade para dar um bom impulso, dando também um coice poderoso.

 (Nota de tradutor: Oricalco é um minério lendário, supostamente usado pelos cidadãos de Atlântida)

 - Que surpresa, outra modificação ilegal e absurda.

 Com uma das veias da testa pulsando de raiva, Usagi respondeu sarcasticamente pelo comunicador.

 - Não é como se eu tivesse feito por puro capricho meu. Se o tiro não for tão poderoso quanto esse, sequer vai arranhar aquela coisa. Veja bem, o impacto é melhor do que eu esperava, graças ao Oricalco.

 - Dito isso, Usagi olhou através da mira telescópica do rifle pesado. Ela viu o inimigo afundar no asfalto e no local onde deveria estar a rachadura na armadura, havia uma cratera aberta.

 Poder de fogo absurdo.

 Mas, lidar com um rifle tão poderoso aterrorizava Usagi.

 Se ela atingir algum aliado com aquilo, não seria questão de um ferimento no braço ou perna, seria uma amputação completa.

 Imaginando aquela cena, as mãos de Usagi começaram a tremer furiosamente.

 - .......

 - ...Com medo?

 - Até parec-

 Ela tentou negar, mas se impediu. Não havia nada o que se fazer, coisas assustadoras são medo, simples assim.

 O inimigo não era amedrontador. O mais temível para Usagi era errar e atirar em um aliado.

 Durante o caso do <Salmos Sem-Traços>, ela tentou ajudar em algo quando Takeru estava em apuros e acabou abrindo fogo amigo na pressa.

 Não era algo que Usagi estivesse fazendo de propósito. Ela não estava para brincadeiras, mesmo que dizer isso não justificasse seus erros. Se ela falhar naquela ocasião, ela não terá nem mais com quem se desculpar.

 Era diferente da última vez, aquilo era munição letal e poderosíssima. Errar não era mais motivo de piada.

 Usagi pensou em como o que Ouka havia dito antes estava correto. Não se pode confiar em uma atiradora que poderia atirar em seus aliados. Nem mesmo ela confiava em si, por que seus companheiros iriam?

 A tremedeira aumentava, o rifle estava fazendo ruídos conforme a tremedeira.

 - Eu sei que deve ser assustador. Se eu estivesse no seu lugar, eu com certeza me recusaria a atirar.

 - ....uuuuuuuu.

 - Kusanagi só pode lutar em combate corpo-a-corpo então ele só luta muito perto do inimigo. A arma que eu fiz tem vários fatores que diminuem a precisão. Por isso, se você errar, a responsabilidade é minha e do Kusanagi também.

 “Porque somos companheiros”, mesmo Ikaruga não dizendo isso, Usagi se sentia como se tivesse ouvido.

 O tremor das mãos diminuiu levemente.

 Do comunicador ela ouviu uma voz desesperada.

 - *crash!*, Usagi!

 - ...Kusanagi.

 Apesar de estar em combate, Takeru contatou-a.

 Mesmo estando no meio de uma batalha. Ela ouviu a respiração pesada dele e abaixou o olhar por um momento.

 - O que houve, Usagi?

 - Kusanagi... Você... Não está assustado?

 - ...Ugh! Assustado de quê?

 - Que eu... Que eu talvez possa te acertar por acidente... Você não tem medo?

 Ela imaginava os pedaços e o sangue jorrando se ela atingir Takeru sem querer. Usagi mordeu seus lábios, temendo a resposta.

 Apesar de seu próprio medo, ela se assustou com a fala seguinte.

 - Neeeeeeem um pouquinho assustado. – Disse Takeru clara e vigorosamente.

 Os olhos se encheram de lágrimas e Usagi olhou para o alto.

 - Você vai me vigiar, você vai me proteger.

 - ...............

 - Eu sei a quão habilidosa você é. Eu também sei que você é a que mais se esforça entre todos nós. Por isso...

- ...............

 - ...Eu posso te garantir que não tem ninguém mais confiável do que você.

 Takeru dançava no chão, segurando a katana e sem deixar que o inimigo se afastasse. Com um ar dignificado, ele lutava bravamente.

 “ Por que ele deixou a vida dele em minhas mãos? “

 Era porque ele acreditava nas habilidades de atiradora de Saionji Usagi.

 O vento carregava os barulhos do conflito para longe.

 Usagi mudou a postura de tiro e ficou de pé e levantou o rifle. O peso do rifle era de dez quilos ou mais. Mas para Usagi, não havia tempo para ficar reclamando sobre o peso. Ela tinha que proteger a confiança que havia conquistado.

 Ela conectou seu cinto com as barras de ferro do telhado com cabos e ganchos feitos por Ikaruga de antemão. A corda de segurança estava enrolada nas barras para evitar que seu corpo fosse arremessado.

 Ela posicionou o cano da arma nas barras de ferro e puxou o ferrolho. Alinhando seus olhos com a mira em uma postura totalmente imprópria, ela travou a mira no inimigo.

 - A distância é de 200 metros... Vento e direção... Não, nessa distância nem vento nem densidade do ar importam. Eh? 200 metros...? Eu disse 200 metros?

 Logo depois de uma expressão de surpresa, uma risada chocada veio da boca de Usagi.

 - Tudo isso... Como é que eu... O que eu estive fazendo?

 Ela riu de si mesma enquanto pensava “ Patético “. Sim, chamar de um tiro de 200 metros de “tiro de precisão” era incorreto.

 Um veterano da Inquisição poderia escolher o poro da cabeça em que ele atiraria.

 - Isso é hilário. Está fácil demais.

 Logo após fazer esta declaração, Usagi prendeu a respiração.

 Com um projétil veloz rasgando o ar, a bala atingiu o abdômen do Herói que tentava se levantar.

 O tiro impressionante cobriu o campo de visão de Usagi com uma fumaça branca, o cano da arma pulou para cima com o coice e o cinto de segurança ameaçou ser varrido pelo vento, fazendo barulhos metálicos com *Clank clank*

 Mas o equipamento resistiu.

 *Clang---*

 Usagi pulou com pura força de vontade e coragem. Ela puxou o ferrolho para colocar outra bala no cano e se virou bruscamente para outro tiro pensando:

 “ Eu não sou mais uma lebre de março...! “

(Nota de tradutor: Referência à Alice no país das maravilhas, eu presumo)

 Um tiro em rápida sucessão, imediatamente depois dos ataques de Takeru no Herói.

 *Blang!*

 - Não sou mais um coelho perseguido por lobos...!

 *Blang!!*

 A mira de Usagi não falhava.

 Amortecer o impacto do coice não era problema para Usagi.

 *Blang!!*

- Eu sou do Trigésimo quinto pelotão de testes, posição...: Atiradora!

Era recitava come se fosse uma oração enquanto aplicava tiros consecutivos. Dor e choque a atacavam toda vez que ela atirava, mas a mira de Usagi não tremia.

 Ela simplesmente mirava e puxava o gatilho.

 Nesta única coisa, Usagi era um gênio.

 Contanto que sua mente estivesse calma, o mundo que ela via pela mira era o reino de Saionji Usagi.

 - Argh!

 Depois de desviar outro ataque, o corpo de Takeru se dobrou para trás.

 Após ataques repetidos, uma abertura crítica na defesa dele foi aberta.

 O renomado Herói não perdeu aquela oportunidade, ele se aproximou em um piscar de olhos e alcançou Takeru.

 Ele ergueu a espada, cortando o ar novamente.

 A distância entre os dois era praticamente zero. Mesmo desviar a espada era impossível.

 Mas Takeru não estava com pressa, ele confrontava o inimigo com confiança.

 Isto porque...

  *Vush*

 Quase raspando seu nariz, uma bala quase que explosiva passava em sua frente.

 E era um tiro em cheio, diretamente na têmpora do capacete.

 O Herói cambaleou para o lado, quebrando sua postura.

 - Hahaha. Eu sabia que ela seria incrível.

 Houvera várias ocasiões onde ele vira Usagi nos campos de treinamento com armas, mas era a primeira vez que ele podia apreciar os disparos hábeis no campo de batalha.

 O tempo também era perfeito. Seja longa distância ou curta distância, eles se mantiveram o tempo todo até ali.

 Quando o assunto era pontaria, ela provavelmente era melhor que Ouka.

 Ao receber uma chuva de balas para penetrar armaduras, o corpo do Herói foi violentamente castigado. Apesar da armadura aparentar ser superficial, ela era bastante grossa. Ainda assim, a rachadura continuava a aumentar dos ombros até a cintura, ela estava lentamente se quebrando.

 Se eles se mantiverem, eles o derrotariam. De início, as chances de vitória eram pequenas, agora, estava ao alcance das mãos.

 - Estou recarregando, aguente firme!

 Depois de ouvir a notificação de Usagi, Takeru procurou retornar com o combate a curta distância. Nesse instante,

 Houve uma mudança nos movimentos do Herói. A arma segurada até então era fincada no chão. Ele apoiou ambas as mãos na ponta do cabo da espada enterrada. Os olhos de androides na face mecânica brilharam.

 { Nosso destino é a glória eterna. Avancemos juntos pelo caminho da cavalaria. Meus companheiros se separaram de mim. Meus cavaleiros, eu os invoco aqui em nome da promessa de reunião...}

 Uma voz mecânica e distorcida soou como um canto agourento. Repentinamente, um enorme círculo mágico apareceu debaixo do Herói.

 - ?!

 Takeru parou seus passos, vigilante.

 - Corra! Ele vai usar a magia intrínseca! Não temos tempo para contramedidas! Ande logo e saia daí! É sua melhor chance no momento!

 Ouvindo os avisos desesperados de Ikaruga, Takeru não demorou para começar a correr.

 “Recuar, recuar por enquanto” era a única coisa em sua cabeça.

 Ele se aproximou a imóvel Ouka e a primeira coisa que fez foi conferir o estado em que ela estava. Com aquelas pernas, ela mal conseguiria ficar em pé.

 - Eu estou bem... Me deixe aqui e fuja... Rápido, corra!

 Takeru a carregou no colo sem dizer nada.

 - Hyaa?! V-vo-você!

 - Quieta, você vai acabar mordendo a língua!

 - Eu estou bem, me deixe aqui e corra sozi-

 - Eu vim aqui para te proteger! Agora, se você entendeu, cale a boca e me deixe te salvar!

 -.....~~~~

 Carregando no estilo “Recém-casados”, Takeru correu enquanto levava Ouka. Ela tinha um rosto enrubescido e tentava se soltar. Mas ela não podia fazer nada naquela situação.

 Ela se aconchegou silenciosamente em seu peito e suportou.

 Takeru não podia sequer perder tempo corando.

 E não seria capaz, já que um calafrio percorreu sua coluna.

 - ...Nada bom....

 Ele tinha um mau pressentimento, uma inquietação, premonição, sexto sentido. Dentro do cérebro de Takeru, algo como em instinto soou um alarme dentro de sua cabeça, sinal de perigo.

 - Usagi, fuja!

 - O que houve? Assim, do nada?

 Usagi respondeu naturalmente. Takeru desceu Ouka.

 - ...Kusanagi?

 Ouka olhou para o rosto de Takeru.

 O que ela viu foi uma cara pálida. Não era tão errado confundir com um rosto de alguém que viu a morte, ele estava quase transparente. Sua expressão facial transmitia uma coisa: “ Eu tenho que proteger “ e esse era seu desejo.

 Badaladas de sinos soaram. Ouka tentou chamar o nome de Takeru novamente, mas no instante seguinte,

 { Cavaleiros da Távola }

 Além do Herói, que havia acabado de recitar o feitiço, sombras de pessoas que não deverias estar lá apareceram.

 Onze cavaleiros surgiram.

 Takeru sentiu uma péssima situação surgir. Ele preparou a espada e ativou < Soumatou >.

 Um único momento de silêncio, um milésimo de segundo de silêncio.

 Quando este silêncio chegou ao fim, a parede da escola funcionou como um colchão amortecedor para Takeru, que foi arremessado para longe.

 No mundo desacelerado, ele pode presenciar.

 Destruindo um prédio escolar, a figura do cavaleiro reluzente que emanava energia mágica.

 O cavaleiro estocou com sua espada, um golpe violento. Mesmo com < Soumatou > Ativado, ele não podia acompanhar aquela velocidade.

 O que Takeru conseguiu fazer foi sacrificar seus músculos e ossos para forçar um desvio na arma do inimigo para errar Ouka em questão de centímetros. Ele pode apenas alterar a direção para qual o inimigo investiu.

 Depois do desvio, uma onda de magia acertou Takeru.


 O ataque suicida contra o cavaleiro invocado feito de luz demoliu o prédio escolar inteiro.

 O avanço de onze cavaleiros que se espalharam em quatro direções e se transformaram em massas de luz danificou a academia.

 Vários prédios da escola se tornaram ruínas. O telhando em que Usagi estava havia sido devastado.

 A magia intrínseca de Excalibur: < Cavaleiros da Távola Redonda >

 Essa magia era invocada por um pseudo-herói, reproduzia o maior ataque dos onze cavaleiros servindo o Rei Arthur. Este era o ataque.

 A primeira coisa que Takeru viu depois de abrir os olhos era o céu tingido pelo pôr do sol.

 Takeru sobreviveu ao mais forte ataque de alguma forma. Ele sentiu um desconforto em seu corpo, ele não sentia frio nem dor.

 Movendo seu pescoço, Takeru pôde ver ao longe, uma garota caída.

 Ouka estava segura, ele confirmou que ela respirava.

 Não haviam problemas com Usagi também, apesar de distante, ele pôde ouvir uma voz choramingante no comunicador. Todos os membros do pelotão pareciam estar seguros.

 - Por ora... Estamos bem...

 Ele sorriu sem forças.

 Takeru já havia percebido, acima de sua cabeça deitada, estava sua metade debaixo do corpo, que não se mexiam não importa o quanto tentasse.

 A parte superior do corpo não conseguia sequer se arrastar.

 - Droga... Como eu imaginava... É impossível.

 Agora que ele parava para pensar, era um oponente com risco nível S. Era loucura pensar que ele poderia vencer um Herói invocado. Ele fez um bom trabalho, no geral, ou era assim que ele tentava pensar para se confortar. O coração de Takeru estava nublado.

 Porque, originalmente, ele sempre foi um enorme mau-perdedor.

 - É a pior situação.... Estou prestes a morrer... Maldição!

 Ele mal conseguia respirar, ele tentou fechar os olhos, as cortinas já baixavam. O fim se aproximava.

 - …Droga...

 Ele conseguiu deixar mais um xingamento, como um lembrete.

 - ...Depois de ficar me mostrando... em um lugar... como esse...

 Em uma tentativa de limpar a visão embaçada, ele fechou os olhos.

 - ...Ainda não.... Eu ainda tenho.... Tanto a fazer...

 Ele observava com um olhar vazio o pôr do sol que estava prestes a acabar.

 Naquela hora, repentinamente,

 Ele viu uma forma humana com uma cor azulada.

 *Encara*, um olhar fixo veio de cima.

 ... Essa garota... Do shopping de antes... Por que em um lugar desses...

 “ Esse lugar é perigoso “

 Takeru quis dizer isso, mas a voz não saía de sua garganta. Ele dolorosamente respirou mais ar.

 A vida de Takeru estava, naquele momento, prestes a ser encerrada.

 - Senhor Kusanagi Takeru, eu irei continuar com o contrato.

 Essas foram as últimas palavras que Takeru ouviu.


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