TG35SS - Volume 2: A Luta da Bruxa - Uma Batalha Pela Esperança: Capítulo 6 - A Força Daqueles que Suportam [Parte 2]

 

                                                                   Parte 2

 

 Mari viu tudo.

 Ela viu Takeru lutando desesperadamente, seu corpo gritando com o esforço, sua determinação. Ela assistiu a tudo isso.

 Naquele exato momento, ele estava no meio do entulho enquanto tentava se reerguer.

 Mas Mari também se levantou enquanto enxugava as lágrimas de seus olhos.

 “Se você deseja se redimir... Melhor que continuar a se culpar, use sua magia para salvar pessoas.”

 As palavras de Takeru voltavam a sua cabeça. A frase entalhada em seu coração voltava à tona.

 Sua consciência retornou, ela não estava mais desfocada. Os olhos que antes perderam o brilho, agora estavam novamente cheios de determinação.

 “ ...O que eu... Posso fazer...”

 Aquilo que ela sabia fazer de melhor, havia uma coisa.

 “ ...Magia”

 Não havia mais nenhuma outra escolha para Mari. A magia que ela aprendera no orfanato era tudo o que ela tinha.

 Magia que curasse feridas, magia que melhorasse a mente, magia que aliviasse a dor, magia defensiva.

 Mas a magia que ela recebera da bruxa diretora do orfanato, sua mãe adotiva, era aquela que Mari não queria aprender. A última magia passada para Mari: Magia de ataque.

 “ – Escute, Mari. Use essa magia apenas quando você precisar proteger uma pessoa importante pra você.”

 Mari traiu aquele conselho. Ela machucou pessoas. Quebrou sua promessa duas vezes e não conseguiu manter sua palavra.

 - Mas eu não cometer esse erro de novo.

 Ela erguei a mão, mirou a ponta de seus dedos na direção de Haunted e  Takeru.

 - Dessa vez... eu vou salvá-lo.

 Para conseguir compensar as pessoas que ela não pôde salvar, aquele era o primeiro passo.

 Para proteger a pessoa importante para ela, aquela era a hora de usar a tal magia.

 Para salvar a pessoa que carregava metade dos seus fardos, ela daria tudo de si.

 O dispositivo colocado no pescoço de Mari, não era um Gleipnir normal. Era um protótipo modificado para desencadear uma explosão em resposta à atividade do Instrumento Fantasma, órgão característico de bruxas que produz sua magia.

 Sougetsu havia colocado o colar no caso de Mari usar magia ou ser recuperada por Valhalla.

 Era uma aposta alta, mas se Takeru pudesse viver mais um minuto a custa de sua própria vida, ela estava disposta a tentar.

 Para não acertar Takeru, ela não poderia usar magia muito grandiosa. Ela precisaria mirar em um único ponto, uma perfeita linha reta.

 Havia energia mágica o suficiente. Ela lembrava de todo o procedimento operativo para a magia. A atividade de seu corpo estava perfeita para o ataque.

 Ela fechou os olhos e reconstruiu todo o circuito mágico em sua cabeça, visualizou a magia de antemão e recitou o encantamento em sua mente.

 Suprimindo a ativação precoce, ela se concentrou para reunir toda a energia de que ela precisava na ponta de seus dedos.

 Antes que a coleira explodisse, Mari provaria que ela era capaz de derrotar Haunted e salvar Takeru como seu ato de redenção.

 - Esse vai ser minha última magia...!!

 Abrindo os olhos, ela concentrou todo o seu poder mágico na ponta dos dedos das mãos, que estavam em forma de pistola.

 - Perfure-o!! [ Projétil Aurora (Foice da Aurora)]!

 Assim que as palavras foram proferidas, um disparo contendo todas as luzes do mundo foi feito.

 Concentrando luzes de sete cores.

 Magia antiga: [ Projétil Aurora (Foice da Aurora)]

 A magia imparável voava direto para a cabeça de Haunted.

 Mas justo quando ela acertaria, o feiticeiro desviou a cabeça e se esquivou do ataque.

 - Puxa, mas que surpresa desagradável, Mari-san. Você deveria saber que seria exposta se emanar essa aura de violência.

 Haunted sorriu gentilmente.

 Ele quis dizer aquilo por experiência de combate. Havia uma diferença crucial entre Haunted e Mari por essa sensibilidade e por ter uma habilidade parecida com o [Soumatou] de Takeru.

 Vendo ele daquela maneira, Mari havia ficado sem palavras. Ela cerrou os dentes e fechou o punho em frustração e esperando o fim daquele bipar do colar parar e sua vida acabar.

 Ela fechou delicadamente, mas mesmo depois de aguardar, o fim esperado não chegou.

 - ...............hm?

 Ela tocou o colar para checar. Ele realmente estava em seu pescoço, mas nada demais estava acontecendo e até os barulhos eletrônicos haviam parado.

 Um grande ponto de interrogação se formou em sua cabeça ao se perguntar por que seu fim havia chegado.

 - Não se preocupe. A sua coleira não vai explodir.

 Uma voz feminina forte soou de trás dela.

 Ao se virar, ela viu uma pessoa de pé em cima dos escombros.

 Pisando na parede caída da torre de controle, havia uma garota com cabelo cor de sol poente com uma pistola na mão direita e um escudo feito de cristal azul na esquerda.

 A garota era Ootori Ouka e assim que seus olhares se encontraram, ela pulou do topo do entulho e pousou perto de Mari.

 - Você... Por quê?

 - Eu chantageei o diretor para desativar o seu Gleipnir explosivo. Eu usei a evidência falsa pela qual você foi acusada.

 Uma declaração claramente escandalosa foi dita casualmente em uma única frase seca. Mari estava em choque. Por que aquela mulher fez uma coisa dessas por ela? Mesmo depois de tantas brigas, ela pensava.

 - Não foi por você. Fiz isso para ajudar Kusanagi.

 Ouka fitou Haunted e levantou o escudo.

 - Você me disse antes que Magia pode salvar pessoas.

 - ........

 - Então me mostre. Prove que Magia não existe apenas para ferir.

 - .......

 - Caso contrário, eu nunca vou reconehcer.

 Ouka disse aquelas palavras como se estivesse enjoada.

 Mari abriu os olhos, ouvido a fala de Ouka e pensou

 “É... Essa mulher me irrita mesmo.”

 “No que ela estava pensando? Quem ela pensa que é? Ela aparece do nada e manda usar magia de cura? O quão convencida ela pode ser pra pedir uma coisa dessas? Não fazer nada além de machucar pessoas, ela não sabe fazer mais nada além de insultar tudo? Ela com certeza planejou toda a entrada só pra parecer a heroína. Ela pensou que ficaria mais maneira posando no topo do escombro? Que tipo de desilusão ela tem na cabeça? Não ficou legal, ficou patético. Não vou passar a gostar dela só porque ela me salvou na hora certa!”

 Graças às emoções que floresciam nela como confusão, irritação, alívio; Mari percebeu que as emoções mais negativas foram mandadas embora.

 - Mas o q- Você mal chega e quer ficar cuspindo ordens? Não consegue fazer nada por conta própria e quer eu faça o trabalho sujo?

 - ...Não fique tão cheia de si. Em primeiro lugar, fui eu quem soltou o seu colar.

 - E-eu nunca pedi pra você fazer isso. E você também disse que não tinha feito por mim, por que você tá falando nisso agora?

 - Que garota mais ingrata... Você não quer ajudar o Kusanagi?

 - Eu quero ajudar e eu vou. Mas agora eu estou muito irritada com sua atitude!

 Por qualquer motivo que fosse, as duas começavam a discutir.

 Mesmo tendo o mesmo objetivo em mente elas se repeliam como dois imãs.

 - Ohoho! Ora, mas que bela visitante. Quanto mais melhor, afinal. Um cabelo tão lindo como esse... quero decorar meu quarto com ele.

 Haunted caminhava calmamente em direção às duas.

 Mari imediatamente parou de discutir. Se agachou e colocou a mão espalmada no chão.

 - Matar ele não vai ser fácil. Pode tentar decapitar, perfurar o coração... seja o que for, ele vai sobreviver. Você precisaria de poder o suficiente pra transformar ele em cinzas.

 - Hum. E você acha que consegue?

 - Não me subestime. Se for contar só poder mágico, não tem ninguém melhor que eu, fique assistindo eu queimar ele até a alma.

 Quando Mari fechou os olhos, um enorme círculo mágico apareceu no chão.

 Sete cores fluíam, tais tons sinalizando a antiga magia de [Aurora]

 - O problema é que demora um pouco para a liberação. O seu trabalho é, até eu carregar por completo, enrolar e distrair ele pra conseguir tempo. Ou é difícil demais pra você?

 - Ter que limpar a bunda dessa sua magia preguiçosa é extremamente incômodo, mas não é grande coisa pra mim. Leve o tempo que precisar.

 Elas combinaram a nova estratégia ainda trocando espinhos. Ouka ergueu seu escudo enquanto protegia a vanguarda de Mari.

 As duas preparadas para a luta e totalmente focadas em suas respectivas tarefas.

 - Vou deixar claro que só estamos cooperando porque temos um objetivo em comum.

 - Isso mesmo. Tudo pelo Takeru que veio salvar a mim.

 - Ah sim, exatamente. Somente pelo Takeru, aquele que se machucou por culpa sua.

 - Por isso que eu, com certeza...

 - por esse motivo...

 A magia de Mari brilhou ainda mais intensamente. Ouka, com o escudo em um braço puxou os pinos de três granadas que ela havia trazido em seu cinto.

 - ... não faço isso por sua causa!

- ... Não estou fazendo isso por você!

 Foi assim que a linha de defesa com as menos compatíveis se formou.

 Assim que Ouka puxou os pinos de segurança, ela arremessou as três granadas para cima.

 Os três explosivos traçaram um grande arco e explodiram no ar.

 Elas não visavam ferir o inimigo e assim que elas estouraram, uma poeira rubra encobertou o ar.

 - <Chaff Mágico(poeira diminui-magia)>

 Haunted se calou ao ver os grãos flutuando no ar.

 Literalmente significava que a nuvem vermelha fazia com que a magia diminuísse. Vários materiais anti-magia foram usados em sua produção como ferro Damasco e Oricalco e até materiais valiosos, como Adamantium e mithrill.

 Mas o metal que dava às granadas a sua coloração avermelhada era outro.

 - [...É Ouro Rubro! Essa coisa é um material anti-magia que é um veneno para magias de organismos! Que tipo de isiota usaria um material tão raro em uma granada de interferência?]

(Nota do tradutor: “Ouro rubro é a tradução livre de 緋緋色金, lido como hihi’irokane ou hihi’irogane, é um metal da mitologia japonesa que não se enferruja, é resistente e emana calor)

Nacht entrou em pânico. Não para menos, a manufatora de tal equipamento era a <Regin(ferreira)> do pelotão dos Zeros-a-Esquerda.

 Haunted tentou expelir <Jardim de Beladona (Horto do Desespero)> pela ponta de seus dedos como um teste apenas para ver o espinho que brotava de suas mãos murchar e secar com um rangido agudo

 - Entendo. Nesse caso, que tal... Isso?!

 *swish*

 Assim que Ouka ouviu o som de ar sendo cortado, Ouka perdeu Haunted de vista.

 Ele havia desaparecido. Não, não era isso. Ouka separou as pernas e abaixou o quadril.

 *diiiiiing*

 Quase no mesmo instante, um som metálico preencheu o ar em volta e um impacto percorreu o corpo de Ouka.

 Haunted estava bem em sua frente, esticando a ponta afiada de Dáinsleif. Porém, a espada não atingira Ouka.

O escudo que carregava era semelhante aos escudos que as tropas de choque utilizavam. O escudo semitransparente azulado parou o golpe por completo.

 - [Tsc. Agora é Cristal Azul? Que palhaçada é essa? Essa coisa nunca saiu da fase de experimentos na Alchemist!]

 Nacht estava cada vez mais inquieta.

 Dentro da categoria de materiais anti-magia para uso defensivo, Cristal Azul era o mais raro dentre todos. Sua defensa contra magia era a melhor de sua série e era capaz de absorver choques como nenhum metal conseguiria.

 No entanto, esse material incomum era normalmente impossível de se adquirir.

 Ainda que alguém tivesse contato com os melhores da área, todos diriam que não existe estoque para tal.

 Um escudo e granadas Chaff eram os materiais que Ouka havia pedido para Ikaruga preparar.

 Sem fazer mais perguntas, Ikaruga prontamente disponibilizou o melhor equipamento possível.

 “Aquela suginami... Como e que ela colocou as mãos nesse equipamento? Nem com todo o dinheiro do mundo ela deveria ser capaz, mas mesmo assim...”

Ela ainda tinha mil perguntas a fazer, mas fato era que os novos apetrechos eram excelentes para a situação. Para aguentar um golpe direto de Dáinsleif, ou outra herança mágica ou Cristal Azul.

 - [Me fazendo de idiota...?! Haunted, chega de brincadeiras! Isso tudo tá me tirando do sério!]

 - Tudo bem você ter sido parada por um escudo que não é uma herança mágica. Isso não é motivo para choramingar.

 - N-não estou chorando!

 - Tenha confiança. Para mim você é a melhor herança mágica que existe.

 Ao dizer isso, Haunted liberou uma onda de ataques consecutivos contra Ouka, parada logo em frente a ele.

 - Agh!...

 Mesmo que o escudo seja um excelente absorvedor de impacto, caga golpe absorvido lembrava Ouka de uma batida de carro. Inúmeras vezes ela de desequilibrava e quase caia.

 Caso ela não estivesse equipada com o escudo, um acerto teria sido o suficiente para manda-la pelos ares. Sem a capacidade do escudo, cada golpe de Haunted provavelmente seria como um tiro de canhão. Tal força parecia ser a de Takeru em sua forma de Caçador de Bruxas.

 Ela não podia se esquivar, não enquanto Mari concentrava suas energias no procedimento mágico.

- Hmm, já estou ficando um pouquinho entediado com isso. Você tem bons reflexos mas não tem graça se tudo o que você for fazer é apenas se defender.

 Sem parar um segundo para falar, haunted reclamava enquanto continuava a atacar.

 - Bom, acho que já é hora...

 Ouka não conseguia se mexer, seus braços estavam formigando e perto de seu limite.

 - ...De ouvirmos você gritar.

 Antes que pudesse se dar conta, ela ouviu a voz de Haunted atrás de seus ombros.

 Foi um movimento muito veloz, assim como o <Soumatou> de Takeru. Nem mesmo Ouka conseguiu acompanhar.

 Ela tentou conduzir o escudo para sua retaguarda, mas Haunted já havia lançado seu ataque.

A ponta da espada estava no peito de Ouka.

 “Não dá. Não consigo desviar”

 Justo quando Ouka havia aceitado e fechado seus olhos,

 A têmpora de Haunted foi atingida por um projétil de sete cores.

 Apesar de não saber o que havia acontecido, Ouka não perderia aquela chance. Tirando a arma do coldre em sua cintura, ela cobriu Haunted de disparos.

 Era uma pistola de grande calibre. Uma evolução da icônica Desert Eagle, feita antes da guerra. Uma peça que Ikaruga provavelmente havia feito apenas por diversão mas que tinha coice suficiente para rasgar o braço do usuário despreparado.

 Haunted foi arremessado sem sequer fazer um som e caiu no chão, rolando.

 A bala de luz que acertara Haunted na cabeça estava flutuando ao redor de Ouka, vibrando em volume baixo. Não apenas um, mas agora quatro delas a circulavam, como se estivesse a protegendo.

 - Vou te falar, viu... Você só me dá trabalho.

 Mari falou como se estivesse sofrendo mas ainda continuando a concentrar forças no procedimento mágico.

 Olhando mais atentamente nos olhos de Mari, Ouka notou quatro círculos mágicos flutuando no rosto da bruxa, perto de seus olhos. Ela finalmente entendeu que aqueles projéteis de luz haviam sido feitos por Mari.

 A destemida Mari riu de Haunted com suor escorrendo seu pescoço.

 - <Fogo Fátuo(Fogo Tolo)>... Magia de invocação sob contrato. Normalmente eles são só luzes demoníacas rápidas. Mas depois que eles se ligam ao contratador... eles mudam de atributo para o mesmo de quem os invocou.

 A têmpora atingida de Haunted se afundou no crânio. Sua cabeça estava distorcida e em um ângulo indevido.

 - Minha magia dói, não acha?! – Gritou Mari.

 Porém, logo após uma demostração de confiança, seu rosto se tornou pálido e uma gota vermelha caiu de sua narina.

 Uso simultâneo de feitiços é uma técnica avançada de magia para qualquer bruxa. Não se conseguiria sucesso a menos que ela mantivesse sua concentração no mais alto nível. Uma bruxa qualquer que falhasse em manter a construção do procedimento de operação poderia morrer com o vazamento de energia mágica consequente.

 Mari arriscou executar <Fogo Fátuo(Fogo Tolo)> com seu grande feitiço.

 - ...Isso foi desnecessário...

 Ouka torceu o rosto, desconfortável e se levantou entre Mari e Haunted.

 - Por quê? Eu já disse: não estou fazendo isso por você. – Disse Mari, sarcástica.

 O inimigo de ambas de ajeitou ao relocar ruidosamente sua cabeça no lugar e gargalhou alegre. Aquele deveria ter sido um ferimento mortal, ambas pensaram como o feiticeiro era monstruoso.

 - Ah, eu não posso me controlar com vocês duas. Parece que eu ainda vou me divertir muito mais. Vocês fazem um excelente par, ihishishihsihishish.

 Receber um elogio de Haunted ativou o tique nas duas. Seus rostos estavam convulsionando.

 - Cale a boca! Que nojo! – gritaram ambas.

 Os ataques de Haunted e a defesa de Ouka recomeçaram.

 Mesmo que não admitisse, Mari ajudava Ouka com <Fogo Fátuo(Fogo Tolo)>,

Permitindo que ela conseguisse algumas brechas para manter o equilíbrio.

 - Nghh!...

 A magia que Mari colocava na construção do enorme procedimento de operação e o tempo que sua ativação levaria era proporcional ao seu poder, mas...

 Sera que ela conseguiria atingir Hunted?

 Esse era a única insegurança de Mari. Seu feitiço de velocidade melhorada fez com que ele conseguisse desviar até mesmo do <Projétil Aurora(Foice da Aurora)> com sua rapidez quase instantânea.

 Será que ela conseguiria acertar uma magia tão grande em um alvo tão veloz?

 No caso do <Fogo Fátuo(Fogo Tolo)>, ela não controlava manualmente a trajetória. Os organismos mágicos respondiam à sua vontade.

 E mesmo assim, eles acompanhariam por pouco o ritmo de Haunted.

 O acerto daquela enorme magia dependia exclusivamente do tempo certo e da mira de Mari.

 Se ela errasse, estaria tudo acabado.

 Se sentindo levemente abalada, sua concentração vacilou.

 - “...Mari, consegue me ouvir?”

 Foi quando uma voz apareceu em sua cabeça. Era comunicação por ressonância de magia.

 Ela olhou para o outro lado da arena.

 E viu Takeru tentando se reerguer com o corpo coberto de sangue.

 - “Takeru...?”

 - “É, eu pedi para lápis um jeito de falar contigo.”

 - “Você não deveria estar se mexendo! Você precisa se manter vivo! Por você eu-“

 - “Não temos tempo. Eu só quero que você me escute um minuto.”

 Depois de cortar o apelo de Mari, Takeru colocou seu pedido.

 - “Ouça, quando você ver a figura do Haunted cobrir a minha, atire a magia na minha direção.”

 - “O q-  O que você tá falando?!”

 - “Coloque toda a magia que você tem, mire em mim e atire com tudo o que tiver.”

 - “Eu não entendi! O que você quer fazer com-“

 - Confie. Eu vou, com certeza, aceitar tudo o que você tiver para mim.

 Ouvir ele falar aquelas palavras ambíguas com toda a seriedade fez o rosto de Mari se avermelhar.

(nota de tradutor: 想い”omoi” pode significar sentimentos, pensamentos, vontades, expectativas, etc. Takeru quis dizer que corresponder às expectativas dela. A ambiguidade aqui se deve por Mari interpretar como se Takeru fosse corresponder os sentimentos dela)

 Ela corou ao se ater ao outro significado do que ele disse.

 Mari estava convencida que Takeru lutaria de um jeito ou outro e que ele não desistiria de vencer.

 - ...Eu entendi. Não faço ideia do que você pretende, mas se você acabar morrendo... Eu mato você!

 O pequeno sorriso esboçado no rosto de Takeru não condizia com a exigência que ele acabara de receber. Depois disso, a ligação foi encerrada.

 Assim como lhe foi pedido, Mari decidiu colocar toda a magia que tinha.

 Em sua frente, a linha defensiva de Ouka e os <Fogo Fátuo(Fogo Tolo)> continuava de pé.

 No entanto, o número de seres invocados se reduzira para dois.

 Eles provavelmente haviam sido eliminados por Dáinsleif.

 Invocações não morrem, mas aquele não era o momento para invoca-los novamente.

 O escudo de Ouka não era inquebrável e além de marcas e buracos, já apareciam rachaduras que aumentavam de tamanho a cada golpe recebido.

 - Só mais um pouco...!

 A impaciente Mari construía passo a passo os sistemas necessários para o procedimento operativo.

 “Outro passo já foi. Só mais um pouco...”

 “Dez segundos para a ativação”

 *kshiiiiinng*

 O escudo havia se quebrado.

 - !!! x2

 Mari e Ouka se aterrorizaram. Haunted havia executado uma estocada com um enorme sorriso no rosto.

 “por favor, dê tempo! Dê tempo!” – Ambas gritavam em suas cabeças.

 “Não quero morrer depois de chegar até aqui! Isso não pode acabar aqui!”

 “não importa como, não importa por quê! Eu não posso deixar isso terminar assim!”

 Ouka e Mari imploravam por um milagre.

 Os céus, aparentemente, escutaram.

 - Gah!!

 Infelizmente a magia não estava pronta.

 Mas uma bomba explodiu no estômago de Haunted.

 O bombardeio, não, o disparo foi poderoso o suficiente para trincar a armadura criada pelo feiticeiro.

 - Saionji, é você?!

 Ela chamou o nome no comunicador.

 Então ela ouviu Usagi respirar fundo.

 - Um dos meus olhos estava em más condições. Estava com medo e não atirei até agora... desculpem o atraso.

 - Não, estamos salvas graças a você! Te devemos uma! – Agradeceu Ouka.

 Mesmo depois de um disparo de rifle, Haunted se reequilibrou depois de sustentar o impacto.

 - Nada mal!  Estou amando tudo isso! Podem ter certeza que vou matar cada uma e ter todas vocês para mim – declarou Haunted com seu sorriso distorcido.

 Porém,

 - Uma pena, mas isso não vai rolar! Você subestimou demais esse pelotão. Isso acaba aqui!

 Ao ouvir a voz fria que desafiava o feiticeiro, Ouka pulou do lugar que defendia, abrindo o caminho.

 [ - Com a benção da Deusa do Amanhecer, aquela que incorpora a vontade divina, o fim da sabedoria e pensamento carrega consigo a temerosa perdição. Que a luz suprema abra os portões celestes e reduza aquele que através dele pisar a éter!]

 A encantação recitada era o gatilho que acionava a magia carregada.

 Carregando todas as emoções que ela não pôde suprimir, Mari caminhou até Haunted com suas mãos juntas pela palma na altura do peito.

 Em direção a seu odiável inimigo, para o responsável de todo o amargo de seu passado.

 O pináculo da magia destrutiva, a mais forte magia que ela conhecia.

 - Isso é tudo o que eu tenho! Tome... Issoooooo!!!!!!!!

 Ela lançou tudo em um instante.

 O chão se despedaçou, o ar gritou e a onda de magia estremeceu o campo.

 Subitamente, em frente de Mari, um portão reluzente se materializou.

 Esse portão havia sido aberto com as palavras de Mari e como um canhão de partículas, um raio constante de aurora com sete cores foi disparado.

 [Portão Aurora {Destino Refulgente}], magia antiga que fora usada na Guerra destruindo navios de guerra, porta-aviões. Carregando a mesma potência de várias bombas com um único golpe.

 A luz formava um raio constante em linha reta, como um laser.

 - Ahahahaha! Pode ser bonito, mas de nada vai adiantar se não me acertar.

 Haunted desviou do canhão de luz e zombou de Mari.

 - Que pena, Mari-san. Mais um pouquinho e teria me acertado. Se aquilo me arranhasse, metade do meu corpo seria vaporizado. É uma magia maravilhosa! Vamos treina-la de volta no QG da <Valhalla>!

 Ignorando o deboche de Haunted, Mari continuou a colocar toda a sua energia no feixe enorme até a exaustão.

 Depois de toda a magia ter deixado seu corpo, ela caiu no chão.

 Após ter colocado tudo para fora, ela não tinha forças para sequer ficar em pé.

 - Ai ai ai, Mari-san. Esgotar suas energias durante a batalha é suicídio.

 - Haaaaaaa.... Haaaaa...

 - Bem, vamos voltar para A Fronteira e estudar mais! Não se preocupe. Não faço nada de obsceno com minhas alunas! Tortura platônica é o meu lema! Hihihihihihihihihihihi.

 Haunted ria a poucos passos de Mari.

 Logo quando ele estava prestes a tocar seu rosto,

 

Uma voz soou atrás

 

 - Eu.... Recebi tudo o que você tinha!

 

  Pela primeira vez, Haunted sentiu um calafrio percorrer sua espinha.

 Ao girar seu tronco e olhar para trás, ele viu Takeru com ferimentos em toda a sua silhueta e erguendo uma espada.

O garoto recuou o lado direito de seu corpo, preparando-se para uma estocada.

 Mudando para uma expressão desapontada, Haunted suspirou.

 - Saber quando desistir é uma prática saudável, sabia? Para falar a verdade, já me cansei de você. Brincar com garotos não é a minha praia.

 Haunted, espelhando o ato de Takeru, se posicionou para uma estocada e retraiu o lado destro de seu corpo.

 - Nacht... Magia intrínseca.

 Um círculo mágico completamente negro surgiu sob os pés de Haunted após sua instrução.

 - Sorria, Caçador de Bruxas. Perecer com esse golpe... Além de você, só outra pessoa teve essa honra.

 [ - Tardia é a hora para oferecer suas apologias(implorar)... Pois agora hei de desebainar (invocar) a espada Dáinsleif]

 Uma voz inocente mas perturbadora recitou palavras de despedida em língua antiga.

 - Estilo Gume-Duplo da escola Kusanagi...

 Do outro lado do campo, Takeru aprofundou sua postura.

 Sistematicamente, ele contraiu todo o seu corpo como uma mola. Tendão de Aquiles, panturrilha, coxas, glúteos, lombar, abdome, peito, ombros, bíceps, nuca. E colocou força em cada fibra de músculo em seu corpo. Torcendo tendões, ossos e músculos para liberar instantaneamente. Ele rotacionou sua mão em volta da espada como um parafuso.

 Ossos em seu corpo trincavam, tendões beirando o rompimento, músculos se rompendo.

 E, simultaneamente, técnica e magia foram disparadas

 - [Lança de Ruína do Unicórnio{滅槍一角獣(Messou ikkakujuu)}]

 - [Encantamento Insandecido (Massacre de Hjaðningavíg)]

 Ambos executaram seus golpes.

 Takeru ativou Soumatou no mesmo momento que soltava todo o impulso acumulado e deixava o mundo para trás.

Acelerar, mais velocidade, mais..

 Seu corpo todo mais e mais rápido, o universo se tornava um borrão.

 Em máxima velocidade a lâmina de Takeru atingiu a Rapiera de Haunted, ponta na ponta.

 Naturalmente, estocadas não se encontram frente a frente.

 No entanto, como se algo desejasse que as pontas de ambas as lâminas se encontrassem, as duas se chocaram.

 E nesse mesmo instante, a magia de Dáinsleif foi ativada.

 A partir da lâmina, miasma negro e vermelho emanou.

 Essa era a Magia intrínseca de Dáinsleif, [Encantamento Insandecido (Massacre de Hjaðningavíg)].

 Um encantamento poderoso que não trazia apenas destruição. A magia poluía o espírito do próprio usuário e fortalecia o corpo inteiro. Ao invocar tal magia, o corpo do feiticeiro estava sendo consumido junto com energia vital e magia para concentrar tudo em um único golpe. A mente do usuário se torna igual a de uma besta, perdendo todo o senso de razão e procurando apenas sangue fresco.

  ██████████████████████████”

 Haunted se tornara uma criatura que desejava apenas apunhalar a primeira coisa que passasse por seu caminho. Takeru, dentro de um mundo com velocidade diferente, se esforçou para empurrar aquele golpe de volta.

 - [Incrível. Você está tentando revidar uma magia intrínseca com habilidade física. Não acho que exista mais nenhum outro espadachim como você nessa era. Talvez nem em eras passadas.]

 Uma grande onda de choque e de instabilidade mágica percorreu o ar e Takeru voltou a ouvir a voz de Nacht em sua cabeça.

 - Mas no final é inútil. Usando esse pedaço de lata você nunca vai vencer.

 Takeru protestou contra a provocação de Nacht.

 Ele pôs seus caninos à mostra... E riu sem medo.

 

 [ - Encantamento do crepúsculo. Revertendo a magia, liberação de material flexível.]

 

 Sobrepondo Nacht, a voz de Lapis chegou a ele.

 Magia com as cores da aurora rugiam da lâmina de Lapis. Gentil como luz do amanhecer refletida na água, intensa como o fim de uma estrela, bela como uma ilusão projetada no céu do norte. As partículas da magia tocavam a lâmina de Dáinsleif.

 Era o mesmo poder que Mari havia liberado e se orgulhava tanto: [Portão Aurora {Destino Refulgente}].

 [ - Essa é... A magia de Mari?!]

 [ - Minha magia intrínseca é diferente desse seu encantamento bárbaro. Eu absorvo magia, e como seu mestre não usou magia em forma de ataque, me foi permitido emprestar magia de uma das amigas de meu hospedeiro.]

 [ - ...Não pode ser! A magia é tão destrutiva que precisou ser lançada pelas duas mãos! Não tem como qualquer herança mágica absorver uma coisa dessas!]

 [ - Por favor, não me coloque junto a você, herança mágica qualquer. Eu posso liberar a magia em sua integridade sem precisar converter para minha energia, dessa forma, sou capaz de receber ainda mais poder mágico.

 [ - Grrrrrr.......!! Desgraçada!!]

 A força de Takeru começava a superar Haunted.

 [ - Me parece um bom momento para responder à sua provocação: Um pervertido homicida e sua agulha cega nunca conseguiriam nos vencer.]

 Casualmente, como se olhasse com desprezo, Lapis respondeu.

 Confiante, orgulhosa,

 Assim foi dada as últimas palavras aos perdedores.

 

 [ - Está claro como o dia, pois eu e meu hospedeiro... Somos imbatíveis.]

 

 Concordando com aquela declaração, Takeru rugiu.

 - Zeeeeaaaaaahhhhhhhhhhhh!!!

 Não havia ninguém que pudesse àquele ataque.

 Nem que houvessem dois ou três Nacht, todas seriam superadas por aquela técnica.

 O golpe colocava tudo para vingar as pessoas que se tornaram vítimas e perfurou o peito do inimigo.


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