TG35SS - Volume 2: A Luta da Bruxa - Uma Batalha Pela Esperança: Capítulo 1 - A Bruxa com Amnésia [Parte 2]

 

                                                         Parte 2

 

 - Bem... Hum... Há uma relação entre a falha da recitação do feitiço e a performance da fórmula relativa, devo ter ensinado essa profunda ligação nas aulas anteriores... Erm, primeiramente, o mais importante é o procedimento operacional que converte efetivamente a energia mágica em um feitiço de fato, é quase como se fosse um programa...

 A voz do professor causava uma poderosa sonolência. A aula de ciência de procedimentos operacionais era sempre silenciosa. Até mesmo os mais dedicados alunos sentiam suas pálpebras pesarem durante aquele período, no entanto, a situação estava diferente nos últimos dias.

 A sala estava estranhamente agitada e além da voz do professor, havia vários sussurros ressoando por todos os cantos.

 - Aquele boato, será que é mesmo verdade?

 - Que foi o esquadrão dos zeros-a-esquerda que derrotou o Herói? Não pode ser.

 - Mas quem contou tudo foi o cara que assistiu ao vivo. Apesar de que ele acabou saindo da escola no final, que covarde.

 - Olha só quem fala, você nem sequer participou da batalha. Enfim, os <Dullahans(Caçadores de Bruxas)> não foram enviados e os <Spriggans(Cavaleiros)> foram todos derrotados, eu fico pensando quem é que acabou com o Herói afinal.

 - Não sei como começou, mas tem outra história de um cavaleiro de armadura roxa ou azul que derrotou ele.

 - Pfffff, qual é, isso aí não é um delírio causado pelo medo?

 - Me contaram que esse cavaleiro de armadura era de meio parecido com o capitão do pelotão dos zeros-a-esquerda.

 - Ah eu ouvi isso também. Talvez seja algum portador de Devorador de Relíquias?

 - Nesse caso o cara teria que ser um <Dullahan>, não? Só assim para ser um possessor de um Devorador de Relíquias.

- Essa é boa. Ele não consegue nem usar armas, imagine Derrubar um Herói usando uma espada? Até parece.

 Vários colegas de sala encararam Takeru de uma vez.

 Takeru, cujo assento se localizava no meio da sala, se encolheu. Aquela era a primeira vez em que ele recebia tanta atenção, mas na verdade ele não se sentia muito bem com toda a situação, ainda que a maioria dos rumores estivessem corretos.

 Ao menos ele não recebia tantos olhares de desprezo quanto antes.

Aliás, ele não recebia nenhum olhar daquele tipo.

 O diretor pressionou Takeru para que ele não revelasse informações sobre o contrato com uma Devoradora de Relíquias. Como Takeru era um estudante antes de ser um <Dullahan> temporário, era preciso manter a disciplina e a postura.

 - Falando nisso, muita coisa mudou ao redor do Kusanagi, não é?

 - Realmente. Ootori Ouka no pelotão dele e... “Ela”, certo?

 - É. Aqueles dois não são irmãos. Eles não se parecem nem um pouco.

 - Mesmo se ela fosse a irmã adotiva, algo ainda não me cheira bem.Tudo isso me parece meio suspeito... do nada ela aparece do lado dele.

 O alvo de observação dos estudantes mudou de Takeru para a cadeira ao lado dele.

 O lugar bem ao lado se encontrava colado com o de Takeru, ainda que devesse existir um intervalo de um metro entre eles.

 Aquele era claramente uma disposição estranha de assentos. Dúvidas envolvendo Takeru não eram as únicas causas para toda aquela atenção, sua vizinha estranha também motivava a inquietação. Com um olhar severo, ela puxou levemente suas roupas.

 Era um ato bem modesto para se chamar a atenção.

 - ...Onii-chan.

 “Onii-chan” era como ela se referia a ele.

 Takeru era forçado a olhar para ela.

 Olhos em um lilás profundo, com cabelos na mesma tonalidade. A garota usava um vestido roxo e sentava-se ao lado dele.

 - Eu tenho uma pergunta, Onii-chan.

 Seu nome era Lapis Lazuli e naquele mês ela havia sido transferida para a mesma sala que Takeru.

 Sua verdadeira identidade, no entanto, não era a de uma humana. Ela havia firmado um contrato com Takeru durante o ataque do Herói a um mês antes. Ela era uma Devoradora de Relíquias e seu nome verdadeiro era [Malleus Maleficarum, Tipo Crepúsculo: Mistilteinn], uma Herança Mágica poderosa que possuía vontade própria. Apesar de Heranças Mágicas tomando forma humana ser algo documentado em registros acadêmicos antigos, não havia nenhum exemplo nos tempos modernos e por isso era tratado como um artefato inestimável.

 Não havia outros detalhes além do que já se sabia. Mesmo o contratador, Takeru, não havia ouvido nada do diretor Ootori Sougetsu.

 Uma forma de vida misteriosa estava tomando Takeru como sua presa.

 O problema era a forma que Lapis o chamava: “Onii-chan”

 

“ – Mesmo dentre Devoradores de Relíquias, Mistilteinn é ‘especial’ e quer estar ao lado de seu contratador a toda hora. ”

 “ – Hã?”

 “ – É por isso que ela fará parte da sua vida, eu gosto da forma humana daquela garota então para evitar confusão entre os estudantes, eu vou colocá-la em sua classe como uma nova aluna. Ah, e eu acho que alguns alunos viram sua forma de [Caçador de Bruxas] de qualquer jeito mesmo, então mesmo se eu pedir pra você manter segredo é apenas por uma questão de formalidade. ”

 “ – Tá, eu entendi. “

 “ – Eu também preparei os documentos para ela. Dê uma olhada. “

 Sougetsu entregou um pedaço de papel para Takeru.

 Entortando o pescoço em dúvida, Takeru aproximou o documento e olhou para o nome e a foto em sua frente:  Kusanagi Lapis.

 “ – EI EI EI!

 “ – Ahahahaha! A pronúncia ficou meio difícil, não foi? Desculpe. “

 “ – Espere um pouco aí, não importa como eu olhe, ninguém vai engolir uma dessas! “

 “ – Seria um belo de um problema se vocês dois grudassem um ao outro como supercola, certo? Se vocês forem irmãos então fica tudo resolvido. Ou você não gostou e queria uma irmã mais velha? “

 “ – Não é esse o problema! Além do mais, eu já tenho uma irmãzinha! “

 “ – Ter várias irmãzinhas é uma boa coisa, eu fico com inveja. “

 “ – Mas do que é que você está falando? ”

 “ – Já foi decidido, de agora em diante Lapis será publicamente sua irmãzinha. Boa sorte! Ela vai ser sua irmã adotiva então até mesmo contato físico extremo vai ser aceitável. Parabéns~ onii-chan~Ahahahahaha, seu danadinho. “

 

 “ ‘Parabéns~ onii-chan~ é o caramba! Aquele diretor...”

 Honestamente, Ele pensava que a situação em que ele ganhava uma nova irmãzinha era horrível. E que aquela raposa de diretor deveria estar se divertindo ao fazer Lapis chamá-lo de onii-chan.

 Em primeiro lugar, ele já tinha uma irmãzinha de verdade. Ele não podia encontrá-la frequentemente por circunstâncias complicadas.

 Até mesmo Ikaruga chamava-o de “Irmão coruja” por mimar tanto sua irmãzinha.

 Por isso, a súbita expansão no número de parentes causava dor de estômago em Takeru.

 Havia outro ponto essencial: se Takeru cancelasse o contrato, apenas a morte o aguardava.

 Isto porque as metades de cima e de baixo do tronco de Takeru estavam juntas graças à energia mágica de Lapis e sem isso, seu corpo voltaria para a condição original: separados.

 Ele estava em uma situação em que contrariar Lapis e Sougetsu não era uma opção. Por isso ele deveria responder a garota. Ele precisava responder, mesmo que tivesse sido a 104° pergunta naquele dia.

 - ...P-Pergunta? Qual?

 - Ciência de procedimentos operacionais, por que é uma matéria obrigatória?

 “Não pergunte pra mim” era o que ele queria dizer, mas Takeru deu uma resposta séria.

 - Ugh... Para podermos examinar traços de magia em uma investigação, pelo que nos dizem... Era algo como... Um filtro, eu acho? Tem uma máquina que faz com que alguém possa ver através de alguma coisa e confirmar magia residual para um time de investigações. Usando filtros mais específicos, é possível entender que tipo de magia teria sido usada no procedimento mágico, ou coisa parecida.

 - Entendo. De fato, havendo ciência do tipo de operação procedimental utilizada para a magia em questão torna muito mais fácil selecionar a substância anti-magia adequada para neutralizar os efeitos posteriores. – Dizia monotonamente Lapis assentindo com a cabeça.

 Acabado o interrogatório, ele normalmente teria ficado aliviado, no entanto,

 *Encara*

 - ............

 - ............

 Mesmo depois de receber uma resposta para a sua pergunta, Lapis não parara de olhar na direção de Takeru. Durante aulas, refeições e outras ocasiões, ela sempre esteve encarando seu “Irmão”.

 Ele era fraco quando se tratava em lidar com ela.

 Por exemplo, de repente Lapis sumia, quando na verdade ela estava atrás dele. Ele realmente achava tudo isso um pouco assustador. Ele se incomodava especialmente com aqueles olhos, pareciam com um abismo marinho para o qual você poderia ser sugado.

 - ...Onii-chan.

 - Hum?

 - Por que você está fazendo uma cara de dor quando você olha para mim?

 - Ah não, não é nada demais.

 - Compreendo. Quando te chamei mais cedo, pude perceber um aumento em sua temperatura corporal e ritmo cardíaco. Caso sua condição física piore, não hesite em comentar.

 - Eu estou bem...!

 *Encara*

 - ............

 Lapis trouxe seu rosto para mais perto do de Takeru.

 A distância entre os dois beirava os 10 centímetros. Visto de longe parecia quase como um beijo.

 - Entendido, se esse é o caso... Então está tudo bem.

 Dizer isto não fez com que Lapis parasse de aproximar seu rosto.

 A distância chegava os 3 centímetros. O olhar de Takeru estava travado nas pupilas de Lapis.

 Os colegas de sala ao redor estavam empolgados, esperando que algo acontecesse.

 - E-eu exi-exijo uma troca de lugares, por favor!



 Repentinamente, a garota sentando na frente de Takeru se levantou em um pulo e declarou uma exigência.

 Cabelos levemente loiros e de baixa altura. Sua marca registrada era um lenço amarrado no cabelo, o que a fazia parecer-se com um coelho.

 Saionji Usagi, membro do Pelotão dos Zeros-à-Esquerda, mesmo que o de Takeru. Usagi e Takeru normalmente estariam em classes diferentes para a aula, no entanto, a quantidade de vítimas hospitalizadas e o número de pessoas deixando a escola fizeram com que uma única grande classe se formasse. Todos os membros do 35° Pelotão estavam nela.

 Com a declaração de Usagi, a sala inteira borbulhava. Ela, que tinha um enorme medo de palco, havia subitamente pedido uma troca injustificável de assentos. Fosse aquela uma situação normal, ela nunca teria feito o mesmo.

 Usagi tremia intensamente e seu rosto se avermelhava cada vez mais. Ombros se aproximavam do pescoço enquanto ela respirava pesadamente.

 O professor de ciência de procedimentos operacionais se virou suavemente para dirigir seu olhar para Usagi.

 - Hm? Saionji, por que uma troca de lugares? Nós estamos no meio de uma aula de procedimentos operacionais agora...

 - Erm, hmmm, é que... Kusanagi Lapis-san e Kusanagi são irmãos e.... é estranho irmãos sentarem próximos um do outro.

 - hm? É tão estranho assim?

 - M-mais que e-estranho... N-não é saudável!

 “ Por quê...?!” – Era o que provavelmente toda a sala pensava.

 O motivo para a pedido ainda era desconhecido e a toda a sala estava envolta em um silêncio absoluto.

 No entanto, apesar de até mesmo Takeru se perguntar tal coisa, o olhar de todos estava apontado para ele.

 “ Não é saudável.”

 “ Nem um pouco. “

 “ Eu já imaginava. “

 “ Tarado por irmãzinhas. “

 “ É um clima estranho demais. “

 E assim, por alguma razão, Takeru recebeu uma chuva de olhares que o condenavam.

 “ Por quê?!”

 Em reação ao tratamento injusto recebido por ele, Takeru quase começou a chorar. O desprezo do grupo das garotas era doloroso e os olhares de inveja dos outros garotos arrancava pedaços.

 Depois de receber uma super-humana perfeita como Ootori Ouka em seu pelotão, a presença de Lapis era como colocar mais lenha na fogueira.

 Mas a troca de assentos era uma boa ideia.

 Por sorte, a situação se tornou difícil para o professor, que começou a considerar tal sugestão.

 Se as coisas saíssem conforme o esperado, ele poderia escapar daquela situação embaraçosa.

 - Mas eu não quero.

 Sem mover um músculo para a expressão facial, Lapis abraçou o braço de Takeru.

 - Se eu não estiver conectada com Onii-chan ele não vai poder existir. Isso significa que se eu me separar do onii-chan, ele vai morrer.

 “ Estranho, apesar de tecnicamente correto, esse modo de falar é estranho”

 - Onii-chan pertence a mim e eu pertenço ao onii-chan.

 O que ela dizia não carregava nenhuma mentira.

 Ainda assim, pessoas que não sabiam das circunstâncias não podiam deixar de estranhar.

 - C-conectados... Não, não pode ser...

 - Irmãos...

 - Tão apaixonados que morreriam se se separassem.

 - Se mate, seu monte de lixo.

 - Seu protagonista maldito.

 Com vários comentários voando pela sala, Takeru não tinha mais como não derramar lágrimas. Lapis apenas inclinou a cabeça, curiosa. Usagi estava com o rosto totalmente corado e mesmo com a sua boca se movendo, as palavras não saiam mais.

 Naquele cenário de guerra não haviam aliados de Takeru e quando ele estava se convencendo disso,

 - ...Professor.

 Uma fala e um som de cadeira arrastada foram ouvidos.

 Depois de se virar, havia uma garota com cabelos cor de sol poente.

 Ootori Ouka se levantou.

 - Eu também recomendo a troca de lugares.

 Sua visão estava mirada em Takeru.

 Ela também olhava para Takeru com menosprezo.

 - Além do fato de que irmãos estão sentados adjacentes um ao outro, é ainda mais estranho ver que as mesas de ambos estão juntadas durante as aulas. Além do mais, ter os dois distraindo a sala é inaceitável. Pelo menos instrua-os a deixar as carteiras na diagramação original.

 Ao contrário da usada por Usagi, aquela era uma justificativa bastante razoável.

No entanto, seus olhos estavam assustadores, quase emitindo uma aura hostil. Tal aura não era de Ouka do pelotão dos Zeros-à-Esquerda, mas da <Calamidade(Princesa Lótus Rubra)> dos <Dullahans.

 “Por que você está brava comigo? Você sabe de toda a situação!” – ele gesticulava.

 Mas Ouka continuava a emitir ondas de agressividade enquanto o encarava e apontava para Takeru. Tentando se comunicar em vão, ele apenas deixou os ombros caírem e suspirou.

 Olhando de volta para seu braço, Lapis ainda estava agarrada a ele.

 Segurando firmemente com ambos os braços em torno do dele, a garota o encarava sem expressão alguma.

 Não era possível desvendar o que ela sentia no momento, era como se ele estivesse sendo segurado por uma boneca.

 Porém, por algum motivo, seu corpo era estranhamente morno.

 “Seria isso... Solidão?”

 Ele já havia se isolado da sociedade no passado, mas ostracismo era a primeira vez. Seu coração congelara além de suas expectativas.

 

  40 mortos. 5 desaparecidos. 75 feridos. 5 construções obliteradas. 27 pessoas que deixaram a escola voluntariamente.

 Este havia sido o dano que a escola sofrera no ataque do Herói no mês passado. Considerando o estrago do resto da cidade, as casualidades e prejuízos para a Academia haviam sido muito menores.

 O incidente estava sendo reportado massivamente nos jornais, rádio e televisão. Era a primeira vez dentro de uma década que a humanidade havia sofrido um golpe tão devastador. Desnecessário dizer que a população, vivendo pacificamente até então, estava em choque.

 Por causa disto, a influência da Inquisição havia sido abalada: forças de segurança dos <Spriggans> haviam sido reduzidas; o alto escalão da instituição fora criticado pela falta de um protocolo de crises e emergência e vários outros problemas que brotaram logo após o ataque e a repercussão na mídia.

 No entanto, uma rápida operação secreta permitiu esconder o verdadeiro número de vítimas e outra manobra na mídia concedeu à Inquisição o privilégio de dizer que, comparado com a invocação do Herói feita na última Guerra de Caça às Bruxas, o dano recebido no incidente era muito menor mesmo considerando as falhas. Tal declaração fez com que a opinião pública voltasse a aceitar a Inquisição.

 As coisas se resolveram em uma velocidade inesperada impressionante.

 As aulas voltaram uma semana depois do ataque e os pelotões operavam sob as mesmas condições de antes.

 

 Era agora o segundo período do dia da volta às aulas.

 - ...Humm.

 Depois da aula de ciências de processos operativos ter acabado, o pelotão dos Zeros-à-Esquerda aproveitava o intervalo dentro da sala.

 Takeru timidamente chamou os outros membros e um sentimento de ameaça encheu o ar ao redor dele.

Ouka estava sentada de costas para o ar condicionado, Usagi se virava com o cotovelo na mesa.

 Ikaruga sorria assistindo àquelas duas.

 Depois de derrotar o Herói com a cooperação de todos, Takeru imaginou que eles haviam se unido um pouco, mas o time já estava caindo aos pedaços como antes.

 - ... Certamente eu aprovei ,com certas dúvidas, Ootori Ouka quando ela foi transferida como um caso especial. Mesmo eu estando relutante... Mas eu não ouvi falar de um extra vindo com ela. – Disse Usagi em um tom educado.

 - Eu também não ouvi falar sobre a forma humana. Eu deveria ter perguntado antes para um certo “pai” idiota. Expor uma Devoradora de Relíquias ao público... não dá pra acreditar, isso é uma ompleta violação das regras. – Ouka também protestou.

 Ikaruga, estirada em uma cadeira virou a cabeça em direção a Takeru.

 - ... Olha quem está aqui, o rei do harém.

 Com Ikaruga daquele jeito Takeru não tinha como se esconder, então ele se sentou no meio das três.

 - Harém... Normalmente as pessoas pensariam em algo diferente dessa situação.

 - Será mesmo? Acho que é bem invejável na perspectiva de um cara normal.

 - Tanto que não tem nenhum deles me olhando de outra forma...

 Se aproximando dele, Ikaruga arrastou uma cadeira para seu lado e gentilmente o abraçou.

 - ...Pode ir se acostumando.

 Ao olhar para o lado, Takeru percebeu Lapis com uma expressão enigmática, ela parecia insatisfeita com algo.

 Ela se aproximou com passos apressados e se sentou rispidamente bem ao lado dele.

 Seus ombros se relaxaram, assim como os de Takeru.

 - Pode falar, você na verdade está super feliz, não? Kusanagi, no fundo você é um tarado usando pele de inocente, não é mesmo, onii-chan?

 - Não diga onii-chan! Estar contente ou não, isso não é o problema. Em primeiro lugar, por que é que EU sou o culpado aqui? O que foi que eu fiz?

 - Talvez você tenha formado um contrato com uma Devoradora de Relíquias sem consultar a gente? Vamos dizer que a justificativa seja... porque sua vida dependia disso. Mas o que há com essa criança? Diga para ela ficar comportada em forma de espada. Faça alguma coisa, você é o contratador dela, não?

 Mais uma vez, Usagi não tinha argumentos convincentes.

 - Concordo totalmente com isso. Um produto de magia vagando livremente por aí, não posso aceitar isso. Além do mais, Kusanagi, você está se acostumando muito fácil com isso. Degenerado.

 Ouka expressava sua “alergia” à magia com língua afiada sem esconder a aversão à Lapis.

 Takeru não odiava Lapis. Ele podia não ser bom em lidar com ela, mas como arma, ela era de primeira classe. Ele não carregava nenhum ressentimento de Heranças Mágicas. Ele achava estranhamente fofo a afeição dela por ele.

 Mas os outros olhos que o condenavam eram frios. Com tantos mal-entendidos, Takeru começava a se preocupar

 Para ele, tal insatisfação era um problema, pois quando o diziam para afastar Lapis, ele se sentia  mal.

 Takeru olhou para Lapis se agarrando em seu braço.

 Lapis percebeu Takeru olhando para ela e inclinou a cabeça.

 Quando ela olhava para ele daquele jeito...

 “ ... se for algo inofensivo como só olhar... que eu não desgosto...”

 Ele na verdade, gostaria de acariciar a cabeça dela.

 O antes preocupado Takeru estava mostrando um rosto satisfeito.

 - EEIIII!!!? X2

 Percebendo aquela expressão, Ouka e Usagi encararam friamente para ele.

 - E-esperem um pouco, não é o que parece. Eu não estava assim porque ela tinha me abraçado. Eu só achei que vocês estavam sendo muito cruéis com ela e eu senti pena!

 - ................. X2

 - Além do mais, ela sequer me dá ouvidos!

 Ele tentava desesperadamente encontrar desculpas apesar de ser pego no ato. Os olhares ameaçadores das duas assustavam ainda mais sua capacidade de advogar.

 Bastante intimidado, Takeru se levantou e procurou abrigo por trás de sua cadeira.

 - Puxa vida, vocês duas não conseguem ser mais diretas? Não é muito mais fácil... Fazer isso...

 Ikaruga, depois de se divertir assistindo ao desenrolar de toda a cena, se levantou e se aproximou de Takeru.

 E o abraçou, fazendo com que ele ficasse preso entre seus grandes seios, completando a investida, ela enroscou suas pernas ao redor do corpo de Takeru.

 - Suginami-san?! Alô? Suginami-san?!

 Agitado, Takeru a chamava com um tom mais respeitoso em desespero. Ikaruga apertou o abraço, procurando colocá-lo mais fundo em seu peito cativante.

 - Vocês duas também devem querer fazer isso, não? Ele nem vai tentar resistir, ele é um tarado disfarçado mesmo. Olha só para ele.


 Takeru estava sendo espremido pelo decote de Ikaruga. Lapis estava atrás dele, sem expressão alguma. Ouka e Usagi estavam chocadas e corando intensamente.

 - Hum, e-ei, não se debata assim...  P-pare, idiota! Se você... Esse lugar é... Hyaann~~

 Apesar da intenção de Takeru ser de se afastar do aperto, por sorte ou azar, sua mão escorregou para dentro da camisa de Ikaruga e agarrou seus seios.

 Um sentimento de êxtase supremo corria por sua mão e procurando puxá-la de volta, Takeru percebeu,

 “ Esse tamanho... E sem sutiã?! ”

 E o tal ocorrido só comprovou a afirmação de que ele era um tarado não assumido.

 Desnecessário dizer, mas Ouka e Usagi, assistindo todo o desenrolar, fitavam Takeru como demônios.

 - Se afastem agora! Seu ogro molestador!! X2

 De repente, os alto-falantes no teto da sala chamaram a atenção com um sinal sonoro introduzindo algum aviso.

 Todos pararam e ouviram atentamente.

 - Primeiros-anistas, membros do 35° pelotão, por favor comparecer na sala do diretor o quanto antes possível. Repetindo. Primeiros-anistas...

 Os que foram chamados eram claramente todo o pelotão dos Zeros-à-Esquerda.

 Do meio dos seios de Ikaruga, Takeru se perguntava sobre o que se tratava.


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