TG35SS - Volume 1: Invocação do Herói (Einherjar Desperta) - Capítulo 2: Avançar! Pelotão dos zeros-à-esquerda! [parte 3]

 

 *creeeeeeeeeeeeeeeeech*

 Ouvindo um som metálico, todos estavam atônitos.

 Incapazes de acreditar no que tinha acontecido bem na frente de seus olhos. O líder definitivamente havia atirado nele com sua pistola. Sem dúvida o tiro seguiu em linha reta.

 Nessa distância, até mesmo o pior dos amadores, mulher ou criança não erraria. Era um espaço de acerto certeiro. Apesar de tudo isso, ele não estava caído, ele não sangrava, ele não tinha nenhum buraco perfurado.

 Via-se uma bala rolando pelo chão, fatiada na metade e também a figura de Takeru com a espada desembainhada.

 - ....O....quê......?

 O líder fazia uma cara parecida com a de um peixe e disparou mais duas vezes em rápida sucessão.

 E novamente, não acertaram, houve apenas os mesmos barulhos metálicos.

 Demorou alguns instantes para que eles absorvessem a realidade.

 Um silêncio pesado encheu a sala.

 - ....Você disse...

 A voz de Takeru rasgou o silêncio. Densa, áspera, era inimaginável para esse tom de voz ameaçador vir de um garoto molenga como o de antes.

 - ..Você disse “Sucata”... Melhor se preparar, seu filho da mãe.

 Takeru levantou levemente a cabeça, mostrando a face de um demônio com um longo cabelo escorrendo.

 Todos congelaram na mesma hora.

 Porque na frente do grupo, havia um demônio segurando uma katana.

 Takeru grunhiu, baixo, mas áspero como alguém possuído.

 - Discípulo da escola Kusanagi – estilo Gume Duplo, Kusanagi Takeru. Não sou lixo e muito menos mediano, agora eu vou fatiar vocês.

 Depois dessa declaração, ninguém foi capaz de se mexer.

 Takeru estava completamente pronto para a batalha; seus instintos de luta tomaram conta. Sua espada estava preparada horizontalmente. Ele exalava uma forca que fazia as pessoas pensar que seriam estraçalhadas no momento em que se mexessem ou respirassem.

 Os sete homens estavam petrificados.

 Nenhum deles ainda podiam acreditar que Takeru havia dividido a bala em duas. É claro, um humano desses que conseguia um feitio desses pertencia mais à ficção do que à realidade, não podia ser verdade.

 Mas Kusanagi era esse tipo de escola, possuindo técnicas como essas vindo diretamente de mangás.

 A antiga técnica de espadas que Takeru ativara era chama de “Soumatou”( Lâmina Varre Magia). O estilo Gume Duplo da escola Kusanagi é irregular. Uma espada herege, criada para lutar organismos japoneses fantásticos chamados de demônios.

 (Nota de tradutor: em japonês, a palavra Soumatou é homófona à palavra usada para descrever a “vida passando diante dos olhos na beira da morte”)

 Esse era “Soumatou”.

(Nota de tradutor: a palavra soumatou, escrita com outros ideogramas pode se referir ao conjunto de visões vistas antes por alguém antes de morrer)

 Colocando simplesmente, a técnica desativava um limitador no cérebro, aumentando o poder de processamento. Quando as pessoas são colocadas em situações entre a vida e a morte, caindo em condições extremas, elas utilizavam mais da capacidade mental.

 Significava que “Soumatou” era as visões de sua própria memória sendo rodadas.

 Significa que o mundo se torna mais lento.

 Significa que o fogo faz a força bruta sair.

 Esses fenômenos são resultado de o cérebro ser ativado durante emergências. Essa teoria existe por causa de um mal funcionamento. Todo o poder vem do instinto de sobrevivência original.

 “Soumatou” é o tal instinto. É a técnica proibida da escola Kusanagi. Homens da família Kusanagi desenvolveram essa técnica para lutar contra demônios.

 - Esse cara...!

 - O líder levantou sua arma outra vez e mirou. Ele continuou a esvaziar o cartucho até que não sobrasse nada.

 Nem uma das balas o alcançou.

  Sons de ruídos metálicos entupiram a sala, acompanhados pelo som de ricochetes.

 - ......hiiiiiiiiiiii – gemiam de medo.

 Na sala cheia de fumaça de pólvora queimada, Kusanagi Takeru estava intocado.

 Olhando ao redor da sala, sua boca se arqueava.

 Em um primeiro momento, parecia que as mesas tinham virado. Takeru parecia ter mais tempo, mas seu corpo não estava em boas condições.

 A ativação de soumatou desgasta muito o corpo do usuário, cada movimento exigia demais dos músculos. Rasgava tendões, quebrava ossos apenas por se mexer.

 O corpo não conseguia acompanhar o cérebro estando “sério”.

 No corpo de Takeru havia várias fibras musculares rompidas, ossos rachando. Mesmo nesse estado, ele continuava.

 Ele ainda continuava, ainda assim...

 - .... Ou algo assim?

 

O Takeru de agora não pensava nas coisas desse jeito. Ele havia tido muito orgulho na sua esgrima desde cedo. Sangue subia para sua cabeça toda vez que a espada era subestimada. Por causa disso, nas redondezas ele sempre foi conhecido como uma criança-problema.

 Depois de ser derrotado no oitavo ano do ensino fundamental, Takeru reviu suas atitudes. Ele mudou, sua personalidade mudou. Com um olhar desatento, ele parecia com um garotinho tímido.

 Mas depois de atingir os limites da sua paciência e depois que sangue subia à cabeça, sua personalidade original, violenta iria emergir.

 - Se você acha que é sucata ou não, eu vou te mostrar. Não façam fila, venham todos de uma vez.

 - hi...hiiiii. – Gemiam os sete, apavorados.

 - Se você acha que é só um ferro velho, vamos ver o que o ferro do sangue de vocês acha disso.

 Takeru gargalhava como um verdadeiro demônio; todos viram por um momento seus caninos. Agora que ele havia estourado assim, nada conseguia controlá-lo.

 Mesmo se todos os sete bandidos se ajoelhassem no chão para pedir perdão, mesmo se o Dragoon começasse a se mover, mesmo se os <Spriggans> chegassem, sua fúria não se dissiparia.

 Se alguém pudesse, supondo que haja, acalmar Takeru, essa pessoa seria...

 - Onii-chan, por favor não faça essa cara assustadora.

 Apenas uma pessoa. Sua única família restante: Sua irmã mais nova.

 - Eh~!

 Assim que uma voz surgiu no comunicador. Takeru não conseguiu segurar uma voz surpresa.

 Apenas com isso, toda a raiva foi varrida dele.

 Só com um “Onii-chan”

 - Você se acalmou, Kusanagi?

 - Eh? O que? O que foi isso agora a pouco?

 - Era a minha voz, seu tarado por irmãzinhas. Como foi, não era parecida?

 Agora que ela disse, Takeru pensou que o tom era um pouco diferente do da sua irmã. Em primeiro lugar, era impossível para sua irmã estar junto de Ikaruga. Absolutamente impossível.

 Takeru suspirou em alívio; se ele continuasse daquele jeito, a situação se tornaria totalmente irreversível. E não por causa do massacre iminente com os inimigos, mas pelo seu corpo sofrer as consequências. Pensando sobre isso racionalmente, ir contra sete homens armados. Ele não poderia fazer nada contra sete pistoleiros treinados se todos atirassem simultaneamente. Seu corpo iria se auto destruir antes que ele pudesse fazer qualquer coisa. Ele não era forte o suficiente para tal.

 Grato por ser impedido, ele baixou sua katana.

 - Então, o que você vai fazer nessa situação?

 Enquanto ele olhava ao redor, canos das armas de todos os sete capangas completamente aterrorizados estavam mirados para ele.

 Por ele ter, até agora, agido tão convencido e feito uma cara tão assustadora, todos estavam com dedos de prontidão no gatilho.

 “Me ferrei legal”, foi tudo que passou na cabeça dele.

 - A-ahahahah, isso agora a pouco foi só uma brincadeirinha. Só uma pequena encenação, todo aquilo sobre fatiar vocês e aquilo do sangue, foi tudo obviamente uma piada. Sabe, é outro daqueles problemas da puberdade... ahahaha...

 Depois de mostrar a todos a cena de balas serem cortadas em pleno ar, era difícil de passar tudo como uma piada. Logo depois de ver um poder quase sobrenatural, era óbvio que atacariam como um grupo.

 “Eh? O que eu faço? Eu largo a minha espada? Ou talvez eu devesse me ajoelhar? Ajoelhar é uma boa ideia, mas deve ser muito tarde para pedir desculpas”

 Takeru pensava em alta velocidade e assim,

*Crish*

 Subitamente, a luz fluorescente no teto quebrou.

 Como a visibilidade de todos estava comprometida, os sete pararam no lugar.

 Foi quando Takeru viu.

 De cima dos bandidos, saindo do duto de ventilação no teto, um vulto cor de poente despencou.

 - Uwaghhh!

 Bem debaixo da cabeça de um dos inimigos. O resto se virou para o homem nocauteado.



 Uma única garota estava lá, com o cabelo em um laranja de poente gentilmente suspenso no ar, ela chutou outro dos homens.

 Uma beleza em um lugar tão inesperado. O cabelo longo se levantou de acordo com as leis da gravidade e pelo meio dos fios, brilhava um par de afiados e profundos olhos azuis.

 - Ootori! – Chamou Takeru.

 - Você....!

 Uma pessoa trocou seu alvo de Takeru para Ouka, mas ela foi mais rápida.

 A mão feminina se lançou sobre a arma, que caiu no chão.

 Ouka não parou, ela neutralizava a arma de outra pessoa com reações velosíssimas. E então disparou em dois outros com dardos de anestesia bem no peito deles.

 Com movimentos como um tornado, ela focava a atenção no homem que derrubara a própria arma. Ela girou o corpo em pleno ar. Dançando dinamicamente como uma pantera, e chutou-o na face.

 O último dos homens havia perdido todos os seus companheiros e, portanto, ele estava muito confuso. Ele caiu desajeitado depois de uma rasteira aplicada por Ouka e deixou escapar um grito.

Depois de abrir os olhos, o que ele viu foi- uma garota incrivelmente bela.

A garota estava olhando para baixo enquanto o homem retornava o olhar para cima. Takeru havia experimentado uma situação bem semelhante nos dias de ensino fundamental.

 Tudo isso aconteceu em um piscar de olhos.

 Ouka se levantou com uma cara relaxada e jogou os cabelos cara o lado do rosto.

 Mas, aquele não era o fim ainda.

Havia outra presença que não podia ser ignorada, uma enorme sombra atrás de Ouka.

 - Atrás de você! – Takeru gritou em reflexo.

 Deveria estar sem piloto, mas o homem que segurava o <Salmos Sem-Rastro> parece ter subido durante o ataque.

 O Dragoon fez um arco com seu enorme braço. Ouka encarou Takeru com uma expressão serena.

 - Se abaixe, não interfira.

 E no próximo momento, Ouka instantaneamente desapareceu.

 Cortando o ar, um enorme punho quebrou o piso do escritório.

 - Droga, eu errei.

 Uma voz irritada saia de dentro do Dragoon.

 Ouka pulou em direção ao Dragoon e se ajoelhou depois de uma cambalhota tática para trocar as balas anestésicas pela munição letal.

  O Dragoon balançava os braços tentando pegá-la e antes que pudesse, Ouka atirou nas juntas do braço direito. Claro que mesmo munição letal não tinha poder o suficiente para danificar.

 - Não vou deixar me pegarem em um lugar como esse aquiiiiiiii

 Assim que ele soltou o grito, aterrorizado, os canos de uma minigun equipada no braço esquerdo do Dragoon fizeram um barulho de rotação assustador

 - Nada bom!

 Takeru se atirou no chão e protegeu a cabeça.

 Ouka pisoteou o chão e, no mesmo instante, uma saraivada de balas vinda dos canos giratórios encheu o escritório.

 O som de tiros entupiu completamente a sala, barrando completamente qualquer outro som. Balas de minigun traçando Ouka destruíram não apenas a mesa e cadeiras, mas também as paredes.

 Ouka corria acompanhando as paredes do escritório, apesar de ser acompanhada pelos poderosos impactos ressoando em suas costas, ela apertava o gatilho, atirando no braço do Dragoon calmamente.

 Com poeira e pedaços de madeira espalhando e voando por todos os cantos, a garota corria em meio ao inferno de tiros. Seu cabelo era como o rastro de luz nas ruas a noite.

 Quando atingiu o canto da sala, Ouka chutou o piso, pulou em direção ao Dragoon e pôs-se a deslizar, balas voando sobre sua cabeça e naquela vez, engatinhava debaixo da máquina.

 A enorme minigun não era mais tão assustadora uma vez que se estava embaixo dela, mas o punho do Dragoon estava à espera em alcance corpo-a-corpo. Mesmo quando o colossal braço se projetava para ela, Ouka estava parada no mesmo lugar, imóvel.

 Certo de que o golpe a acertaria, Takeru quase ativou <Soumatou> por reflexo, mas na quele momento.

*...Clank.....Clank..Clank..*

 O braço direito do Dragoon fez um som de rangido.

 O braço em movimento parou no meio do caminho em pleno ar, tremendo e produzindo sons de algo que ficara emperrado.

 - Ma-Mas o que é isso?!! – Berrou o piloto da máquina.

 Takeru observava o braço do Dragoon com o mesmo espanto

 Três balas estavam presas nas fendas entre as juntas e impediam que o membro se movesse mais. A única opção estava em remover as balas manualmente.

 - Uma das fraquezas de Dragoons está nas vulnerabilidades das juntas, essa coisa não foi feita para o combate a curta distância.

 - S-só por causa disso... você parou com uma arma de mão?! – Questionou o homem de dentro.

 Pontaria divina. A rachadura tinha apenas 3 centímetros de largura. Era claramente algo impossível para um humano normal. Mesmo se a arma sacrificasse poder por precisão, um feitio com esses em mmeio a uma batalha era assombroso.

 - M-merda! Se mexa! Ande, droga!

 O piloto tentava mover o Dragoon, mas o braço preso no ar não se movia um milímetro.

 Foi quando o homem perdeu Ouka de vista.

 “Para onde ela foi?”  - Pensou.

 *Bam* O piloto sentiu uma leve vibração.

  - ...........

 De pé na armadura do Dragoon, estava a poderosa oponente com cabelos de poente.

 Observando abaixo dela com olhos frios, ela mirou o cano da arma no pescoço do Dragoon, onde havia uma abertura de ventilação.

 - Mo-monstr-

 Monstro. Quando ele tentou dizer isso,

 - Gwaaaaaaahhhhh!

 Um grito como esse pôde ser ouvido de dentro. Ele tentava tirá-la do dragoon ao debater-se.

 Ouka, que se agarrou na cabeça, não se desprendeu e continuava a atirar dentro da abertura até que seu pente se esvaziasse.

 Balas que entravam pelo duto de ventilação ricocheteavam dentro da armadura, destruindo toda a maquinaria interna e ferindo o piloto.

 Quando ela parou de disparar, o Dragoon parou de se mover e começou a soltar fumaça.

 O compartimento do piloto se abriu e uma nuvem surgiu de dentro.

 - ....... Gah... ugh.... haa....

 O piloto emergiu de dentro da armadura. Duas balas tinham acertado, uma na perna e outra no ombro.

 Ela realmente ganhou daquilo, uma pessoa de carne e osso derrotou um Dragoon.

 Normalmente seria preciso usar armamento anti-tanque. Para derrotar com uma arma de apoio, ele se perguntava se algo como aquilo sequer era possível.

 Takeru sabia disso, no fundo ele sabia desde o começo.

 “...Ela está em outro nível”

 Enquanto Takeru permanecia sem palavras, na frente do piloto, que estava tentando recuperar o fôlego, Ouka apoiou o pé no assento e apontou a arma para ele.

 - É assim que acaba quando amadores tentam pilotar um Dragoon, você não aprendeu isso?

 - ...Droga...Droga... Maldição..!

 - Seja uma lata velha como essa ou não, usar um desses é contra as leis. Ao lutarmos contra um inimigo utilizando um Dragoon, somos permitidos atirar para matar.

 - He... hehehe.. vá em frente..! Eu duvido muito, você não vai fazer isso de qualquer jeito mesmo.

 - ...............

 - Vocês, babacas, não vão atirar em pessoas indefesas, eu sei disso muito bem.

 Ouka, calada, não respondeu a nenhum de seus insultos. O homem continuou com um tom de voz ainda mais convencido.

 - Olha só, viu? Você não pode atirar em mim, pode?

 - ......

 - Mesmo se eu matar crianças na sua frente, tudo o que você pode fazer é me olhar assim.

 Nesse mesmo momento.

 Um som de disparo ressoou.

  - Gaaaaaaaaahhhhhh! Aaaahh! Minha perna! Aaaaargh!

 Dentro da cabine do piloto, o homem chorava e gemia enquanto segurava sua perna que sangrava.

 Takeru não conseguia se mexer, espantado pela ação. Ele percebeu que Ouka estava prestes a apertar o gatilho novamente.

 - E-Ei!

 Ele tentou correr até lá mas subitamente suas pernas pararam.

 Ouka estava olhando com seus olhos azuis-cobalto para o homem agonizando.

 - E-eu já entendi! Me p-perdoe! Não atire! Eu vou devolver isso!

 O homem tirou o <Salmos Sem-Rastro> do bolso e ofereceu tremendo.

 Ouka olhou para o livro e seus olhos lentamente se afiaram.

 - Foi você quem disse para “ir em frente”

 - ....Ugh.. aquilo foi...

 - Pensei que você quisesse ser morto, estou errada? Isso é bastante conveniente e na verdade, me ajuda muito.

 - A-aquilo foi uma brincadeira! Uma brincadeirinha só..! Me desculpe, então me poupe!

 O homem implorava miseravelmente do fundo do coração. Ouka estreitou os olhos e o choro do homem ecoou no escritório.

 Nesse instante, a boca de Ouka murmurava algo.

 Takeru com certeza ouvira uma pequena voz.

 - Lixo... Escória... Mesmo tendo tanta força eles não usam justamente. Vocês só conseguem ferir os outros para o próprio bem... Me faz querer vomitar.

 Takeru teve um mau pressentimento.

 A sede por sangue que subitamente brotava nos ares, ele sabia que lhe parecia familiar.

 - ...Eu vou exterminar você... Bruxas também... Todos vocês...!

Ouka trocou o alvo de sua arma da perna para a cabeça. Takeru berrou do mesmo lugar em que estava.

  - Ei! O que você está fazendo? Já é o suficiente não?!

 - O oponente está armado com um exoesqueleto reforçado Dragoon. Fazer isso está dentro das permissões, capitão.

 - Armado com... Mas ele não está desarmado agora?!

 - Realmente. Parece que sim. Mas ele ainda está em posse da Herança Mágica. Assim, eu tenho um motivo para mata-lo.

 - Isso é forçar demais! Um motivo desses não vai ser  o suficiente! E por que você quer matar ele?

 - Calado, isso tudo cabe a mim. Se eu não tivesse vindo, você teria sido derrotado e você sabe disso, por isso não atrapalhe.

 - ...Oqu-...

 Ouka não ouvia a palavra de Takeru, que era seu capitão.

 Era falta de profissionalismo. Inquisidores tinham a permissão de atirar para matar apenas em circunstâncias bem restritas. Matar um oponente indefeso seria um grande problema.

 Ela estava claramente errada. Não significava que Takeru estava tomando o lado do homem. Na verdade, Takeru não dava a mínima para o que aconteceria com aquele canalha.

 Matar aquele homem afetaria Ouka e o pelotão inteiro negativamente. Como capitão ele precisava evitar isso.

 - Bem, então... Vamos começar com a Caça-às-bruxas.

 Como se olhasse para um inseto qualquer, Ouka soltou uma gargalhada distorcida.

 “Alcance a tempo!”

 Takeru ativou <Soumatou> instantaneamente. Seu corpo se lançou antes que ele mesmo pudesse pensar.

 Sentindo a pressão pelo corpo todo, como se tudo se movesse pelo cimento denso, ele avançou em direção do inimigo enquanto o mundo desacelerava.

 - ...Oqu-...

 Ouka revelou uma reação de surpresa. Takeru que deveria estar atrás dela, a partir do nada estava em sua frente, protegendo o homem e segurando a mão de Ouka.

 Segurando- a pelo pulso, Takeru estava prestes a repreendê-la com um olhar de seriedade.

 - Mas-Aaaaah.

 - Gahh.

 Como a velocidade de <Soumatou> era demais para parar a tempo, o equilíbrio dos dois foi quebrado e ambos caíram juntos no chão.

 - Que dor...

 Takeru afagava sua cabeça dolorida enquanto abria os olhos.

 Ele congelou.

 - ...........

- ............


 Quando eles caíram, Takeru estava em cima de ouka. E a mão que deveria estar apoiada no chão estava apalpando algo desconhecido. Uma bexiga d’água? Marshmallow? Bola de borracha? Com nada se parecia aquela coisa quente e macia.

 Seus batimentos se aceleraram.

 - ..........

 As palavras não se formavam. “São grandes” veio a sua mente, mas dizer isso seria franqueza até demais.

 Não havia nenhuma grande mudança na expressão de Ouka, mas sua face estava tingida de um leve vermelho.

 - T-tá tudo bem. – Disse Takeru em um momento de desespero, mesmo nem ele entendendo o que estava bem.

 - Porque...

 - .............

 - Porque.. Eu sou do time dos peitos pequenos!

 ..... *Katchak*

 - Desculpe, eu menti! Não é esse o problema! Me desculpe, o sangue me subiu à cabeça! Foi só uma desculpa qualquer!

 Havia um cano de arma encostada em sua testa, Takeru assumiu uma postura defensiva com as mãos levantadas para se desculpar e mostrar inocência.

 Ouka estava totalmente enrubescida, tremendo enquanto pressionava mais forte o cabo da arma.

 -....uuuu..uuu....u.......

 - Envergonhada daquele jeito, mesmo sendo uma grosseria dizer, ela parecia muito mais feminina.

 Durante a batalha de antes e no ensino fundamental ele pensou “Ela é uma exterminadora do futuro!” e essa impressão tinha ficado. Ele imaginou que seria estapeado friamente e ouviria um “Quer sair de cima de mim?”.

 Talvez ela começasse a chorar de vergonha ou agir de forma inquieta e fofa. Ele de forma alguma pensou que a situação atual ocorreria.

 Mas ele tinha certeza de que seria baleado, isso sem dúvidas.

 - Espere, acalme-se Ootori!

 - Saia logo de cima.. De mim!!

 Ela colocou força no dedo encostado no gatilho. Takeru estava certo de que morreria.

 Bem nessa hora.

 Ele sentiu um impacto na cabeça. Mas a dor vinha não da frente, mas da parte de trás, por algum motivo.

 - ...ahnm, o quê~?

 Takeru tentou evitar, mas não conseguiu.

 Forças deixaram seu corpo e sua cara caiu em cima dos seios de Ouka fazendo barulho de *boing*. Parecia que sua cabeça tinha sido acertada fortemente, mesmo ele não sentindo nada.

  - De-Dessa vez e-eu consegui aba-abatê-los direitinho! Isso! Viva!

 Uma voz alegre surgiu do comunicador. Takeru entendeu tudo enquanto perdia a consciência.

 Quem havia atirado nele não foi Ouka, mas Usagi. A sniper teria, no meio da pressa, confundido Takeru com um inimigo. O fato de que a bala era uma anestésica era um milagre.

 E o resultado disso tudo era o cenário em que se encontravam.

 - No final..... Acabou tudo.... Desse jeito..........

 “ Foi tudo culpa minha “ foi o que passou pela sua mente antes de cair desmaiado.

 - Mas que...!

 Ouka empurrou violentamente Takeru, que fazia um sorriso bobo e deitava desmaiado em seu peito. Ela jogou longe o comunicador e arrumou o cabelo cor de poente.

 - “Zeros-à-esquerda”... Mesmo ouvindo da primeira vez, não imaginei que eles seriam tão ruins assim.

 Com uma expressão de quem já desistiu de tudo, ela levou a mão à testa.

 Ela olhou para Takeru rolando no chão. Parecia que ele estava tendo um pesadelo de estar sendo perseguido por cobradores de dívidas.

 Ouka enrugou as pálpebras.

 Se ela não estivesse ali, a missão teria provavelmente fracassado. Não se saberia o que iria acontecer se fossem apenas aqueles bandidos, mas um Dragoon estar em posse deles era outra história.

 Era claramente uma missão além do nível de estudantes. Se não fosse por Ouka, eles teriam sido dizimados.

 “Estranho...”

 Olhando para o Dragoon quase destruído, Ouka estreitou os olhos.

 Esses homens não deveriam ter algo como um Dragoon, apesar de estarem envolvidos na troca do <Salmos Sem-Rastro>. Se considerar o nível da Herança Mágica, é estranho. Significava que havia algo a mais. Tinha que haver outra coisa por trás de tudo isso.

 No momento em que Ouka considerava isso,

 - Mmmmmhh, mmmmmh, de-desculpe, semana que vem... semana que vem eu pago com certeza... Ayame... não destrua os móveis... mmm.... mmmmh...

 - ...............

 Seu momento de pensamento fora perturbado por alguma besteira vinda do seu lado. As bochechas de Ouka tremiam em um tique nervoso.

 - E de todas as coisas, esse cara tinha que ser meu capitão...-  ela suspirou.

 - Haah.. Por que o diretor sequer considera dar uma comedora de relíquias para pessoas como essas?

 Demonstrando uma expressão exausta, seus olhos exibiam desapontamento enquanto ela olhava cansada para Takeru.

  Ela observava-o desatentamente enquanto ele grunhia algo em seu sono.

  “ Não consegue fazer nada se não é combate a curta distância, um molenga para as coisas, capacidades de liderança são horríveis, não há nada de bom nele... No topo de tudo, ele perde o controle e enlouquece “

 Não importa como ela visse, Ouka estava desapontada.

 “ Mas... para me impedir de sair do controle... Esse aqui foi o primeiro “

 Mesmo que ela considerasse uma coisa boa, não havia gratidão no comentário.

 Ouka estava ciente dos seus defeitos; esse mau hábito de se descontrolar em certas situações estava no caminho de seus objetivos.

 Enquanto ela pensava nisso, um sorriso irônico se formou em seu rosto.

 - .............

 Olhando para a face de Takeru, a confusão de Ouka se extinguia.

 O que surgiu em seu coração era uma pequena esperança.

 A solidão no coração de Ouka havia levemente diminuído.

 É por isso que ela ousou, ousou a imaginar.

 - .... Porque veio tão tarde assim?

 Falhando em atender as expectativas, Ouka desviou o olhar de Takeru. Observando o céu noturno nublado, fora da janela refletindo as luzes de neon da cidade. Não havia uma única estrela a vista.




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