TG35SS - Volume 2: A Luta da Bruxa - Uma Batalha Pela Esperança: Capítulo 1 - A Bruxa com Amnésia [Parte 1]
Parte 1
A parte mais profunda da Academia Anti-magia, a
prisão mais segura da área secreta. O lado negro da escola.
Ao contrário das áreas onde bruxas inocentes
moravam em casas temporárias, esta era uma prisão onde os piores criminosos da
Inquisição eram detidos.
Toda a estrutura aplicava meios para
neutralizar magia. Aqueles que paravam em um lugar como este eram culpados por
crimes cometidos contra a humanidade.
- Esse lugar passa uma aura ruim como sempre,
você também não acha, Kurogane-kun?
- Já me acostumei com isso. – Respondia
indiferente o homem.
Caminhando pela penumbra do corredor da prisão
interna, o diretor da Academia Anti-magia conversava com o homem andando ao seu
lado.
Seu nome era Kurogane
Hayato e ele era o próprio capitão do EXE, ou seja, ele era a pessoa mais
influente dentro dos <Dullahans>.
O homem estava vestido com um uniforme todo
preto, adornado com medalhas da Inquisição simbolizando a Academia Anti-magia:
Um círculo mágico rasgado por uma cruz e adjacente à primeira. Havia um outro
emblema com um cavaleiro sem cabeça, simbolizando a primeira força negra.
Negra porque era a tropa de elite da primeira
divisão de investigadores da Academia Anti-Magia, conhecida como <EXE>. Os
<EXE> eram forças especiais que carregavam armamento anti-magia além de
Devoradores de Relíquias.
Sougetsu lançou um
olhar cético para Hayato, que mostrava um comportamento pouco amigável e olhou
ao redor.
Na parede do corredor haviam múltiplas
máquinas que pareciam relógios antigos imitando caixões com luzes pálidas
vazando de visores de vidro.
- Não parece um cemitério? Não sei se devo
elogiar a resistência da sua sanidade por se acostumar com um lugar como esse.
- Perdão, mas foi o senhor que ordenou a
construção deste local, diretor.
- Eu os instruí a fazer, mas não disse nada
sobre deixar tão branco e assustador - Sougetsu reclamava insatisfeito enquanto
observava os caixões.
Caso alguém olhasse para dentro das pequenas
aberturas de vidro, seria possível ver pessoas no interior.
Os aparelhos semelhantes a caixões alinhados
na prisão interna eram chamados de “Damas de Ferro”, celas de contenção feitas
para aprisionar bruxas e feiticeiros.
Se alguma bruxa particularmente poderosa
precisasse ser restringida, os típicos materiais anti-magia não seriam o
suficiente. Por serem difíceis de se controlar quando acordadas, tais máquinas
foram projetadas.
As bruxas seladas ali estavam em um estado de
animação suspensa, incapazes de sequer sonhar.
Os colares eletrônicos de supressão selavam os
poderes mágicos das bruxas, mas possuíam um péssimo custo/rendimento.
Por isso não havia outra maneira de mantê-las
no sono a não ser por uma grande força.
- E então? Como é o estado da garota?
- Depois da captura ela desmaiou e parece que
ela perdeu a maior parte das memórias dela também.
- Amnésia... isso só complica mais as coisas.
- Meu palpite é que seja o efeito de algum
feitiço colocado para prevenir vazamento de informações. De acordo com o
diagnóstico dos <Seeley(Curandeiros)>, as memórias dela devem começar a
voltar depois de algum tempo.
- Sabemos algo sobre a identidade dela?
Quando perguntado sobre, Hayato se virou para
Sougetsu.
- Seu nome é Nikaido Mari, uma <Portadora
de Elemento Antigo (Feiticeiro do passado)> e se eu não estou engando, ela é
a <Bruxa da Aurora>, procurada pelos últimos três anos.
- A bruxa dos casos sem mortos? Apesar de não
ter tanta notoriedade, ela é um tanto quanto habilidosa. Lembro de extrair
informações do cérebro de um capanga da <Valhalla> antes que dizia a
mesma coisa.
- Sim. Ela tem uma relação com o orfanato nos
limites da fronteira. Quanto aos motivos da afiliação dela com a <Valhalla>,
isso já foi investigado.
Sougetsu abriu um sorriso.
- Me chama a atenção que seja um feitiço para
perda de memória e não um para bomba-relógio. Eles estão realmente tentando
esconder algo... Imagino se eles fariam um ataque-relâmpago para matar ou
retomá-la.
- As chances ficam em 50/50 para ambos.
- Nesse caso, podemos usá-la antes que os
efeitos da amnésia acabem.
- ...O senhor quer dizer...?
- Ultimamente, <Valhalla> tem executado
algumas operações de larga escala, como o incidente do Herói terrorista mês
passado. Pessoas que servem como uma boa fonte de informações são bem raras.
Sejam só os capangas ou os generais, que venham até nós.
- ...Eu não compreendo. Diretor, o que isto
significa?
- Não entende? Eu estou falando em pescaria,
meu caro.
Ao dizer isto, Sougetsu imitou o movimento de
uma vara de pesca sendo puxada.
Hayato estreitou os olhos, entendendo as
intenções do Diretor.
Os dois andaram mais um pouco até chegar ao
destino.
Lá estava uma Dama de Ferro. Esta, no entanto,
tinha uma forma distinta das demais: ao invés de brilhar com uma luz pálida
pela abertura de vidro, o dispositivo emitia uma luz vermelha.
Em seu redor estavam vários
<Regins(Ferreiro)> com instrumentos usados para ajustar o equipamento.
Levantando as mãos, Sougetsu disse para que se
afastassem.
- Destravem ela, desacorrentem também.
As pessoas vestidas em jalecos de laboratório
se entreolharam e perguntaram:
- Está tudo bem mesmo, senhor?
Sougetsu fez um gesto para que se apressassem.
Uma das trabalhadoras puxou umas das quatro alavancas instaladas nos dois lados
do “caixão”. Um som apropriado para uma dama de ferro soou pelo ambiente e
vapor pesado foi solto do dispositivo, bloqueando todo o campo de visão.
A porta da Dama de Ferro agora estava aberta e
mais vapor se arrastava pelo chão.
Dentro havia uma jovem garota.
Ela estava presa por correntes e quase nua.
Duas <Regins> retiraram as correntes uma a uma.
A garota havia sido solta de tudo o que a
restringia e logo depois caiu no chão, resmungando.
Foi quando ela abriu os olhos. O que ela
enxergava era receio e medo.
Sem entender a situação, ela ficava cada vez
mais confusa.
- O qu- O que é isto? O que houve? P-por que
eu estou pelada..?! Quem são vocês?
Sem se lembrar de nada, a garota tremeu. Ela
olhou para Sougetsu, parado em frente dela.
Sougetsu mostrava um sorriso resplandecente.
Ele a cobriu com um jaleco de laboratório.
Ele então olhou para Nikaido Mari, a bruxa que
tinha perdido as memórias, e disse:
- Olá! Seja bem-vinda à Academia Anti-Magia!
Nikaido Mari-san, você foi aceita em nossa escola!
Mari, sem entender o que aquelas palavras
significavam, entortou o pescoço em dúvida.
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