TG35SS - Volume 1: Invocação do Herói (Einherjar Desperta) - Capítulo 2: Avançar! Pelotão dos zeros-à-esquerda! [parte 1]

 

                                                              Parte 1

 Fora dos terrenos escolares, uma rua menor no centro da cidade. Ao lado de um edifício empresarial cheio de cartazes de recrutamento, prédio aparentemente deserto na esquina de um quarteirão.

 Os membros do trigésimo quinto pelotão estavam já em posições.

 É uma construção sem nada de especial, construído por volta de 10 anos trás. Costumava ser utilizado por empresas de comércio, mas atualmente ninguém a usa mais. Quartos nos andares estão todos vazios.

 O alvo da apreensão é a Herança Mágica de classe D: <Salmos Sem-Rastro>.

 Os quatro, incluindo Ouka, executariam a missão como o planejado.

 - Por enquanto, não seria melhor ficar no suporte comigo na sala do pelotão sendo seu primeiro dia?  - Perguntou Ikaruga.

 - ... não, sem problemas. Vou participar – Confirmou Ouka enquanto desmontava sua arma checando as condições.

 - É mesmo? Então tudo certo. Mas olha só como você está motivada.

 - Não importa que tipo de missão seja, um dos meus princípios é sempre ir com tudo. Não pretendo atrapalhar vocês, não se preocupem. Vou me mover de acordo com as ordens do capitão.

 Montando novamente a arma, Ouka mudou a direção do olhar para Takeru.

 Ver seu capitão praticar golpes com um bastão especializado fez com que ela piscasse surpresa.

  - Mostre-me do que é capaz... Kusanagi Takeru.

 As palavras de Ouka eram suficientes para colocar uma enorme pressão em Takeru.

 - ...Haa.

 Ele suspirou tentando se livrar da inquietação.

 Ikaruga permaneceu na sala do pelotão como operadora responsável pela comunicação.

 Usagi estava de prontidão no telhado do prédio do outro lado da rua, ela é a atiradora responsável pela cobertura.

 Ouka deveria se infiltrar a partir da porta da frente.

 Takeru entraria pela porta dos fundos.

 - Não há ninguém de guarda na porta dos fundos, como está aí, Ootori?

 - ........... Sem sinais de inimigos aqui também.

 - C-certo, vamos lá!

 Comunicação for trocada para Ikaruga, a operadora.

 - A organização de contrabando não seve ser tão impressionante assim, são apenas uma gangue pequena.

 - Como você sabe disso?

 - Os Capangas que roubaram <Salmos Sem-Rastro> provavelmente não venderiam com uma organização grande porque os riscos seriam muitos.

 Ikaruga realmente parecia convincente.

 Se o outro grupo é pequeno, mais conveniente para o pelotão.

 E a Herança Mágica procurada é de alto nível na medida certa também, assim como organização inimiga era forte. Os parâmetros estavam dentro do nível de dificuldade permitido pela escola, caso fossem muito superiores, a autorização para o despacho da missão seria revogada. Como nesse caso o nível da missão era acessível parra estudantes, a aplicação para a operação foi aprovada.

 Ainda assim era perigoso, a quantidade de alunos da Academia Anti-Magia morrendo todos os anos era consideravelmente grande. Mesmo que os riscos de missões realizadas tenham sido classificados como baixos, acidentes infelizes estavam fadados a acontecer de vez em quando.

 Atento a porta dos fundos, ele invadiu o prédio junto com Ouka.

 - São um bando bem irresponsável, a negociação vai mesmo acontecer aqui?

 - Vou prosseguir, confio minha retaguarda a você, capitão.

 - E-Entendido.

 Cobrindo um ao outro, os dois avançavam gradualmente.

 Ainda assim, Takeru não carregava nenhuma arma de fogo, ele possuía apenas um bastão retrátil e uma katana em sua cintura, ele se sentia patético. O bastão apresentava vantagens ao lutar em espaço fechado, mas fora circunstâncias especiais, uma arma de fogo seria melhor.

 Ouka, por outro lado, levava uma pistola e um bastão. A pistola era uma automática e ainda do mesmo modelo daquelas usadas pela polícia, feita pela Corporação Alchemist da Inquisição e assim, modificada para ser uma pistola Anti-Magia. Seus pontos fortes eram o tamanho compacto e a estabilidade. É feita de um jeito que sirva nas mãos de crianças e mulheres. Em contraste a isso, seu poder apresenta problemas.

 A arma estava carregada com munição anestésica. Normalmente times são permitidos levar apenas balas anestésicas ou de mithril com eles. Uso de balas de mithril é restrito ao caso de encontro com bruxas ou pessoas equipadas com Heranças Mágicas. Fora isso, não se pode utilizar balas letais.

 É uma boa arma secundária, mas falando francamente, a falta de poder de fogo não pode ser negada. Talvez pudesse não ser o suficiente contra uma organização de contrabando desconhecida.

 Mas Ouka escolheu especificamente aquela arma com qual estava familiarizada.

 - ................

 Ouka recobriu a si com calma, não fazia movimentos desnecessários. Ela andava enquanto eliminava qualquer ruído e terminou cobrindo seu ponto de cobertura perfeitamente. Não é de menos vindo de uma antiga <Dullahan>, merecendo cada letra do nome, essa era a impressão que ela passava.

 Ela usava gestos de mão para sinalizar “limpo”.

 Takeru gesticulou para que ela parasse e falou ao aparelho comunicador.

 - Usagi, como está aí?

 - Sé... Sé-sé-sétimo andar, escritório apenas, as lu-luzes estão acesas, há tr- duas pessoas.

 Usagi parecia nervosa como sempre.

 - OK, sétimo andar então.

 - Nã-não estou nem um pouco ansiosa,viu? Nem nervosa também. Se estão pensando dessa forma estão enganados. E-eu estou só... Me concentrando! Me concentrando.

 - Do que você está falando? Eu só perguntei a situação daí de fora.

 Depois de dizer isso, Takeru percebeu algo de estranho.

 - Duas pessoas? O comprador está sozinho?

 - Parece que sim. Eu só consigo ver através da janela, então alguém pode estar oculto. Eu estraguei alguma coisa?

 “O negociante está sozinho. Não, não pode ser. Se a organização fosse passar o objeto por uma única pessoa então faria sentido apenas duas pessoas estarem ali...

 - O- o que nós vamos fazer? Fa-f-faço isso agora? Eu consigo. V-vai ser “molessa”.

 “Não é nada convincente quando alguém diz isso mordendo a língua”

 - Espere, espere, nós precisamos chegar ao escritório antes.

 “A taxa de acertos de Usagi é confiável, mas não se sabe se há mais inimigos dentro”

 - Ootori, dê a volta para o outro lado da passagem, vamos arrombar depois do sinal.

 - ............

 - Ei, Ootori?

 Ouka estava agachada no mesmo lugar, olhando para o teto, que havia nada além de dutos de ventilação.

 “O que ela está fazendo? ”

 Ele pensou que ela estava distraída, então ao invés de usar o comunicador, ele a sinalizou com gesticulações.

 - Afirmativo.

 Um pouco tarde, mas ela fez um gesto e desapareceu.

 “Até agora tudo bem, seria bom se pudéssemos seguir sem mais problemas”

 Takeru subiu as escadas ainda vigilante, ele alcançou o sétimo andar e confirmou a entrada para a sala-alvo.

 - .....!

 Um único guarda estava segurando uma arma e fumando cigarro parado na porta.

 - Uma pessoa confirmada na entrada da sala.

 Ele reportou para os outros membros enquanto esperava Ouka chegar do lado oposto do corredor.

 Eles precisam lidar com a vigilância da entrada antes, do contrário, aqueles dentro do escritório vão perceber Takeru e Ouka se infiltrando. Nesse caso é quase certo que um tiroteio ocorrerá assim que os dois entrassem. O melhor a se fazer na situação seria arrombar no mesmo momento em que Usagi começar a atirar.

 - Va-vamos todos ao mesmo tempo. Usagi vai cuidar das duas pessoas dentro assim que for contado até três. Eu vou invadir e agir como isca para tomar a atenção do guarda, então Ootori, atire nele por trás. Depois eu vou arrombar a porta, hum... Desse Jeito... Tá bem?

 - Afirmativo.

 - Es-esse é um plano bem sólido. Eu entendo, entendo muito bem. A-atirar não deve ser um pr-p-problema, f-falando nisso, eu atiro quando chegar no zero ou no um?

 - Quem vai contar é você mesmo então tanto faz~~. Bem, força aí~~ - Ikaruga adicionou.

 A única pessoa não envolvida diretamente estava bem motivada. Takeru fingiu não ter ouvido isso.

 Ele esperou até que Ouka aparecesse do outro lado.

 Foi quando vozes abafadas no local de transações foram ouvidas.

 - ... Eu vim aqui por conta própria, espero que eu não precise fazer aquilo.

 - Não se preocupe, nós emprestamos o cofre do escritório. Além do mais, não há chance nenhuma de problemas chegarem até aqui, você não vai precisar usar aquele troço maldito.

 - Por mim não importa enquanto você me pagar. Use, revenda, faça o que quiser. Falando nisso, ouvi dizer que sua organização foi dizimada pela Inquisição, será que tudo bem mesmo?

 - Eu disse que não tem problema, caramba.

 Pelas paredes serem finas, as vozes foram transmitidas.

  A julgar pelo conteúdo da conversa, não haviam dúvidas que a informação roubada por Ikaruga estava correta.

 - ... E aí? Trouxe amostras “daquilo”?

 - Assim como pode ver.

 Algo fazia barulho.

 - Realmente. Bom trabalho, já coloquei a recompensa no lugar especificado.

 - Tudo bem mesmo por você? Isso tudo não são só fragmentos?

 Takeru focava no diálogo com o ouvido colado na parede.

 “Fragmentos? Não é o <Salmos Sem-Rastro>?”

 - Isso não tem nada a ver com você, melhor não tentar se envolver nisso.

 - ... Que moça mais fria... Aliás, tenho algo que você pode querer comprar também.

 - .....?

 - Aí, dá uma olhada.

 Barulhos de tecido atritando puderam ser ouvidos.

 - <Salmos Sem-Rastro>, livro de primeira edição que eu furtei em segredo. É com certeza coisa melhor que toda aquela porcaria. E então, quer dar o primeiro lance?

 - ... Vocês são mesmo uns retardados sem cura, não?

 A tensão no lugar diminuiu.

 - Vocês subestimaram a Inquisição. Acharam mesmo que eles não perceberiam?

 - ..... ahn?

 - Mesmo que sua organização tenha sido destruída pela Inquisição, eles vão te perseguir ainda que um livro sequer esteja faltando, até as profundezas do inferno.

 Depois de ouvir algo muito ruim, Takeru não pode deixar de começar a suar.

 “Se eles perceberem o assalto e ficarem mais vigilantes, não vai acabar bem para a gente”.

 - Estou na posição combinada. Aguardando ordens.

 - Ouka se manifestou no momento perfeito. Takeru segurou o bastão pendendo em sua cintura. Preparou-o e testou a corrente elétrica.

 - Todos prontos?

 - Sem problemas.

 - A qual-q-qualquer hora!

 - Ouvindo as respostas ele tensionava seus pés. Olhos começavam a se afiar.

 - Começar... Missão!

 Takeru chamou a atenção do oponente ao pular da esquina.

 Claro que o guarda, percebendo sua presença, apontou o cano da arma para ele.

 Sem parar, Takeru avança em direção dele segurando o bastão em sua mão esquerda.

 Um ataque suicida, falso, é claro.

 Dois tiros nas costas fazem o guarda cair no chão.

 Ouka fez tudo de acordo com o plano.

 Ao mesmo tempo.

 - E-eu consegui, eu cuidei dos dois idiotas no escritório. Olha, Kusanagi, só pode ter sido coisa minha, mesmo.

 O tempo de ação da atiradora estava um pouco adiantado, provavelmente porque ela estava nervosa, mas não havia problema.

 Para entrar no escritório, eles passaram pelo corpo adormecido do vigia e pararam de costas para a porta.

 Ouka, para quem ele olhava, assentiu com a cabeça em confirmação. Takeru chutou a porta e correu para dentro.

 - Inquisição. Todos parados!!

 Takeru estava satisfeito que tudo corria sem problemas.

 Haviam ganhado os primeiros pontos, longe de atingir a cota, mas pelo menos havia esperanças.

..................

 - .... ahn?

 Takeru olhava pela sala, estupefato.

 Definitivamente, Usagi confirmara antes da entrada, via rádio: duas pessoas dentro. Impossível ele ter se enganado.

 Apesar de tudo isso...

 Lá estava, sete cavalheiros vestidos de preto apontando suas armas em sua direção.

 - Hm, senhorita Usagi?

 - O que, você viu? Acabei com os dois deles! Impressionante, não? Acertei a dupla bem no meio dos cérebros apodrecidos deles. Ohohohohohohoho.

 - Erm, na minha frente tem sete moços que acabaram de me rodear.

 - Impossível, eu acabei com duas pessoas em uniformes de guardas, parados na janela, com certeza!

 Takeru percebeu o que havia acontecido no mesmo segundo.

 - ...Você... Esse... Não é o prédio do outro lado?

- ....Ah?

 - Você abateu seguranças de hotel, se olhar com cuidado vai perceber.

 - E-essas co-c-coisas... acontecem.. De vez em quando.

 “Como se acontecessem! E se não fossem balas tranquilizantes? ”, era o que Takeru gostaria de responder, mas isso também era erro do capitão.

 Ele deveria ter adivinhado que algo assim aconteceria por causa do incurável medo de palco que Usagi tinha.

 Havia sete inimigos, para ser exato. Sete deles eram homens com aparência de mafiosos vestidos de colete e chapéus, então os rostos não eram visíveis. Uma das silhuetas era provavelmente de uma moça.

 E mais outra coisa.

 Por último, estava a existência do mais inesperado. Ele imaginava por que algo como aquilo estava fazendo num lugar como aquele.

 Humanoide e revestida em armadura pesada. Uma silhueta circular e bem maior que um humano.

 Sem dúvida, desocupada no momento, mas é um exoesqueleto encouraçado de infantaria usado pela Inquisição no passado: um <Dragoon>.

 “Mas que droga é essa?! Nunca ouvi falar de uma organização tendo um desses!!”

 Não importa o quanto se pensasse, não é algo que alguns bandidos teriam. Parece que o julgamento de forças inimigas de Ikaruga estava errado também. É perigo demais para ser uma negociação de Herança Mágica classe D.

 Diferente dos sete homens confusos, a moça já estava com uma das pernas para fora da janela.

 - Viu? É como eu disse pra vocês, tô saindo. Deem um jeito aí.

 Depois de dizer isso, a moça chutou a janela. Antes de pular, ela olhou nos olhos de Takeru.

 - *Tsc*Espere aí!

 Takeru tentou agarrá-la antes que ela pulasse. É o sétimo andar, humano normal não poderia evitar um acidente feio.

Mas antes que Takeru pudesse alcançar a janela, um homem que parecia ser o líder apontou sua arma para ele.

 - Quietinho aí....

 - O-o cara disse que era da Inquisição, ferrou, não?

 - Não fique tão assustado, temos um Dragoon aqui. E outra, olha pra esse cara, ele não é um inquisidor completo. Ele é de um pelotão de testes. Ei, você é um estudante da Academia Anti-Magia, não? Que droga você veio fazer aqui?

 Em adição do homem que parece ser o líder, 5 pessoas estavam atrás dele. No canto da sala, um capanga segurando o <Salmos Sem-Rastro> murmurava alguma coisa.

 Uma situação desesperadora, ele poderia vencer no um-contra-um usando o bastão, mas excluindo o Dragoon, era sete contra um.

 - Ootori... Não venha

 Para disfarçar sua mensagem, ele disse como se estivesse suspirando.

 Se eles percebessem que havia mais uma pessoa atrás, Ouka seria arrastada para a confusão.

 O líder dos bandidos sorria sem medo, seu sorriso era o de uma pessoa certa de sua vitória. Takeru vira esse sorriso muitas vezes antes. Se tivesse o mesmo orgulho de dois anos atrás, ele com certeza teria revidado.

 - Aha-hahaha... Hum... E-eu só fiquei meio perdido no meu caminho de volta da escola.

 O Takeru de agora não era tão inconsequente como antes, revidar todos eles era impossível.

 Ele montou alguma desculpa esfarrapada e sorriu nervoso.

 - Oooh, entendo. Se perdeu, puxa que problemão, não?

 - Eeh, è mesmo... haha.... hahahaha.

 - HAHAHAHAHAHAHA!

 - Aha, ahahahaha.

 - Por que é que você tá rindo?! Fim da linha pra você, filho da mãe.

 No momento seguinte, o líder mostrou a língua em deboche e colocou o dedo sobre o gatilho. Takeru acompanhava com os olhos esse movimento.

 “O que fazer? Qual é o melhor plano de ação? ”

 Ele soltou o bastão e tocou a katana na cintura com seus dedos.

 Riu de si mesmo dentro de sua cabeça por pensar que poderia fazer algo com ela, é tão irreal. Uma espada vencendo uma arma. Ridículo. Alguns anos atrás ele teria avançado sem pensar, mas agora ele não estava em condições para nada.

 “Eu posso cuidar de dois... Três no máximo e provavelmente vou tomar alguns tiros depois do terceiro”

 “Estar em um lugar fechado ajuda, mas os números não. Devo estar preparado para morrer depois de fazer um ataque suicida”

 “Meios de sobreviver a isso lutando... Nenhum sobrando”

 “.... Não,”

 Havia uma única, uma saída para Takeru.

 “ Não... Não posso. De qualquer forma vai ser desastrosa para mim no final”

 Tendo apenas um único jeito de sair dessa, Takeru estava aflito.

 A escola proibida da esgrima estilo Kusanagi. Uma técnica tabu. Era a única escapatória.

 Takeru balançou a cabeça e tirou a mão da espada.

 Ikaruga deveria estar ciente da situação, ela contataria a diretoria da Inquisição para despachar os <Spriggans>(Cavaleiros) e até que eles chegassem, ele ganharia tempo conversando.

 - Ei, olha pra esse cara. Ele tá carregando uma katana? Ele não tem nenhuma arma e ao invés disso, carrega uma katana! Gahahahaha! Será que ele tá bem da cabeça?

 Um dos inimigos insultou Takeru, ato que levou todos, por acompanhamento, a rirem juntos.

 - A Inquisição esses dias está voltando às origens! É o terrível grande samurai!

 - Esses dias até a polícia é obrigada a carregar armas. O pirralho deve ser doido.

 Risadas insultando em “Gahahahaha” ecoavam. Takeru parou o movimento das mãos e seus olhos, completamente arregalados.

 - Ele tem um parafuso a menos na cabeça. Ultrapassado, vamos ouvir você falar –de gozaru

(Nota de tradutor: Samurais no Japão possuem o estereótipo de terminar suas frases com –de gozaru, demonstrando cordialidade)

 Um fluxo interminável de insultos e desprezo, coisas que ele ouvira muitas e muitas vezes antes. Uma sombra lentamente se formava no rosto de Takeru.

 Ikaruga, que percebeu a situação falava para ele pelo comunicador.

 - .....Droga. Kusanagi, não dê ouvidos a eles. Você perder a calma nessa hora é a pior coisa que pode acontecer.

 - ........ Eu sei......

 - Tente enrolá-los, prolongue a conversa. Você não é mais o mesmo de antes. Admito que é minha culpa por não investigar tudo isso completamente, por favor me ouça.

 - Eu sei disso!!

 O sangue de Takeru estava fervendo. Ele sentia sua cabeça entrando em ebulição, ele cerrou os dentes.

 Na pior das situações o lado negro de Takeru começava a emergir.

 “Segure... Aguente firme... Não sou mais o mesmo, não vou conseguir viver nesse mundo se eu estourar por cada coisinha... A espada ser inferior à arma é algo óbvio e você entende isso, Takeru! Deixe esse orgulho besta de lado! Lide com isso, tolere! ”

 Ele mordia o lábio forte o suficiente para que este começasse a sangrar em tentativa de se acalmar com a dor.

 “Não é como se isso fosse coisa de agora... Resista isso... Resista, resista, resista, resista, resista, resista...!”

 Takeru tentava desesperadamente suprimir sua raiva. Se ele perdesse o controle ali, outros membros seriam prejudicados também. “Isso tem que ser evitado”, pensando assim, ele controlava sua raiva.

 - Técnicas de espada? Pra que serve uma porcaria dessas?  Você não vence nem magia nem armas de fogo com essa sucata. Já deu, doido do ferro-velho – Disse o líder deles.

 Parecia um som como se houvesse um estalo dentro da cabeça dele.

 - Ai, ai, ai, acabou. Faça o que precisar fazer.

 O suspiro de Ikaruga não mais alcançava os ouvidos de Takeru.

 - Não se preocupe, não vamos matar você agora, pelo menos não até vendemos seus órgãos. Hahaha, vamos só fazer um buraco na sua perna, você deve ser capaz de aguentar esse tanto, certo?

 Vozes do inimigo não mais alcançava sua cabeça. Nesta situação, não podia mais se parar.

 O chefe apertou o gatilho com mais força.

 No mesmo tempo, Takeru tocou sua katana.

 Mas-

  As balas se desaceleravam, como um vídeo em câmera lenta.

 Não só balas, tudo no campo de visão de Takeru era visto em câmera lenta.

 Fogo saindo do cano das armas, cabelo levantando pelo impacto, poeira voando pelo ar. Até mesmo o barulho fora do prédio. Tudo.

 O corpo de Takeru não era exceção. Ele puxou a katana de sua bainha, se esforçando como se estivesse submerso em cimento, sua própria velocidade diminuía.

 O mundo se tornara inerte, passivo, lento.

 Mas não era o que realmente estava ocorrendo, era exatamente o oposto.

 O mundo ao seu redor não havia mudado de velocidade, o tempo fluía normalmente.

 Era ele que havia acelerado.

 E deixado tudo para trás.

 Era o cérebro de Takeru.

 E apenas isso.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

TG35SS - Volume 3: As Gêmeas Alquimistas - O Grito das Alquimistas: Prólogo [Parte 2]