TG35SS - Volume 2: A Luta da Bruxa - Uma Batalha Pela Esperança: Capítulo 3 - A Pior Compatibilidade [Parte 1]

 

                                                          Parte 1

 

 - Humm... Sei que é a segunda vez neste mês, mas temos outra estudante nova...

 Alunos que esperavam pelo início da aula seguinte ouviram incrédulos ao anúncio do professor.

 Os olhares de todos se voltaram para a garota nervosa e desencorajada parada na entrada da sala.

 A garota vestia o uniforme da Academia Anti-Magia, mas também usava uma boina e um cachecol no pescoço apesar de estarem em uma sala fechada e climatizada. Sua expressão era talvez um pouco hostil, como se todos na frente dela fossem inimigos em potencial.

 - Essa é Nikaidou Mari – Kun. Sejam hospitaleiros com ela. Bem, apresente-se para a sala – incentivou o professor.

 Mari subiu até o lado do professor, se virou para os estudantes e disse:

 - Prazer em conhecê-los.

 Depois de um simples cumprimento, ela desceu do palco do professor.

 Ao ouvir uma introdução tão breve quanto aquela, os outros alunos se entreolharam confusos.

 - Ah, sim. Kusanagi.

 - ... Pois não, professor?

 Takeru respondeu e se levantou prontamente ao chamado do professor.

 - O diretor disse que você é quem vai cuidar da Nikaidou. Sendo assim, ela vai se sentar ao seu lado.

 A conversa sobre Lapis no mesmo dia já havia se tornado história.

 Os olhos dos outros garotos se enegreceram.

 “Por que só você recebe todo esse tratamento especial? ”

 “ Esse maníaco não entende de nada além de espadas, então por quê? ”

 “ Maldito protagonista de anime”

 Olhares e maldições pesavam nos ombros de Takeru.

 Mas não era só isso.

 Duas pessoas atrás dele emanavam uma energia tão negativa que superava tudo na classe.

 Ele se encolheu depois de dois olhares de canto. Um de uma pequena fera loira e outro de uma humanoide de cabelos cor de poente. Ambas assistiam com olhos de assassinas e cabelos possuídos que desafiavam a gravidade.

 Solicitada pelo professor, Mari ainda desencorajada se aproximou com as mãos nos bolsos. Ela parou na frente de Takeru, que choramingava pela pressão e guiou o olhar para Ouka, no lugar atrás.

 Quando seus olhares se encontraram, faíscas pularam.

 - ...Hunf...

 Com uma atitude desagradável, Mari desviou o olhar de Ouka e se sentou.

 A rivalidade entre Mari e Ouka já estava evoluindo depois da briga na frente da máquina de bebidas.

 O pelotão havia passado toda a segunda aula “guiando” Mari e então, todos estavam atendendo ao terceiro horário.

 A aula era educação física, teste de atletismo.

 *kyaa* *kyaa* gritos, cochichos e outros barulhos podiam ser ouvidos do grupo das garotas. Ouka, vestida com moletom e agasalho esportivo olhou para Mari.

 Mari estava um pouco afastada de onde os outros alunos estavam e olhou de volta para Ouka com irritação.

 - ...............

 Ouka voltou a olhar para a frente, em direção a largada

 Assim que o professor soou o apito, ela se pôs a correr a toda velocidade.

 E como uma sereia pulando para fora da água, ela pulou por cima da barra com uma coreografia perfeita.

 “Vivas” e “urras” ressoaram em alto e bom som, grande parte do barulho vinha das garotas.

 Ouka ajeitou o cabelo e desceu do colchão com um olhar sereno em seu rosto.

 - Próxima, Nikaidou Mari.

 Mari se posicionou depois de ser chamada.

 A atenção de todos se concentrava na garota nova. Ela praticamente sentia os olhares dos garotos penetrando a cerca distante e convergindo nela.

 Ela ajeitou sua boina e se posicionou.

Sua postura parecia ser boa. Ela aparentava ser uma “garota descolada” com postura e movimentos orgulhosos e principalmente suas roupas mais masculinizadas.

 Mari começou a correr logo quando ouviu o apito do professor, ela cortava o vento pela pista.

 Avançando em direção a barra e... *Peinn* *Clang*

 Assim que Mari tentou pular sua testa se chocou com a barra sem sequer ter tirado o pé do chão. Ela afundava no colchão enquanto os alunos assistiam e se silenciavam. Os olhos de todos carregavam um pouco de desapontamento.

 - nghhh...gnhn...

 Mari tentava sair do colchão engatinhando até uma das bordas enquanto esfregava a testa, ela estava com os olhos aguados.

 Ao descer ela notou um par de pés no chão em frente a ela.

 - ..............

 Aquela que estava olhando para Mari com olhar de escárnio era ninguém menos que Ouka.

 Ela trazia um sorriso de deboche que ia de orelha a orelha.

 Mari esboçou uma expressão de frustração e grunhiu.

 Depois de uma hora de exercícios, a falta de coordenação motora de Mari ficou óbvia para todos.

 Quarta aula: Ciência Anti-Magia.

 - Vamos falar sobre os atributos mágicos que as bruxas carregam. Primeiramente, atributos são as várias tendências que o Instrumento Fantasma, órgão exclusivo das bruxas, tem a manifestar quando produz energia mágica, exemplos disso podem ser o elemento do fogo ou da água. Energia mágica não é apenas outra forma de energia como conhecemos. Bem, em termos biológicos, ela flui dentro das bruxas como sangue.

 Em cima do palanque, o professor tinha os livros de aulas na mão e sobre a mesa.

 - Tipos sanguíneos e signos podem dizer muito sobre a personalidade de alguém, não? Alguém do tipo sanguíneo A é metódico, mas indeciso; tipo O é preguiçoso, mas tem boa liderança, mas nada impede que alguém do tipo A aja como um bom líder ou que um tipo O se esforce muito. São apenas afinidades e tendências. Voltando ao assunto, O atributo de fogo é bastante próprio para magias e encantamentos de fogo e não é muito eficiente em converter energia mágica em magias e encantamentos de água. No entanto, isso não significa que as bruxas com afinidade de fogo são incapazes de usar feitiços de água. Quero que todos lembrem disso quando enfrentarem uma bruxa: a magia é muito flexível, ela pode ser aplicada em todo e qualquer tipo de material, partícula ou procedimento, não importa de qual atributo ela pertence. Caso se use magia de um atributo não compatível com o do feitiço, o procedimento mágico para a conversão de energia no feitiço se torna muito mais complexo do que o normal, claro. Portanto, reforçando e concluindo: mesmo com má compatibilidade, feitiços podem ser gerados com energia mágica de atributos diferentes, por isso não baixem a guarda só porque vocês sabem o atributo do seu oponente.

 Ouvindo a longa explicação do professor, Takeru começou a ficar sonolento e sua testa bateu na mesa.

 - Agora um pequeno problema: entre atributos mágicos, há um em particular que não tem afinidade com nenhum tipo de feitiço. O termo que nomeia esse tipo de atributo especial é...? Alguém sabe a resposta?

 Depois de lançada a pergunta, todos os alunos desviaram os olhares, evitando contato visual com o professor. Takeru ergueu a cabeça com pressa fingindo estar prestando atenção.

 Ninguém levantava a mão, não porque desconheciam a resposta, mas porque aquele professor era conhecido por começar uma série de perguntas, uma pior que outra.

 - ........................

 Ouka, ao ver que ninguém se voluntariava, timidamente levantou a mão.

 - Certo, Ootori?

 - É “Atributo Antigo”

 - Correto... Aliás....

 “ E aí está “ – pensaram todos.

 - A senhorita saberia me dizer por que é chamado de “antigo”?

 - É um atributo que as bruxas de tempos remotos possuíam, mas essa característica vem desaparecendo devido aos sucessivos cruzamentos entre atributos diferentes. Significa que os portadores do atributo antigo só aparecem por mutações ou casamento consanguíneo.

 - Oh, certíssimo. E qual seria o termo arcaico para o atributo?

 Logo após ouvir “arcaico”, o corpo de Ouka estremeceu repentinamente.

 Outros estudantes reagiram à pergunta e mostravam no rosto.

 Ponto de encontro de todos os olhares da sala, Ouka estava com uma expressão complicada em seu rosto. Não havia nenhuma utilidade prática em lembrar do nome alternativo para “Atributo Antigo”. Todo o conhecimento de Ouka era para o uso eficiente de [Vlad] e investigação, então aquilo não era algo cabível para uso prático ou cotidiano.

 E em primeiro lugar, aquela loucura de pergunta não era parte do material de aula ou mesmo a nível de estudantes normais.

 - ...D-desculpe, eu não sei.

 Ouka então sentou e abaixou a cabeça, frustrada.

 - Hum, alguém gostaria de responder?

 Todos os estudantes estavam mudos, aceitando o fato de que o professor prosseguiria com a aula no mesmo tom monótono de sempre, e foi quando...

 - Eu! Eu! Eu!

 A aluna que estava ao lado de Takeru, Nikaidou Mari ergueu a mão antes que o professor voltasse com a explicação.

 Um pouco surpreso, o professor apontou para Mari.

 - É Atributo Puro-Sangue, não?

 - Ora essa! Isso está correto. Você sabe de coisas que não estão nos materiais de sala!

 Alguns colegas levantaram a voz em admiração.

 - Ainda tem mais! Neste caso, nomeie todos os atributos ancestrais que você sabe.

 - Chama Alva, Vazio, Escorpião, Caos, Dragão, Noite, Onda, Gravidade, Cristal de Sangue, Cristal, Rei e... Sol e Lua, talvez? Esses dois deveriam existir apenas em lendas, mas... Bem, tem muitos outros, mas não sei se daria tempo pra citar todos.

 - E a Torre?

 - O atributo ancestral da torre pode ser reproduzido com duas pessoas portadoras de atributo “Terra” e outras duas com “Fogo”... Leva tempo, mas pode ser recriado com certa facilidade então acho que não se encaixa como um Atributo Antigo de forma tão estrita assim.

 - ...Hummm.... Pode se sentar.

 “Uoooooohhhh!!” Vozes cheias de animação ressoaram pela sala de aula. Até mesmo o próprio professor deixou escapar uma pequena risada satisfeita.

 Mari foi se sentar com cuidado, ela olhou para trás em direção a Ouka e mostrou um sorriso debochante..

 - Ouka precisou engolir o sapo e resmungou.

 

 As aulas matinais haviam acabado e era o horário de almoço.

 Todos os membros do Pelotão dos Zeros-à-Esquerda se dirigiam para o refeitório para se reunirem nos lugares de sempre na mesa de sempre.

 Takeru estava sentado onde as outras estavam e tinha anpan com uma garrafa de leite quando se viu em um lugar um tanto quanto agitado.

 - Você parecia ser uma estudante tão exemplar, por que é que você não conseguiu responder uma pergunta tão simples?

 - E os seus reflexos? Era como ver uma tartaruga em câmera lenta.

 - Tartaruga? Arg, mas..Sua... Não é lógico que você consegue fazer aquelas piruetas porque recebeu treinamento militar?!

 - N-não é o mesmo para você? A única área em que você se especializa é magia!

 Ouka e Mari estavam cara a cara, gritando uma com a outra de novo.

  Takeru estava no meio da linha de fogo das duas e estava sendo pressionado pelos dois lados sem saber o que fazer.

 Apesar do sofrimento do capitão, Usagi estava olhando alguns panfletos informativos da escola com muita atenção e Ikaruga estava lendo um livro Yaoi.

 - Erm.. Vocês duas... Não vou forçar vocês a se darem bem, mas tentem se segurar um pouco...

 A fúria que rugia como um incêndio se voltava para Takeru, o intrometido.

 - Até parece que há como me dar bem com a cachecol aqui!

 - Ei, deixe o cachecol for disso, ele não tem nada a ver! Eu me recuso a aceitar a senhora músculos aqui! Ela só está com inveja por causa do meu intelecto.

 - Não estou com inveja! Eu só odeio você, mesmo!

 - Ora, mas que coincidência, eu também te odeio!

 Mesmo depois de conseguir a atenção das duas com tanto trabalho, elas ainda continuaram a brigar. Ver Ouka e Mari tão obcecadas uma com a outra fez Takeru pensar como resolver as coisas entre elas.

 - Eu disse para vocês que não precisam ser amigas. Ootori, qual é a nossa tarefa? Proteger Mari, certo? O que você pensa em ganhar discutindo com a nossa protegida?

 - Ugh.. Isso é verdade, mas...

 Nada menos da séria exemplar Ouka, depois de ser lembrada pelo (por enquanto) capitão, ela passou a refletir melhor sobre seus atos. Era um bom argumento, afinal de contas.

 - Você também, Mari. Está tudo bem se você não está disposta a colaborar com nenhum de nós. Mas deixe de provocar tanto as pessoas assim. E se quiser ir para algum lugar, só avise algum de nós.

 -N-não é como se eu estivesse provocando... Tá bem, entendi. Só preciso ficar quietinha e tudo mais.

 Takeru de alguma forma ficara aliviado com aquilo.

 Ao ouvir a resposta obediente de Mari, Ouka lançou um olhar de dúvida.

 - Espera um pouco... Kusanagi... Por que você está chamando essa garota pelo primeiro nome?

 - Hm? Ah, não é nada demais. Ela disse que tudo bem porque falar Nikaid-

 Takeru respondia normalmente à pergunta de Ouka quando...

 Surpreendendo o rapaz pelo contato, Mari subitamente se agarrou ao seu braço e mostrou um sorriso embaraçado.

 - S-significa e-esse tipo de coisa.

 Mari entrelaçava seu braço com o de Takeru como se fossem um casal.

 - Nós est- estamos n-na-naquele nível de nos chamarmos pelo primeiro n-nome, n-não é mesmo, Takeru~~?

 Apesar de Mari estar pressionando seu corpo sobre o dele, ela gaguejava ao falar, podia ser ouvido um forte *tum-dum, tum-dum* em seu peito e seu rosto estava vermelho como uma maçã.


 Por que ela precisava fazer tudo aquilo? A resposta era muito simples: apenas para irritar Ouka.

 Ver os dois de mãos dadas acionou o tique no rosto de Ouka, que se aproximou lentamente de Takeru.

 - Kusanagi... Você é esse tipo de pessoa no final das contas? Estou decepcionada com você! Não imaginei que você cairia na sedução dessa bruxa!

 - É um mal-entendido! Eu chamo ela assim porque é mais fácil de dizer!

 Mesmo Takeru negando firmemente todas as acusações, Mari pressionou seu peito ainda mais forte contra o braço dele. Inesperadamente, Takeru percebeu a sensação como agradável.

 - Ciúmes? Que coisa feeeeia. Ah, isso me lembra de uma coisa, Ele ainda te chama de “Ootori”, não é?

 - M-mas e daí? Eu já fui chamada por ele pelo meu primeiro nome também!

 - Ah é meeeeesmooo?

 - N-no meio de uma batalha... Uma vez... Mas mesmo assim!

 - Huummm... Sei... Então... Só uma mesmo? Pffff, hahahahaha.

 - Ghn..... – Resmungou Ouka.

 Mari debochava de Ouka com um olhar triunfante em seu rosto.

 Ouka sentiu como se tivesse sido derrotada de alguma forma

 “Sobre o que é que essas duas estão brigando agora...? O que eu tenho a ver com isso?”

 - Mas eu tenho uma promessa feita com o Kusanagi! Ele me jurou que caminharia junto comigo a mesma trilha!

 - ...A-até parece! Takeru, você fez mesmo esse tipo de coisa? Ou isso tudo é só invenç-

 - AAAAAAARGH! Não me coloquem no meio dessa briga sem sentido!!!!

 Para começar, Takeru não sabia o que estava havendo com aquelas expectativas exageradas. Sua relação com Ouka era de companheiros que confiavam um no outro e com Mari era uma que chegou ao ponto de se apresentarem. Não era como se ele houvesse tido algum momento com elas.

  Ele honestamente não desejava ficar no meio da briga das duas, que acabou evoluindo para uma disputa inútil em que mesmo assim, nenhuma das duas queriam deixar o braço a torcer.

 - Será que vocês duas podem parar com isso??!!

 De repente, Usagi, que estava lendo atentamente os panfletos, se levantou e ergueu o tom da voz.

 Foi tão súbito que todos os membros do pelotão olharam para ela em reflexo.

 - ...O-o que foi, Usagi? – Perguntou Takeru.

 Usagi respirou fundo para se acalmar, olhou para Takeru e – Hehe – Riu.

 - O que deveríamos estar fazendo agora não é nem nos darmos bem, nem discutir como chamamos uns aos outros! Concentração, Kusanagi!

 O tom em que ela falava era de seriedade, mas Takeru não deixava de pensar por que ele sempre levava a culpa por tudo no final.

 Ikaruga fechou o yaoi que lia e acertou levemente a cabeça de Usagi, a atiradora estava bufando fogo, praticamente.

- Então... Sobre o que nossa Usagi-chan quer falar?

 - Não. Me. Chame. De. Usagi. Chan! Obviamente é sobre o que o pelotão dos Zeros-à-Esquerda vai fazer agora.

 - Agora? Nós estamos no meio de uma Missão, Usagi-chan, meio contra a vontade, apesar de tudo.

 - Tem coisas mais importantes que isso, não? – Afirmou Usagi que se levantou em salto e bateu na mesa.

 - Um mês inteiro já se passou desde que Ootori Ouka entrou. Mesmo que seja uma merreca, ainda conseguimos ganhar alguns pontos. Mas a situação continua grave.

 Ouvindo a opinião de Usagi, Ouka pousou a mão em seu queixo e com algum remorso, concordou.

 - Hmmm.. Certamente, houve a internação do Kusanagi, então não pudemos focar nas atividades do pelotão até recentemente. Por causa da minha condição física, não pude ser de muita ajuda também.

 - Desculpe – Pediu Takeru, sem jeito

 Usagi cruzou os braços, soltou um suspiro pelo nariz e continuou.

 - O passado de nada importa agora! O problema é o nosso futuro! Nesse ritmo, poderíamos nem ser capazes de passar de ano!

 - Nah, vai ficar tudo bem no final.

 - Aí está! Esse modo de pensar é que é o problema! Nós definitivamente temos que dar nosso melhor e fazer algo a partir de amanhã. – Criticou Usagi.

 - Hm? Que “algo” é esse? Tem alguma coisa em mente?

 Em resposta à pergunta de Ikaruga, Usagi riu sem medo.

 Então ela ergueu o panfleto que ela estava lendo antes e fez soar uma sonora palma.

 - Olhem para isto.

 Depois de sentir tanta confiança em um gesto, todos, incluindo Mari, olharam para o papel.

 Escrito com letras garrafais, lia-se “Torneio de Simulações de Batalhas Antipessoais da Academia Anti-Magia”

 Embaixo dessas palavras estava escrito a data e a hora, no caso, no dia seguinte.

 Os quatro se entreolharam e com um rosto de confusão, olharam para Usagi.

 - O que é isso? X4

 Usagi arregalou os olhos e fez uma expressão de como se não acreditasse no que ouviu.

 - V-vocês são mesmo estudantes da Academia Anti-Magia?!

 - Eu sabia do Torneio, mas o que isso tem a ver com o nosso futuro?

 O torneio de simulações era uma competição em que qualquer um poderia participar e que acontece duas vezes ao ano: Outono e Primavera. As séries eram divididas por ano de escola e os pelotões participavam juntos.

 O pelotão que fosse campeão da escola poderia entrar em um torneio regional ou até nacional da Inquisição.

 O evento é aberto ao público e é bastante popular devido às lutas intensas.

 - Huhuhu, hehehe, olhem nesta borda, aqui.

 Usagi apontou para a lista dos participantes.

 [Primeiros-anistas: 4º pelotão, 21º pelotão, 64º pelotão, 10º pelotão, ... , 35º pelotão.

 - ..................

 - Eu acabei tomando a iniciativa... E nos inscrevi!

 - .........

 - Hehehe – Riu Usagi com o peito cheio.

 - Vocês sabiam? Mesmo se vocês não avançarem para os campeonatos regionais, se passar as qualificações você ganha 100 pontos em uma tacada. E se você ganhar o torneio nacional, você entra para a Inquisição incondicionalmente. Ei, e-esperem um segundo aí! Por que vocês todos perderam o interesse do nada?!

 Ela percebeu os quatro pararam de prestar atenção nela e foram se sentar para comer seus almoços.

 Takeru vagueava com o olhar e mastigava seu anpan.

 - Ahh, acho que não temos condições de ganhar, não?

 Ouka também comia um anpan.

 - Hmm, não levem a mal, mas não tenho fé em vencer esse torneio com vocês. Além do mais, eu odeio esse evento. É um sacrilégio ver técnicas de combate sendo polidas para virar entretenimento da população. Virar um cavalo de apostas desse jeito... Que coisa deplorável.

 Ikaruga, que colocava muita mostarda no seu macarrão instantâneo de copo, disse:

 - Nós obviamente vamos perder, fazer só as atividades normais de pelotão é o mais perto da nossa realidade. Aliás, por que você nos inscreveu sem perguntar antes? Vá tirar nosso nome do torneio.

 E Lapis, que sentava ao lado de Takeru... apenas fitava a garrafa de leite.

 Usagi, tendo perdido a sua motivação, se jogou sentada em sua cadeira.

 - E-esse pelotão não tem jeito.. Rápido, preciso fazer algo rápido.

 - É melhor descartar ideias além da nossa capacidade. Progredir devagar e sempre é o melhor – Aconselhou Ouka.

 Estando sem aliados, Usagi olhou para Mari, que comia seu arroz com vegetais quando percebeu os olhos da garota.

 - ...O que você quer?

 - E quanto a você? Alguma sugestão em como lidar com a situação?

 Usagi, cabisbaixa, perguntou enquanto cortava um pedaço de torta.

 - Por que eu tenho que dar minha opinião? O pelotão é de vocês, resolvam isso por conta própria.

 - V-você também é uma estudante da Academia Anti-Magia, sabe? Que tal se você cooperasse um pou-

 Usagi mal acabara de terminar a frase e *Katching*, Mari deixou a colher sobre seu prato.

- Acho que você está me entendendo mal aqui. Eu não tenho obrigação nenhuma em ajudar vocês todos.

 - Como é..? Se não conseguirmos pontos não seremos capazes de graduar! Você fica bem mesmo sabendo disso? Não é uma questão de ter obrigação!

 - Essas besteiras não importam para mim. Porque eu estou recebendo tratamento especial como uma bruxa e então não tenho que participar de atividades de pelotão, não é essa a nova regra da escola?

 Certamente, assim como Mari havia dito, houve uma nova adição ao código de regras escolares.

 - In-injus... Que injustiça! Por que você recebe esses privilégios só por ser uma bruxa?!

 - Usagi... Você está gritando demais.

 Takeru entrou no meio da conversa para parar as duas. Por sorte a cantina já estava tão barulhenta que ninguém estava prestando atenção no Pelotão dos Zeros-À-Esquerda.

 - Façam como quiserem. Não pretendo mover um dedo pra ajudar vocês, não tem nada a ver comigo.

 Então, Ouka, que estava comendo seu anpan, fechou os olhos.

 - Não dê socos em ponta de faca, Saionji. É perda de tempo esperar que alguma coisa de útil venha dessa aí.

 - ................

 - Para começo de conversa, ela usou o fato de não ser humana para conseguir tratamento preferencial. Fala e fala sobre igualdade, mas no final prefere ser tratada como uma VIP. Você não precisa pedir ajuda de gente assim, Saionji.

 - Eu...Eu não estou usando nada! Isso é como as leis da escola são!

 Mari bateu na mesa do refeitório enquanto se levantava em protesto a Ouka.

 Sem sequer piscar, Ouka apenas observou Mari.

 - É a mesma coisa. Se você realmente quisesse participar ativamente da Inquisição, você deveria participar das atividades mesmo se te dizem que não precisa. Você agora só está aceitando os mimos e mordomias que você recebe como bruxa e não fazendo nada.

 - Tem coisas que você pode falar e tem outras que você não deveria sequer mencionar...! Você sabe que tipo de tratamento as bruxas normalmente recebem na Inquisição? Não ouse abrir a boca se você não sabe como é.

 - Posso usar esse mesmo argumento contra você. Não ouse falar “Porque eu sou uma bruxa” novamente, porque essa não parece ser a frase de alguém que busca igualdade.

 Ouvir Ouka fez com que a fúria de Mari se reacendesse.

 - Qual é a sua? Tá querendo comprar briga comigo? Porque pode ter certeza que eu vendo!

 - Ora, mas que sorte a minha...

 Vendo que a situação era crítica, Takeru estava pronto para entrar no meio das duas e apartar a briga.

 Foi quando...

 - ...Não é ótimo pra vocês duas então? Participem do evento logo de uma vez.

 De repente, alguém segurou os ombros de Mari por trás.

 Erguendo seus rostos, eles puderam ver uma pessoa muito estranha.

 O homem de cabelos brancos estava parado atrás de Mari com um sorriso desconcertante. Estudantes fugiam quando o diretor entrou na cantina, deixando apenas os membros do Pelotão dos Zeros-À-Esquerda.

 Sougetsu, que saia detrás de Mari, cumprimentou todos.

 - Oláááá, crianças. Parece que está todo mundo se dando bem por aqui. Estão comendo os seus legumes e verduras como deveriam? Será que eu posso me juntar?

 - Vá embora.

 Ouvindo a fria resposta de Ikaruga, Sougetsu riu.

 - Ahahahaha. A participação de vocês é mais que bem-vinda. Fortaleçam seus laços de amizade e desfrutem do sabor da juventude. Mari-kun também está alistada, certo? Não é perfeito para se conhecerem melhor?

 - hm? Tudo bem ela participar? As regras da escola dizem qu-

 - Não liguem para essas regras, eu vou deixar essa passar. Por ora, isto é. Ela não deixa de ser uma de nossas estudantes, afinal de contas.

 - ...será que você... Ouviu a briga de antes?

 - Eu não estava espionando de propósito, tá? Só ouvi sem querer. Antes disso, sobre as coisas que Ouka disse e as que Mari disse, eu já havia pensado nisso antes.

Sougetsu dava tapinhas nas costas de Mari.

 - Desculpem por fazer regras de escola tão absurdas. Eu peço desculpas como diretor. No comitê há uma certa oposição em receber bruxas. Não tive escolha a não ser incorporar isso tudo... Eu já pretendia rever todas elas a algum tempo. Deixe o caso das regras escolares comigo e não hesitem em participar do torneio juntos.

 - A-ainda que você diga isso...

 - Só por ser uma bruxa não significa que você tenha que ficar sozinha.

 Sorrindo gentilmente, Sougetsu pousou a mão no ombro de Mari.

 Takeru, que observava tudo, tinha um estranho pressentimento de desconforto ao ouvir a fala de Sougetsu.

 

 

Os membros de pelotão que tinham que trabalhar a noite saiam mais cedo das atividades de pelotão, Takeru estava incluído nesse grupo e chegava nos armários de troca de sapatos.

 (nota de tradutor: no Japão é comum haver calçados específicos para uso dentro de prédios, casas e escolas. Esse hábito preza pela higiene, já que calçados “de rua” trazem muita sujeira nas solas.)

 Ele deixou os calçados de escola no armário e suspirou.

 - Desse jeito não vai dar...

 As atividades de pelotão foram um desastre.

 Eles decidiram treinar naquele dia para a primeira rodada do torneio no dia seguinte e se dirigiram para a sala de treinamento, mas...

 O resultado foi o mesmo de sempre para o Pelotão dos Zeros-À-Esquerda.         

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 Eles foram derrotados pelos hologramas configurados na dificuldade mais fácil. Primeiramente, a arma feita por Ikaruga quebrou. Assim que Usagi apertou o gatilho, a arma começou a tremer e a bala explodiu dentro do cano.

 - Uuaaargh! Suginami!!!!

 - Opa, desculpinha~

 Takeru havia pensado que estava lutando mano a mano com um dos hologramas e de alguma forma seguiu seu oponente até onde outros quatro estavam esperando.

 Mari, a novata, estava a cargo de dar apoio para Ouka.

 Ouviam-se gritos de onde as duas estavam “cooperando” e acabou com elas atirando uma na outra.

 - Sua...! Você nos traiu mesmo!

 - Essa é uma acusação injusta! Foi você quem atirou primeiro.

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 Era tudo como as missões de sempre. Takeru nem mais conseguia chorar.

 - É... Podemos parar de pensar que podemos vencer.

 Cerrando os punhos e com um misterioso senso de dever em seus olhos, ele ia saindo da sala dos armários.

 O dia estava se encerrando e uma bela mistura de laranja e violeta tingia o céu.

 Takeru admirava o cenário, impressionado, quando de repente...

 - Kusanagiiiii!!

 Uma voz ameaçadora soou na porta de saída.

 Haviam algumas silhuetas no jardim da frente da escola que pareciam familiares para Takeru.

 Cinco estudantes vinham em sua direção e o sexto, na frente deles, parecia ser o líder.

 - E aí, Kusanagi... Você tá com uma cara de acabado hoje também.

 O garoto esboçava um sorriso de deboche enquanto ajeitava o coldre de sua arma.

 Era um conhecido de escola durante o fundamental.

 Kirigaya Kyouya estava na mesma sala que Takeru antes da Academia Anti-Magia e tinha um desempenho excelente.

 - Kyouya? Há quanto tempo.

 Mesmo que Takeru tivesse cumprimentado como se fossem velhos amigos, Kyouya cerrou os olhos e fez um *tsk* de desgosto.

 - ...Não me chame pelo primeiro nome, seu maçante.

 Ele sorriu de uma maneira arrogante e ajeitou a fivela de seu rifle de assalto.

 - Como vai o Pelotão dos Zeros-À-Esquerda? Boato é que você recebeu outra ajudante bem capaz, quase me faz sentir inveja.

 - Bem, como dizer... As coisas ficam um pouco complicadas de certo modo.

 - Sei, sei. Bem, sempre foi impossível mesmo para você ser um capitão.

 Kyouya debochava e ria de Takeru como se ele fosse uma formiga no canto da calçada.

 Takeru não estava nem um pouco incomodado.

 - E como vai o 15º pelotão? No top 3 como sempre?

 - Claro que sim, panaca. Eu sou o capitão, não me coloque no mesmo nível que você.

 Takeru pensou sobre aquilo antes. De onde é que vinha toda a confiança de Kyouya? Ele estava com um pouco de inveja por não saber.

 - Enfim, tendo um otário como você que não usa nada além de uma espada como capitão, o resultado não podia ser outro. Sinto até um pouco de pena dos outros membros.

 Kyouya não parava com os insultos. Foi então que ele tirou um pedaço de papel do bolso.

 - Falando nisso, Kusanagi... Parece que o Pelotão dos Zeros-À-Esquerda entrou no torneio. Eu estou vendo coisas ou isso aconteceu mesmo?

 O que Kyouya mostrara a ele era um panfleto do torneio que Usagi exibia no mesmo dia.

 - Ah... É que acabamos decidindo experimentar e ver no que dá.

 - Uns trouxas como vocês? No torneio? Ei, vocês atrás ouviram isso?

 Quando Kyouya se virou para fazer a pergunta, os outros cinco membros do pelotão começaram a gargalhar.

 - Sério, que coragem a de vocês. Acho que seu cérebro deve ter apodrecido ou coisa assim. Nunca ia imaginar você fazendo uma coisa dessas.

 - Pare, eu sei disso, não precisa me lembrar. Eu mesmo não queria fazer parte disso. Aliás, esses são membros do seu pelotão? Pelo que eu me lembre, Ikaruga odiava vocês, não é?

 Nos tempos de fundamental Ikaruga também era da mesma sala de Takeru, Kyouya e alguns membros do 15º pelotão.

 A menção ao nome de Ikaruga claramente fez seu capitão ficar alerta.

 Ele olhou em volta, checando se ela não estava ao redor.

 “Esse cara não se dá bem com a Ikaruga mesmo...”

 Era assim desde os tempos do fundamental. O homem chamado Kirigaya Kyouya era fraco contra Ikaruga por alguma razão.

 Takeru não sentia raiva dele. Era bem reconfortante ter alguém que o odiasse tão abertamente e deixava tudo mais fácil de entender. Acima de tudo, ele era o único garoto de outro pelotão que conversava com ele.

 De certo modo ele era um achado raro.

 - Ah bem, não posso impedir vocês de participar do torneio. Por falar nisso, você tá sabendo que o meu pelotão vai enfrentar vocês na segunda rodada caso vocês vençam a primeira, né?

 - Ah é mesmo? Foi mal, não sabia disso.

 Depois de uma resposta tão inocente, uma veia saltou na testa de Kyouya. Ele não queria ofender, mas Takeru era famoso por ser lerdo e não saber ler a situação. De certa forma, ele era parecido com Ouka nesse traço.

 Kyouya estava furioso ao ouvir a reação de Takeru a ponto de se segurar para não bater nele. Foi quando,

 - Ei ei ei ei ei ei, vamos deixar por aqui, certo, capitão?

 Outra integrante do 15º pelotão se colocou entre Takeru e Kyouya. Era a garota responsável pelo tratamento médico em campo do 15º pelotão: Yoshimizu Akira.

 A garota era uma aspirante a <Seele (Curandeiros)> e apesar de não parecer nada especial, era ela quem sempre apartava a briga entre Kyouya e Takeru.

 Estalando a língua em um *Tsc*, Kyouya deixou cair os ombros.

 - Segunda rodada. Me aguarde, Kusanagi!

 Kyouya deixou o último aviso e saiu. Visto de longe, ele poderia ser confundido com um gangster.

 Ainda assim, Kyouya era bastante talentoso. Não que fosse um ás em tudo, mas sua performance geral era o suficiente para impressionar até mesmo o mais cego dos que o conheciam.

 Assim como Usagi, ele era do tipo que trabalhava duro em segredo e fingia ter as habilidades naturalmente. O fato de ele ter membros de confiança apesar de sua personalidade arrogante prova que as habilidades do capitão não eram de segunda categoria.

 Akira se desculpou com Takeru com muitos “perdão por isso”

 - Aahh, desculpe mesmo, Kusanagi-kun. O capitão está mal-humorado hoje.

 - Ele me parece o mesmo de sempre, não se preocupe com isso. Mas por que ele está de mal humor? Alguma coisa aconteceu? – Perguntou Takeru.

 Akira mostrou um sorriso triste e coçou a nuca.

 - Erm, pouco antes, recebemos o atestado de baixa de um dos nossos membros.

 - Será que... por causa do incidente mês passado ele...

 - Não, estávamos todos em missão longe da escola nesse dia. É por outro motivo. Ele correu em direção a uma bruxa ou bruxo e foi pego assim como outra estudante. Nós tentamos fazer ele esperar, mas ele não nos deu ouvidos...

 - Sinto muito por isso.

 - O capitão ficou bem abalado. Ele foi muito imprudente, não é nada bom ser assim. Dar um passo de cada vez é o melhor a se fazer!

 Akira mostrou um sorriso cheio de determinação, Takeru também sorriu de volta.

 “Ela é uma boa garota”, pensava ele. Ela era definitivamente quem levantava os ânimos do 15º pelotão. Sorrir como se não houvesse nada com o que se preocupar... Deveria ser difícil para ela se manter assim.

 - Bem, nosso capitão já falou por nós. É melhor você ganhar essa primeira partida para nos vermos na segunda rodada. Não vamos ter dó, viu? A gente vai vir com tudo.

 - ...C-certo. Bem, antes que isso aconteça, vamos ter que lidar com a primeira batalha.

 - Qual é, vocês conseguem passar por uns fracotes.

 Ela estapeou as costas de Takeru, causando um leve sorriso nele.

 - Boa sorte na batalha! – Despediu-se Akira antes de bater continência para Takeru.

 - ...Que garota boazinha. – Murmurou Takeru para si mesmo enquanto estreitava os olhos.

 “Seria bom ter uma garota como ela com a gente... se esse fosse o caso, ela nos curaria nas piores missões” ele chegou até os portões da escola perdido em pensamentos como estes.

 - ...Takeru.

 Próxima a uma coluna com o nome da escola, um vulto com um cachecol enrolado veio à luz da tarde.

 - Mari? Você não tinha saído antes de mim?

 - ...Eu estava esperando.

 Ela carregava uma bolsa de escola no ombro. A figura moderada de Mari era estranhamente graciosa e feminina, causando um certo nervosismo em Takeru.

 Mari se aproximou rápido de Takeru e olhou para ele enquanto se inclinava para frente.

 - Me acompanha no caminho de volta?

 Com o sorriso matador de Mari, Takeru quase parou de pensar.

 Que coisa misteriosa. O coração dele batia muito depressa e ele sentia um sabor doce e azedo na boca.

 Crepúsculo. Voltando das aulas. Farfalhar de folhas e o assoviar do vento de outono acariciando o rosto.

 “Vamos voltar jutos”. Só por ouvir isso já fez ele sentir que estava aproveitando a vida.

 - T-tudo bem por mim... Pra onde você está indo? Talvez a gente precise seguir direções diferentes.

 Coçando a bochecha, ele jogou uma oportunidade pela janela, reforçando o fato de que ele não sabia ler os sinais. “Calma. Calma, Takeru” ele pensou consigo mesmo.

 Talvez seja por causa da iluminação do pôr do sol ou pela situação em que se encontravam, mas Mari lhe parecia estranhamente adorável.

 - Do que você tá falando? É claro que vamos pelo mesmo caminho.

 - É m-mesmo?

 - Isso aí. Afinal das contas...

 Mari se virou com um giro com o calcanhar como eixo e inclinou em direção a Takeru.

 - Eu agora estou indo para a sua casa.

 Seu cabelo e cachecol navegavam pelo vento. Ela estava com uma aparência semelhante a uma deidade e isso deixou Takeru boquiaberto.

 Takeru estava em choque e prestes a responder ao “convite”.

 *kachin*

 De repente, uma mão agarrou a cabeça da garota.



 - Isso dói! O que você pensa que tá fazendo?

 - Você.. Porque não explica por que está seduzindo Kusanagi...?!

 Era Ouka. Acompanhada de uma aura vermelha, ela fazia uma “garra de ferro” na cabeça de Mari.

 - Qual é! Eu só estava brincando um pouco com ele! Você nunca assistiu nenhum filme em que isso acontece?

 - Não minta. Não há dúvidas de que há um fluxo de magia nas redondezas por algum raio de motivo. Magia de sedução...? Eu não posso deixar Kusanagi nas mãos de alguém obscena como você!

 - O-obscena? Eu não usei magia nenhuma! Não importa como eu veja, o que eu fiz foi perfeitamente normal!

 - Calada. Kusanagi é um pervertido que sabe disfarçar. Ele está em perigo até mesmo com esse pouco de charme.

 - “Pouco”?! Você disse “Pouco”?! Quem você pensa que é?!

 Ignorando Takeru novamente, as duas voltaram a discutir.

 Por que será que essas duas se dão tão mal? Takeru achava que ser bruxa ou não era irrelevante para relações pessoais, mas acima de tudo, ele estava decepcionado em ver que ele já havia sido oficialmente tachado como tarado.


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