TG35SS - Volume 1: Invocação do Herói (Einherjar Desperta) - Capítulo 3: Os Desastrados [Parte 1]

 

                                                             Parte 1

 

 150 anos atrás, por causa de uma única bruxa, um desastre de larga escala aconteceu e a maioria da raça humana morreu por causa disso. Mesmo agora, os efeitos ainda são sentidos: áreas contaminadas, fora dos santuários seguros, são inabitáveis para os humanos.

 Graças a esses santuários, a humanidade foi capaz de se recuperar para o estado atual em um período de 150 anos.

 - ... Eu odeio... Essa cidade...

 Enquanto olhava para as luzes de neon da cidade brilhando vividamente, uma garota carregando uma sacola de mercado resmungava para si mesmo.

 Ela tinha cabelos pouco longos que escorriam por debaixo de um chapéu, sua altura era abaixo da média. Vestia um casaco, minissaia, botas compridas e um cachecol mesmo sendo apenas outono.

 Agarota subiu rapidamente as escadas de um prédio de apartamentos construídos a 20 anos atrás e parou na frente da porta de um quarto.

 Ela tirou a chave do bolso e abriu a porta casualmente, tirou os sapatos para deixá-los na entrada e partiu para a sala de estar como normalmente.

 Não havia nada no quarto tirando uma mesa e uma geladeira pequena, um quarto muito simples. A garota deixou um pacote com algo dentro e a sacola do mercado em cima da mesa e deixou a sala para uma porta de correr.

 - ...Esse cheiro, Haunted!

 Ela chamou alguém do outro lado da porta e sentou-se em uma cadeira, enojada.

 E então,

 - Oh? Você voltou? Nem cheguei a perceber.

 Do outro lado da porta de correr, soava a voz de um homem.

 Depois da garota ter sentado, a porta deslizou e um homem apareceu. Ele tinha uma aparência bizarra: Vestindo um avental como o de um açougueiro, luvas de borracha e uma máscara de cirurgia.

 Em sua mão direita, se via um facão e na esquerda, uma serra. Os instrumentos estavam tingidos de um vermelho escuro ensanguentado.

 A garota estalou a língua em irritação com uma expressão de nojo.

 - ... Você..

 - Oh, me desculpe por aparecer assim desse jeito. Os materiais meio que se descontrolaram, hahahaha. Vou me trocar agora, não fique com essa cara.

 - ... Não é como se eu ligasse mesmo, não vou ficar aqui por muito tempo.

 - Oh?

 O homem piscou surpreso e um pouco desapontado. Ele jogou a máscara no lixo.

 Sua aparência jovem não combinava com o corpo ensanguentado.

 A Garota parecia realmente odiá-lo.

 Ele então respondeu a hostilidade com um sorriso.

 - Você está um pouco atrasada, fiquei preocupado de que você tivesse falhado.

 - Estamos sendo procurados o tempo todo, entenda isso.

 - Isso acontece o tempo todo, você tem cooperado conosco já faz um ano agora, não é hora de você se acostumar com isso?

 - Não estou cooperando porque eu gosto.


 - Então você ainda não se acostumou com isso. Mesmo sendo filha do meu veterano você ainda não consegue lidar com essas coisas cruéis e sangrentas.

 Ela estalou a língua de novo, com uma cara de desconforto.

 Satisfeito depois de ver aquela expressão, o homem voltou sua atenção para a mesa.

 - Você trouxe aquela coisa?

 - Eu adquiri os fragmentos sem problemas.

 - Ouvi falar que um pelotão de testes da academia interferiu, está tudo bem?

 - ... ... De onde você tirou essa informação?

 - O que? Pesou que você era a única cooperando com nós?

 - Imbecis... Não foi problema nenhum, Meu rosto não foi visto e eu não deixei nenhuma evidência do culto. Eu fui vigilante, mas...

 - Acho que deve estar tudo certo. Outros membros estão causando múltiplos incidentes por toda parte. Além do mais, nós chegamos ao ponto em que não devemos continuar com cautela. O comitê de paz da inquisição está caindo aos pedaços atualmente.

 Dito isso, o homem em seguida vasculhou a sacola plástica em cima da mesa.

 - ... Oh, você me comprou o jantar. Obrigado por se dar ao trabalho.

 Ele disse essas palavras cordiais e, depois de tirar as luvas e o avental, começou a se empanturrar com a refeição. Ele estava verdadeiramente feliz por comer a marmita do mercado.

 - Mas foi você que me pediu para comprar o jantar...

 - Bem, eu como as marmitas desse mercado todos os dias e gosto muito delas. Hmm!

 O homem deliciava-se, aproveitando seu prato.

 A expressão da garota que o observava mostrava severidade no olhar.

 - Mudando de assunto, o que você vai fazer com esses fragmentos, quais são as suas intenções?

 A garota perguntou ao homem que se devotava a apreciar a refeição. Ele parou de mover os talheres e apontou engolindo para ela.

 - Mn? Com o quê?

 - É, dá para ver que não sobrou nada de magia dentro desses fragmentos. Não dá pra ser usado como conversor mágico... Mas também não deve ser só sucata...

 Ouvindo a garota dizer isso, ele sorriu contente.

 - Hehe, você entende? Um ser lendário foi feito a partir disso, é parte de uma Herança Mágica. Você deveria saber disso também, o fragmento na mesa é parte do monstro.

 - E daí? São todos detritos inúteis. Heranças Mágicas perdem o valor uma vez que quebram.

 - Nada disso. Eu sou um necromante e um alquimista, não sou? <Eienherjar(Herói)> Precisa de uma arma para lutar, não? É para isso que esse fragmento serve.

 - ... Aquela coisa pode mesmo ser invocada?

 Ele respondeu à pergunta cheia de apreensão com um sorriso.

 Ele deixou a embalagem na mesa e limpou a boca.

 - Graças a você, tendo trazido esse fragmento, nós agora temos poder de luta o suficiente. O rapaz com quem eu acabei ali atrás era o último. Já que cremar pessoas depois da morte é um costume comum desde o Japão antigo, foi difícil coletar materiais. Por causa disso eu tive que procurar por eles em todo canto.

 - ...Quantas pessoas tiveram que morrer para esse plano?

 - Por volta de cinquenta, eu acho? Não se preocupe, metade deles eram criminosos. Apesar de que tivemos que emprestar alguns corpos do necrotério quando precisávamos. Um monte de carne fresca era necessário, que coisa. Sem isso ele não iria se mexer direito.

 Um sorriso. Ele falava alegremente mas tinha olhos de peixe morto.

 A garota desviou o olhar cheio de ódio para a sacola.

 Depois de perceber a raiva nos seus olhos, o homem parou de falar.

 - Oh? O que houve? Porque essa cara medonha?

 - Se você não parar de falar comigo tão casualmente assim, eu te mato aqui e agora.

 Não era só uma piada e muito menos uma mentira, ela disse o que sentia no fundo da alma.

 O homem estreitou os olhos com uma expressão satisfeita após ouvir aquilo.

 - Você quer me matar, mas não vai fazê-lo, vai? Você sabe que tipo de futuro te aguarda se você me matar, certo?

 - .......................

 - Você não ficaria encrencada? Oh, Nikaidou Mari-san, filha da grande bruxa.

 - Corte esse papo inútil...! Seu necromante indiscriminado...!

 No momento em que a garota chamada Mari tentou agarrar o homem, algo atrás dele chamou sua atenção.

 Parando o passo, a garota cerrou os dentes. Um par de pontos brilhava na escuridão.

 Uma quantidade enorme de algo que não é de um ser vivo estava na sala atrás da porta de correr.

 - Tudo bem, se o resgate dos VIPs de Akatsuki correr bem, eu vou aceitar seu pedido. Mas se falhar, você vai ter que me ajudar a coletar informação de novo.

 A garota não sabia dizer se ele mentia ou falava a verdade. Mas havia um motivo pelo qual ela não podia contrariá-lo.

 - Temos que prosseguir decisivamente com o plano.

 - ...... Eu vou manter minha parte da promessa.

 - Quanto ao tratado de não envolver pessoas inocentes... Não se preocupe, nosso culto herege tem só a inquisição como inimiga. No começo nós vamos tentar não envolver pessoas ordinárias, mas algumas podem acabar como danos colaterais.

 - ..........

 - Com certeza nós vamos vencer. Vamos abolir esse preconceito e discriminação contra as bruxas. Vamos nos tornar heróis e heroínas. A ditadura da inquisição não vai durar por muito mais tempo.

 Dizendo isso, ele pôs a mão no peito esquerdo como um cavalheiro.

 - Bem, então essa heroína aqui está de saída.

 Depois que a garota saiu, o necromante... Haunted estava sentado em sua cadeira e tranquilamente acabou de jantar no quarto impregnado com o cheiro de morte, que causaria ânsia de vômito em qualquer pessoa normal.

 Mas Haunted não estava nem um pouco incomodado com isso.

 Ele respirou fundo, aliviado.

 - Como você é mentiroso, Haunted.

 Da escuridão ressoava uma voz como se fosse um sino.

 Haunted virou o rosto em direção a voz e sorriu.

 - Você estava ouvindo, Natch?

 - Se é tão alto assim, eu vou ouvir mesmo não querendo. Estou de mal humor porque acabei de acordar.

 Era uma voz monótona e, a julgar pelo tom, de uma garota.

 Haunted levantou seu copo com chá gelado como se estivesse segurando uma taça de vinho.

 - E então? Sobre o que eu menti agora a pouco, você sabe o que e o porquê?

 - Aquilo que você disse para Mari mais cedo. Sobre como você vai cumprir sua parte do acordo depois que a missão de reconhecimento dela acabar, ou como você vai tentar não envolver pessoas inocentes.

 - ............. Acho que sei.

 A boca de Haunted se destorceu e ele riu com um “ kukukukukuku “.

 - O motivo pelo qual eu menti para ela... É.....

 Ele não queria contar, era o que parecia. Ele ficou em silêncio.

 Em seguida Haunted olhou para o pedaço de carne de porco.

 - É porque eu quero ver a cara de frustração da Mari-chan!

 Era uma declaração repentina e bizarra, ele parecia estar em êxtase.

 - Aquela criança fofa cresceu perseguida de várias formas, ela fala muito. Mas tem um coração frágil. Ah, não consigo me conter. Eu quero que aquela garotinha experimente da humilhação e da vergonha. O que mais eu posso fazer? Ao invés de fisicamente, eu quero que ela sofra mentalmente.

 - Hmm, imaginei que fosse algo assim, você é um tarado.

 - Ah, você também acha, Natch?

 - Nah, é só que não posso discordar do óbvio.

 - Até mesmo você quer ver ela mordendo os lábios com uma cara frustrada? Admirar a face dela enquanto lágrimas se formam no rosto vermelho?

 - Não... É que...

 - Sei,sei. Eu também te entendo, Natch.

 Era tarde demais para falar qualquer coisa.

 - Algum dia ela vai fazer tudo como previsto... Mas ela nunca vai poder escapar de você ou da <Valhalla (Culto ilusório)>, hahahahahaha.

 A voz de Haunted não parava enquanto ele continuava a falar sobre aquilo, Natch suspirou, desistindo.

 Assim como sua voz dizia, ela estava apreensiva quanto ao futuro.

 Ela estava convencida agora que em sua frente estava um cavalheiro pervertido gritando sobre um tipo bem específico de fetiches.

 A única sociedade mágica capaz de enfrentar a Inquisição: <Valhalla (Culto ilusório)>. Natch ainda não conseguia acreditar que o homem era um dos líderes.

 - Wahahahahahaha, Ugh- cof cof cof! gufufufufu, huhuhuhuhu, ihihihihihihi, fuihihihihi.

 - .............

 Um necromante, alquimista e invocador. Em adição a tudo isso, um ex-pastor profano. Esse é Haunted de <Valhalla>.

 Aqueles que têm conhecimento sobre seu nome, idade ou sua origem são muito poucos dentro do culto.

 - .... Preocupante.....

 Essas existências chamadas Haunted e Natch.

 Uma Herança mágica de nível S, espada mágica <Dainsleif> sentiu um desconforto ao olhar para ele comendo. Ela soltou um leve suspiro.

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