TG35SS - Volume 2: A Luta da Bruxa - Uma Batalha Pela Esperança: Epílogo [Parte 1]

 

                                                              Parte 1

 

 Uma semana depois.

 Takeru encarou o infinito através da janela ao lado de sua maca. Era uma tarde ensolarada.

 Depois de Mari ter sido levada pela Inquisição, Takeru foi levado às pressas para a ala dos <Seelies(Curandeiros)>. Lá ele recebeu tratamento intensivo, acompanhado por Hayato e todos os membros do Pelotão dos Zeros-a-Esquerda.

 O <Seelie> em comando disse que quando Takeru estava sendo carregado, ele não resistiria à perda de sangue, mas assim que ele fora internado, os ferimentos já haviam se fechado.

 Takeru pensou que fosse efeito de recuperação de Lapis, mas parece que era por outro motivo.

 Depois de Takeru desabar no chão, Mari cuidou de seus ferimentos ao usar sua magia.

 Foi lhe contado que Ouka impediu os inquisidores de prender Mari antes que ela acabasse com seu tratamento e assim que ela passou suas palavras de despedida, eles já estava com armas apontadas para ela.

 Mari então foi aprisionada na camada mais profunda da área restrita.

 Ele não soube de mais nada depois disso.

 - Hospedeiro.

 Ele desviou o seu olhar da janela. Lapis sentava em um banquinho redondo ao lado de sua maca e escascava uma maçã.

 - Maçã.

 Lapis então levou um garfo para sua boca, incentivando-o a abri-la com um “nm”.

 - Lapis... Isso é uma maçã?

 - Não é?

 - Não tem nada a não ser o miolo da fruta, não?

 - Mas é uma maçã.

 Takeru a olhou nos olhos. Mas como Lapis segurava o garfo com o resto da maçã, ele não teve escolha a não ser abria a boca e come-la.

 - Está gostoso?

 - ...aham.

 - ...? De verdade?

 - Ei, por que esse olhar de “ahn? Sério?” na sua cara? Você sabia disso?, você sabia, né?

 - Então estava gostoso. Que bom.

 Lapis concluiu por conta própria e começou a descascar outra maçã.

 Mesmo que ele soubesse que só o miolo da fruta restaria para ele, Takeru continuou a mastigar o meio da maçã sem focar o olhar para nada em particular.

 De alguma forma ele sentia um buraco em seu peito.

 Ele realmente salvou Mari?

 Mesmo que eu tivesse prometido sustentar metade de seus pecados, ele não poderia fazer nada naquele estado.

 No fim, Mari estava na prisão mais profunda. As evidências reunidas por Ouka amenizaram e reduziram a pena de Mari, mas nem todas foram revogadas.

 Ou seja, Mari ainda não estava livre.

 Ele suspirou, sentindo-se tão derrotado quanto melancólico. Nesse momento, alguém bateu na porta do quarto de Takeru.

 - Kusanagi, vou entrar.

 - Espera, você já entrou.

 Ouka ignorou a observação e fechou a porta rapidamente com um grande *blam* *bang*

 “O que houve? Tem algum assunto urgente?”

 Parecia ser o caso, ainda mais quando Ouka varreu timidamente o quarto com seu olhar.

 - Saionji e Suginami ainda não vieram?

 - Elas se atrasaram um pouco, então pedi pra comprarem anpan e leite no caminho.

 - ...Entendo. Que inveja.

 Traindo suas palavras, ela não parecia nem um pouco incomodada. ela estava mais... desconfortável.

 Ela se aproximou da cama de Takeru e sentou em um dos bancos.

 - Bem, tem algo que eu preciso relatar para você. – disse ela, sem jeito.

 Takeru se inclinou e perguntou:

 - ...Sobre a Mari, tem alguma notícia?

 Ouka fechou os olhos  cruzou os braços, seu rosto se contorcendo ainda mais.

 - Na verdade, é sobre isso que eu queria falar.

 Ao ver como ela estava, Takeru sentiu a ansiedade crescer.

 “Ela não vai ficar em hibernação por décadas ou coisa assim, certo?”

 Ouka, com olhos semicerrados murmurou amargamente:

 - ...Infelizmente...

 

 - Que infelizmente o quê?! – gritou uma voz familiar.

 A porta do quarto de hospital se abriu subitamente e o rosto de Mari apareceu.

 - .........

 Takeru não estava entendendo a situação e ficou sem palavras.

 Ouka olhou para Mari e estalou a língua.

 - Tsk... Infelizmente é o resultado para mim.

 - Fui muito tonta em pensar “ah, talvez ela tenha um ponto bom nela”. Porque você tá tão irritante quanto sempre!

 - E você acha que isso é por causa de quem?

 - Ei, e por que você fechou a porta depois de entrar?! Olha essa galo na minha testa!

 - Culpe a si mesma. Eu tentei alegrar o Kusanagi com uma surpresa, mas você não sabe ler as entrelinhas.

 - E a sua surpresa pra mim é uma porta na minha cara?!

 - Não foi por você. Eu fiz pelo Kusanagi. Não podia me importar menos com você.

 - Ah sua...!

 Mari estava vermelha e tentou agarrar Ouka.

 Vendo as duas começando a brigar, Takeru estava com uma pulga atrás da orelha.

 - Mari... Você... Como...?

 Mari olhou para Takeru, olhou para os cantos e disse embaraçada:

 - ...Essa coisa aqui foi reclamar com o diretor e de alguma forma me tirou de lá.

 - Te tirou... Então se você está aqui... Significa que você foi liberada?

 Ao ouvir Takeru dizer aquilo, Ouka fungou.

 Ela está em condicional. Contanto que ela ajude a Inquisição e contibua com os experimentos de materiais anti-magia, ensine magia de cura para os <Seelies> e se comporte, ela poderá viver como quiser.

 - Experimentos... Vai ficar tudo bem?

 - Contanto que ela concorde com isso, o time de P&D vai deixar ela zanzar por aí sem um Gleipnir. Aqueles babacas oportunistas.

 Assim que Ouka complementou, Mari olhou para Takeru com um sorriso resplandecente.

 - Tá tudo bem. O pessoal do <Dullahans> estão sempre me acompanhando durante os experimentos, então eles não vão fazer nada de estranho. Não é muito legal ser um ratinho de laboratório, mas eu não acho que tenho muita escolha. Além do mais, fora isso eu estou livre. Não tem por que não fazer isso, não é?

 Mari acalmou Takeru.

 - E também...

 Ela juntou as mãos por trás das costas e disse:

 - ...Eu queria te ver de novo.


 Ela pretendia dizer aquilo em um tom casual, mas seu rosto se avermelhou. OUka, estando ao lado dela, a encarou e disse:

 - ...Ela também tem permissão para participar das aulas. O sistema de admissão de bruxas será formalmente adotado em breve. Mas no fima, parece que elas não terão permissão para participar em atividades do pelotão por questões de segurança.

 - Eu posso não poder participar, mas não pense que eu vou ficar sem fazer nada.

 - Ninguém pediu para você vir.

 - E ninguém te chamou pra conversa!

 - Você não é nossa companheira então não venha.

 - C-como é que é?!

 Takeru observou as duas discutindo e sem inesperadamente olhou para o lençol sob seu corpo.

 Um sorriso alegre apareceu em sua face no mesmo instante que algo quente fluía de seus olhos.

 - Isso é ótimo... De verdade... Ainda bem...

 Era como se aquilo tivesse preenchido o abismo que tinha em seu peito. Takeru enxugou seus olhos com o canto dos dedos.

 - ...Você... Você deveria sair agora mesmo! Viu? Você fez ele chorar.

 - Ele está chorando porque você jogou uma porta na minha cabeça!

 - Por que ele choraria em ver você se machucar?

 - Isso porque.. Olha, eu sou muito mais próxima dele do que você.

 - O q-qu... Nós dois lutamos juntos, não tem como uma bruxa seca como você ser mais próxima que eu.

 - Ah, olha aí outro discurso discriminatório seu~ Ei! Quem é a bruxa seca aqui?!

 - Você é. Assim como os seus seios.

 - Não são secos, são só pequenos!

 - Realmente. Minúsculos.

 - Não são minúsculos!

 Takeru sorriu com lágrimas no rosto ao ver aqueles individuais barulhentos brigando no quarto de um hospital seelie.

 Ele percebeu que aquele era o Pelotão dos Zeros-à-Esquerda de sempre.

 Mas dessa vez, Takeru estava feliz em ver que estava tudo normal como sempre com seus companheiros.

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